* A matéria original trazia, erroneamente, a informação que três secretários são investigados por supostos casos de corrupção. Apenas um é investigado. A informação foi corrigida e a matéria, atualizada.
A governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP), anunciou nesta terça-feira (8) a criação de uma Divisão de Combate à Corrupção, que irá congregar as polícias Civil, Militar, Ambiental e Rodoviária Estadual, além da Receita Estadual e da Controladoria do Estado. O objetivo é trabalhar em conjunto na investigação de casos de corrupção.
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Durante a apresentação da nova estrutura, no Palácio Iguaçu, Cida destacou que “todos poderão ser investigados, sem distinção”. De acordo com ela, nenhum desvio de conduta por parte dos integrantes do governo será aceito. “Se houver irregularidades, ou o funcionário pede demissão ou será demitido”, afirmou.
Questionada sobre secretários citados em escândalos de corrupção, a governadora afirmou que “todos têm direito à ampla defesa”.
O nome de Fernando Ghignone, secretário de Administração e Previdência, por exemplo, consta em uma tabela da Odebrecht, na qual estão registrados supostos repasses de dinheiro, via caixa 2, à campanha de Beto Richa ao governo do Paraná em 2010. Ghignone foi o tesoureiro daquela campanha. O secretário disse que a denúncia é “inverídica e fantasiosa”. Ele não é investigado.
Já Juraci Barbosa Sobrinho, da Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral, era o responsável pelas contas da campanha de 2014 de Beto Richa, que se tornaram alvo de uma investigação na esteira da delação da Odebrecht. Na ocasião da divulgação, em abril de 2017, o secretário refutou, em nota, “toda e qualquer denúncia lastreada em ilações” e disse que as denúncias são falsas. Ele não é investigado.
Já Dilceu Sperafico, da Casa Civil, que teve um inquérito na Lava Jato arquivado pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado, foi citado em uma investigação sobre uma emenda parlamentar destinada à unidade de Assis Chateaubriand do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR). Segundo a defesa de Sperafico, que é investigado, não há qualquer irregularidade na emenda. Leia aqui mais detalhes sobre o caso.
“Sogra-fantasma”
Outro secretário de Cida que já teve o nome envolvido em casos de corrupção é Ezequias Moreira, do Cerimonial e Relações Internacionais. Em 2017, ele foi condenado por conta do caso da “sogra-fantasma” , que veio à tona dez anos antes. Na época, a Gazeta do Povo revelou que Verônica Durau, mãe da esposa dele, recebia um salário da Assembleia Legislativa do Paraná mesmo sem trabalhar na Casa.
Questionada sobre o secretário, Cida afirmou que ele está “quite com a Justiça”. Na semana passada, Moreira chegou a ser nomeado para o Conselho Estadual de Trânsito, mas acabou exonerado.
Como vai funcionar
Quem ficará à frente da nova estrutura é o delegado Renato Figueroa, que já comandou o grupo Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial). Em 2012, ele foi afastado do cargo por uma decisão da 1ª Vara Criminal de Gravataí, no Rio Grande do Sul, por conta de um caso de sequestro envolvendo dois agricultores em território gaúcho. Meses depois, o Tribunal de Justiça gaúcho devolveu a Figueroa e a outro delegado o direito de voltar ao Tigre. Relembre o caso.
A nova divisão englobará unidades já existentes, como o Nurce (Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos). Quem tiver denúncias de corrupção poderá comunicar ao novo órgão por meio dos telefones 181 ou 0800-411-113. As investigações que já estão em andamento continuarão sendo conduzidas normalmente.
“Uma estrutura como essa permite que as denúncias sejam encaminhadas para um único canal, abrindo espaço para a participação de outros órgãos e dando mais celeridade ao processo”, disse Figueroa.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Julio Reis, a perspectiva é de que a estrutura da divisão seja ampliada ao longo do tempo, inclusive com unidades no interior. As primeiras serão instaladas em Maringá e Foz do Iguaçu. “Depois, Cascavel e Londrina receberão novas divisões”, explicou.
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