Almirante Tamandaré é a única cidade paranaense entre os dez municípios mais violentos do Brasil| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Almirante Tamandaré, município na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), está em décimo no ranking das cidades com mais de 100 mil habitantes consideradas as mais violentas para se viver no Brasil. Os dados, divulgados no Atlas da Violência 2018, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontam a cidade paranaense com taxa de 88,5 homicídios e mortes violentas com causa indeterminada (MVCI). Em Curitiba, por exemplo, a taxa é de menos da metade: fica em 31,7. É possível saber mais sobre o panorama nacional clicando aqui ou no infográfico abaixo.

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Os dados considerados pelo Ipea para a realização do estudo vêm do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, que teve a última atualização em 2016. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública(Sesp) do Paraná, as informações são diferentes das compiladas pela Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico (Cape), que realiza a análise e o mapeamento dos crimes no estado.

“O Atlas, por exemplo, contabiliza como homicídios as mortes no trânsito, o que acaba por distorcer os dados”, afirmou a secretaria, em nota.

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É com base nisso que a prefeitura de Almirante Tamandaré diz que o resultado da pesquisa do Ipea é “irreal”.“Se considerarmos os dados fornecidos pela Sesp, tivemos uma redução no número de homicídios na cidade”, afirma a secretária de Segurança Pública e Cidadania de Almirante Tamandaré, Jocélia Fonseca.

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Secretaria recém-criada

O comandante da 2ª companhia da Polícia Militar de Almirante Tamandaré, capitão Luciano Cordeiro, afirma que a redução foi de 82 homicídios dolosos em 2016 para 42 em 2017. Em toda a região metropolitana, segundo dados da Sesp, a queda no número de mortes no primeiro trimestre de 2018 foi de 12,2%, em comparação com o mesmo período de 2017.

De acordo com Jocélia, a diminuição em Almirante Tamandaré é fruto de uma série de políticas públicas que vêm sendo praticadas pelo município para combater a criminalidade. “Estamos trabalhando fortemente a questão social e fazendo ações em bares para retirar os menores de idade desses locais”, diz a secretária.

Ainda segundo ela, a prefeitura prepara a instalação de 36 câmeras de segurança na cidade, com o apoio do governo estadual. Até setembro do ano passado, no entanto, Almirante Tamandaré não possuía uma secretaria específica para tratar da área de segurança pública. De acordo com Jocélia, a criação da pasta aconteceu depois de uma série de ações realizadas em parceria com as polícias Civil e Militar com foco em crianças e adolescentes.

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Causas para o mau desempenho

Apesar das discordâncias com relação à metodologia de coleta dos dados, a pesquisa do Ipea apresenta causas para o problema das mortes violentas nas cidades mais inseguras do país. O estudo aponta que o mau desempenho com relação à taxa de homicídios se relaciona, também, a resultados ruins em outros indicadores sociais.

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“Há uma clara correlação entre as condições de desenvolvimento humano e as taxas de mortes violentas”, explicou o economista Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea que coordenou o estudo.

No caso de Almirante Tamandaré, 28,1% das crianças do município estão vulneráveis à pobreza. Além disso, 21,6% dos jovens de 15 a 17 anos não têm ocupação – isto é, nem trabalham, nem estudam. 5,2% das mulheres entre 10 e 17 anos, ademais, já têm filhos. Por fim, 6,4% das pessoas de 15 a 24 anos não estudam, nem trabalham e estão vulneráveis à pobreza.

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Se considerarmos a cidade mais segura do país – Brusque, em Santa Catarina, de acordo com a pesquisa do Ipea – os resultados são bem diferentes. Apenas 7,2% das crianças estão vulneráveis à pobreza. Já os jovens sem ocupação são 8,7%, enquanto 1,3% das mulheres entre 10 e 17 anos tiveram filhos. Os jovens que não trabalham, não estudam e estão vulneráveis à pobreza são apenas 1,2%.

De acordo com Cerqueira, as diferenças entre os municípios demonstram que é preciso pensar políticas específicas para cada região. “Como é muito difícil mudar o Brasil de uma hora para outra, isso indica que, a despeito de uma política universal, é preciso pensar em ações territoriais nestas cidades”, disse.

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