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O empresário de 72 anos, Celso Frare, um dos investigados por fraude na Operação Rádio Patrulha. | Guilherme Puppo/Guilherme Puppo
O empresário de 72 anos, Celso Frare, um dos investigados por fraude na Operação Rádio Patrulha.| Foto: Guilherme Puppo/Guilherme Puppo

Em depoimento ao Ministério Público do Paraná, o empresário Celso Frare, dono da Ouro Verde e preso na operação Rádio Patrulha, na terça-feira (11), confirmou que deu dinheiro para a campanha de Beto Richa (PSDB) , em 2014, e disse ter um “compromisso moral” com o ex-governador, candidato ao Senado. Frare foi solto na noite de sexta-feira, quando o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolheu pedido da defesa do ex-governador.

O empresário é acusado pelo Ministério Público do Paraná de fazer parte um esquema de fraude do programa “Patrulha no Campo”, cujo edital, lançado em 2011, previa o fornecimento de maquinário para um programa de manutenção em estradas rurais no interior do estado. O montante envolvido no esquema, segundo a investigação, era de R$ 72,2 milhões, em valores não atualizados. A proposta consistia em superfaturar os contratos e repassar 8% do faturamento bruto como propina a agentes públicos como contrapartida.

No depoimento aos promotores, Frare afirmou ter falado “toda a verdade” e assumiu que fez pagamentos irregulares no valor total de R$ 700 mil, destinados ao grupo político de Beto Richa, há mais de cinco anos, por intermédio do empresário e ex-deputado Tony Garcia.

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“Eu tinha um compromisso moral de ajudar dando dinheiro para a campanha dele. Esse compromisso moral surgiu quando eu comecei a trabalhar com as Patrulhas. Ou seja, comecei a trabalhar com as Patrulhas e o Tony foi me pedir esse dinheiro. Eu dei a primeira vez, dei a segunda e dei a terceira vez o dinheiro lá em casa para ele.”

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Depois de um tempo, começou a ficar preocupado que os recursos não estivessem chegando ao destinatário. Cobrado por mais dinheiro, chegou a pedir que o irmão de Richa fosse junto para ter certeza de que não estava sendo passado para trás. “Vou te arrumar 70 mil, mas traga o Pepe junto, porque eu comecei a achar que o dinheiro não ia. Ele levou o Pepe na minha casa, ele sentou do lado e eu dei a porra do dinheiro para ele”.

Pesadelo

Frare contou que, 20 dias depois da assinatura do contrato, o empresário Tony Garcia entrou em contato com ele para organizar uma reunião com Pepe Richa, irmão de Beto ex-secretário de Infraestrutura, e Osni Pacheco, fundador do Cotrans, já falecido. “Ai começou o pesadelo que acabou nesse troço aí”.

Osni me ligou dizendo: “Celso, esse Tony é difícil de aguentar. Ele vai trazer o Pepe para exigir uma comissão para ajudar a campanha do Beto, de 10%. Você se prepare”. Com o Tony e o Pepe lá tudo foi negociado. “Fomos discutindo, começamos falando em 10%. Aí eu disse que só tinha compromisso moral de dar uma ajuda que eu achasse que fosse significativa minha. Aí o Pepe concordou – o Pepe concorda com tudo pelo jeito. Falamos em oito, tirando o imposto”.

“Acho que uns três meses depois o Tony me ligou. Quem ligou na verdade foi o Sérgio Maia. ‘Precisa trazer uma colaboração para nós. Eu disse que tudo bem e pedi uns 10 dias para me virar. Levei R$ 200 mil reais em pacote. Estava o Sérgio Maia e o Tony. Destinado para ajudar a campanha do Beto Richa e sairia no recibo do PSDB, nunca me entregaram esse recibo. Nos primeiros quatro meses foi esse pagamento.”

Restituição

Os advogados do empresário Celso Frare apresentaram judicialmente também nesta sexta-feira (14) um pedido para que seja aberta uma conta bancária para depositar um cheque de R$ 917 mil, que seria o valor a ser devolvido aos cofres públicos por irregularidades por ele praticadas no programa Patrulha do Campo.

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