O protesto com direito a “chuva de ovos” nos noivos e convidados realizado durante o casamento da deputada estadual do Paraná Maria Victoria (PP) repercutiu na imprensa internacional. A parlamentar é filha do ministro da Saúde do governo Michel Temer, Ricardo Barros (PP), e da vice-governadora do estado, Cida Borghetti (PP). A manifestação ocorreu na última sexta-feira (14), na região do Largo da Ordem, no Centro de Curitiba, com enfrentamento entre manifestantes e a Polícia Militar (PM).
Os britânicos BBC e The Independent destacaram que o incidente ocorre em meio a uma radicalização na política no Brasil, acentuada após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), concretizado em agosto de 2016. Ambos destacaram as declarações de Maria Victória, que atribuiu o protesto a “setores da esquerda e sindicatos”. Ela também citou como motivação a pré-candidatura de sua mãe ao Palácio Iguaçu em 2018. Os veículos de imprensa deram destaque ao fato de ela ter tido que deixar a igreja sob proteção de seguranças e policiais, em um carro blindado. Esta última informação foi negada pela assessoria da candidata e a Gazeta do Povo constatou que ela saiu do local em uma van alugada.
BBC e The Independent também informaram que a principal acusação contra os políticos da família Barros foi a de “golpistas”, por causa do apoio dado a Michel Temer (PMDB), que assumiu o poder após a queda de Dilma. Outro jornal a registrar o ocorrido foi o India Times .
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De acordo com a BBC, a ira dos manifestantes de esquerda também aumentou após a recente condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz Sergio Moro, no processo que apura o pagamento de propina pela empreiteira OAS ao político, por meio da compra e reforma de um tríplex no litoral de São Paulo.
A cerimônia da união de Maria Victória com o advogado Diego da Silva Campos ocorreu na Igreja do Rosário e a festa no Palácio Garibaldi. A necessidade de noivos e convidados de caminhar os cerca de 100 metros que separam os dois locais deu a oportunidade para que ocorresse o protesto. Ao todo, foram cerca de quatro horas de mobilização contrária às reformas trabalhista e da Previdência, feitas pelo governo Michel Temer, e também de críticas ao governador Beto Richa (PSDB).
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