A defesa do ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho tenta reverter a decisão do juiz Naor R. de Macedo Neto, que negou um pedido de liminar para transferir o júri popular de Curitiba para outra comarca do estado. O julgamento está marcado para os dias 27 e 28 de fevereiro, na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba. Carli Filho é réu por duplo homicídio, ocorrido em maio de 2009, quando ele se envolveu em um acidente de trânsito, matando dois jovens. O ex-deputado dirigia em alta velocidade e havia consumido álcool antes de assumir a direção do veículo.
A tentativa de transferir o júri de Curitiba – pedido de desaforamento de julgamento – foi ajuizado pela defesa de Carli Filho no dia 25 de janeiro, com pedido de liminar. O argumento dos advogados é de que haveria uma “comoção” na sociedade curitibana e uma “campanha publicitária/política” contra o réu. No dia 30 de janeiro, no entanto, o relator do processo, juiz Naor R. Macedo Neto indeferiu a liminar, por entender que não há elementos que apontem “mácula na isenção dos jurados” e que os argumentos da defesa “não passam de conjecturas”.
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Contra o indeferimento, o advogado Roberto Brezinski Neto – que integra a defesa de Carli Filho – interpôs na última quinta-feira (1º) um agravo de instrumento. Na sexta-feira (3), o desembargador Telmo Cherem, do Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba, proferiu em despacho que o agravo será julgado na sessão do próximo dia 8 de fevereiro pela Câmara – ou seja, por um colegiado de magistrados.
Nesta semana, o juiz titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Daniel Surdi de Avelar, se manifestou no processo, defendendo a permanência do julgamento em Curitiba. O magistrado apontou que não existem motivos previstos para o desaforamento do júri e destacou que a tese de “comoção” aventada pela defesa não se justificaria. Surdi de Avelar desta que Carli Filho era deputado estadual – portanto, pessoa pública – e que “a ampla cobertura dada pela mídia foi uma mera consequência de sua função e publicidade (feita em caráter jornalístico e informativo)”.
O magistrado destacou, ainda, questões estruturais que favoreceriam a realização do julgamento em Curitiba e apontou que próprio réu contribuiu com a divulgação do caso, ao publicar um vídeo comentando o acidente e seus desdobramentos.
Entenda o caso
A colisão que matou Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida ocorreu na madrugada de 7 de maio de 2009. Carli Filho ficou ferido no desastre e chegou a ser hospitalizado. Um exame feito a partir de material colhido no hospital em que ele foi atendido apontou que o então deputado estava embriagado – tinha 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue: quatro vezes mais que o permitido. O resultado, no entanto, foi desconsiderado como prova pela Justiça porque Carli Filho estava desacordado no instante em que o exame foi feito.
Além disso, laudos do Instituto de Criminalística comprovaram que, no instante da colisão, o Passat dirigido por Carli Filho estava a uma velocidade entre 161 km/h e 173 km/h. O ex-deputado também estava com a carteira de habilitação vencida e sequer poderia estar dirigindo.
A defesa do réu tem apostado na tese de que a culpa pela colisão é dos jovens mortos. Segundo os advogados de Carli, o Honda Fit não respeitou a preferencial – que era a via por onde o carro do ex-deputado trafegava. No instante da colisão, o semáforo estava desligado.
Em fevereiro de 2014, a 1.ª Câmara Criminal do TJ-PR entendeu que havia indícios de que Carli Filho assumiu o risco de matar ao dirigir em alta velocidade e depois de ingerir bebida alcoólica.
Em maio de 2016, em mais um capítulo polêmico dessa história, Carli Filho divulgou um vídeo pedindo perdão às mães dos jovens mortos. Em resposta, Chistiane Yared reagiu imediatamente, dizendo que o ex-deputado estava “sete anos atrasado para o enterro” do filho dela e que não percebeu sinceridade no pedido de perdão.
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