Apesar da relação amistosa após a eleição, Cida Borghetti (PP) e Ratinho Junior (PSD) tiveram o primeiro grande estranhamento. Na última terça-feira (23), a Secretaria do Desenvolvimento Urbano (Sedu) cancelou 139 convênios financeiros com 90 municípios do estado (confira) . A pasta justifica que as prefeituras não cumpriram as formalidades legais dentro do prazo - veja o que diz o governo. Aliados de Ratinho, porém, classificam a medida como retaliação e dizem que foi baseada em critérios políticos.
Governadora desde 6 de abril, Cida usou o municipalismo como uma das principais armas eleitorais. De um lado, para se fazer conhecida em eventos de anúncio de liberação de recursos e, de outro, para tentar conquistar o apoio do maior número possível de prefeitos e vereadores. Durante a campanha, sempre ressaltou que já havia liberado em torno de R$ 5 bilhões para melhorias nas 399 cidades paranaenses.
Boa parte desse dinheiro chegou aos municípios por meio da liberação voluntária de recursos, para além das transferências que o governo do estado é obrigado por lei a repassar às prefeituras. A verba se destinava basicamente à compra de bens e equipamentos e a obras de infraestrutura urbana.
De acordo com o governo, desde o final do ano passado, a Sedu firmou 2.218 convênios, com a determinação de que o Plano de Trabalho Definitivo fosse apresentado em até 120 dias da assinatura do contrato, para liberação do dinheiro. O documento, exigido pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), detalha metas, etapas de execução do projeto, plano de aplicação dos recursos, cronograma de desembolso, previsão de início e fim da execução e comprovação de que os recursos de contrapartida municipal estão assegurados. Num segundo momento, o prazo foi estendido por mais 60 dias. Passado esse período, 139 convênios acabaram cancelados por não terem cumprido os atos formais, afirma o Executivo estadual.
A suspensão irritou os aliados do governador eleito. Na terça-feira, mesmo dia dos cancelamentos, o líder do PSD na Assembleia Legislativa, Marcio Nunes, apresentou um pedido de esclarecimentos sobre o assunto à governadora e ao secretário do Desenvolvimento Urbano, Silvio Barros. O parlamentar quer ter acesso à movimentação das subcontas bancárias nas quais estavam depositados os recursos dos convênios suspensos, para saber o destino desse dinheiro.
SAIBA MAIS: Entidades policiais manifestam surpresa com indicação de general para a Segurança
“Alertamos que o coronelismo tinha voltado ao Paraná, a prática do toma lá, dá cá. Será que houve troca de apoio eleitoral para financiar obras? Ou será que eles conseguiram arrombar o caixa do estado em tão pouco tempo?”, atacou o parlamentar. “Não satisfeitos com a vergonha que passaram nas urnas, será que ainda querem nos retaliar? Estamos orientando os prefeitos que entrem na Justiça para ter acesso a esses recursos.”
Nunes citou o caso de Campo Mourão, no Noroeste do estado, que perdeu cerca de R$ 20 milhões em três convênios cancelados. Segundo ele, a prefeitura do município, que é seu principal reduto eleitoral, gastou R$ 300 mil apenas na elaboração dos projetos.
LEIA MAIS: Proposta obriga governo a dar R$ 8,4 milhões para emendas a cada deputado em 2019
Outro lado
Em nota, o governo Cida Borghetti afirmou que, desde o final do ano passado, 97% dos municípios paranaenses receberam recursos para obras ou aquisição de equipamentos. Destacou ainda que, dos 2.218 convênios firmados pela Sedu, somente 6,3% precisaram ser cancelados.
Segundo o texto, a Procuradoria Jurídica do Paranacidade – órgão vinculado à Sedu – informou que “as rescisões decorreram exclusivamente em razão da inobservância da legislação estadual (Decreto nº 8332/2017 e Decreto nº 9245/2018) e do inadimplemento dos municípios das obrigações assumidas em convênio”. “A procuradoria ressalta ainda que o cancelamento do convênio não impede que o município pleiteie junto ao governo do estado novos recursos através de novos convênios, de acordo com suas prioridades”, conclui a nota.
Além disso, deputados da base da atual governadora Cida argumentam que mesmo prefeitos aliados tiveram convênios suspensos por não cumprirem os prazos legais.
Pragmatismo não deve salvar Lula dos problemas que terá com Trump na Casa Branca
Bolsonaro atribui 8/1 à esquerda e põe STF no fim da fila dos poderes; acompanhe o Sem Rodeios
STF condenou 265 pessoas pelos atos do 8/1 e absolveu apenas 4
“Desastre de proporções bíblicas”: democratas fazem autoanálise e projetam futuro após derrota