Em depoimento aos investigadores da Lava Jato, o marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, revelam detalhes do suposto caixa 2 na campanha eleitoral da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) à prefeitura de Curitiba, no ano de 2008. Na delação gravada em vídeo, Mônica Moura conta que acertou direto com Paulo Bernardo, ex-ministro das gestões petistas e marido de Gleisi, um pagamento total de R$ 6 milhões pelos serviços do marqueteiro na campanha da então candidata.
Assista ao vídeo da delação em que Mônica Moura cita a senadora Gleisi Hoffmann.
A maior parte do dinheiro, quase R$ 5 milhões, teria sido paga para Mônica Moura em espécie, via caixa 2 da campanha petista. A pedido de Paulo Bernardo, segundo Mônica Moura, apenas R$ 1.375.000 foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Considerando que as receitas da campanha de Gleisi em 2008 somaram cerca de R$ 6,5 milhões, o montante que teria sido movimentado via caixa 2 (R$ 4.625.000) corresponderia ao mesmo que 71% dos recursos à disposição da petista conforme declaração à Justiça Eleitoral.
Mônica Moura relata ainda que recebia o dinheiro de “várias pessoas”. Ela menciona o próprio Paulo Bernardo, além de uma assessora de confiança de Gleisi, cujo nome ela alega não se lembrar, e o advogado Guilherme Gonçalves, responsável pela área jurídica da campanha. Além disso, Mônica Moura sustenta que houve “muitos atrasos” nos pagamentos e que reclamava diretamente à Gleisi, já que Paulo Bernardo, então ministro de Lula, não participava do “dia a dia da campanha”. Ao final da campanha, uma dívida de quase R$ 1,5 milhão teria sido assumida por Antonio Palocci, a pedido de Paulo Bernardo.
Outro lado
Quando questionada sobre o assunto, Gleisi respondeu, por meio de uma nota, que “nunca conversei sobre recursos, pagamentos ou contas de campanha com Mônica Moura e João Santana”. “O que posso afirmar é que eles faltaram com a verdade em seus depoimentos”, escreveu a senadora. A Gazeta do Povo deixou recado com a advogada de Paulo Bernardo, Verônica Abdalla Sterman, mas não houve retorno. A reportagem não conseguiu contato com o advogado Guilherme Gonçalves e com a defesa de Palocci.
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