Com pouco mais de 400 mil habitantes, Maringá, no Noroeste do Paraná, está no topo de um ranking que mostra a qualidade de serviços prestados à população. Entre as cem cidades com o maior número de habitantes no país, o município paranaense foi o que obteve a melhor média geral no Índice Desafios da Gestão Municipal (IDGM), elaborado a partir de avaliações nas áreas de educação, saúde, segurança e saneamento e sustentabilidade. O estudo foi divulgado na última terça-feira (7).
Os dados compilados revelam que, desde a última edição da pesquisa, em 2006 – quando também saiu à frente –, Maringá evoluiu em todos os indicadores, com destaque para saúde e saneamento e sustentabilidade. Nestas duas áreas, os índices subiram 0,645 para 0,722 e 0,858 para 0,972, respectivamente. O IDGM varia de 0 a 1 e, quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho atingido.
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Por outro lado, educação e segurança são os maiores desafios do município. Embora Maringá tenha conseguido apontar melhoras nos últimos dez anos nas políticas de combate a mortes violentas e mortes no trânsito – com índice passado de 0,776 para 0,823 – as mudanças não foram suficientes para segurar o município em uma boa posição no ranking da segurança; dessa forma, caiu da 22ª para a 30ª posição, sendo o pior desempenho entre as quatro áreas.
Quando à educação, a cidade também perdeu caiu na lista. A descida foi leve, do 8º para o 9º lugar, mesmo avanço no índice de 0,501 para 0,626.
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Os índices divulgados pela pesquisa Índice Desafios da Gestão Municipal corroboram estudos semelhantes que se voltam para Maringá como uma das melhores cidades para se viver. Em 2015, o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) também apontou o município como o melhor para se viver no Paraná. Não por menos, vem se tornando o destino de muitos profissionais qualificados, especialmente na área de tecnologia.
No começo deste ano, já chegavam a quase 400 as empresas de desenvolvimento de softwares instaladas na cidade, empregando cerca 4 mil profissionais de TI. Os números fazem do município o segundo maior em empresas com certificações de qualidade em tecnologia, atrás apenas de São Paulo.
Porém, há um lado bem menos positivo. De acordo com o núcleo do Observatório das Metrópoles na Universidade Estadual de Maringá (UEM), dinâmica da cidade consolidada ao longo de pelo menos três décadas joga Maringá para cima nos índices enquanto empurra para debaixo do tapete os problemas que também precisam ganhar destaque.
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“Esse índice busca entender o que está acontecendo na cidade sob o aspecto de gestão para saber o que melhorou ou que não na última década. Claro que é válido para pensar a questão da qualidade de vida, mas não é a única coisa que precisa ser considerada”, avalia Paulo Roberto de Souza, professor do curso de Direito da UEM e coordenador adjunto do Observatório das Metrópoles.
Segundo o professor, dentre os principais problemas está o próprio contraste entre a cidade-pólo da região Noroeste e os outros 25 municípios menores que a cercam, ponderações que não costumam entrar nos estudos e que, por isso mesmo, ajudam a reforçar a imagem mercadológica dos números. “Maringá cumpre o papel de depositar o passivo social nos outros municípios e isso dá essa ideia de uma cidade belíssima. Mas, por exemplo, um morador de Paiçandu [município ao lado] provavelmente faz parte da força de trabalho, produz e desenvolve para essa Maringá dos rankings, mas quando ele demanda um serviço público como saúde, Maringá devolve para a cidade dele”, observa o pesquisador.
Outro ângulo questionado por Souza é o planejamento da cidade projetado para o futuro - no qual, muitas vezes, o tom dado pelo setor privado afasta famílias de baixa renda. “É só olhar para os empreendimentos que vêm sendo feitos na cidade”, comenta, acrescentando que até mesmo os programas habitacionais criam essa repulsa. “Um terço dos imóveis alugados em Maringá hoje é para população de até dois salários mínimos. Você não vê política habitacional. E quando vê, são nos distritos, empurrando as pessoas para lá”.
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Paraná
Entre as 15 primeiras colocadas no ranking geral do DGM 2018, quatro são do Paraná. Além de Maringá, aparecem também Curitiba (11ª), Cascavel (12ª) e Londrina (15ª).
De forma geral, o estudo fornece uma análise comparativa e temporal das cidades brasileiras que permite identificar os principais problemas e as soluções no âmbito da gestão municipal. Dessa forma, ressalta que os líderes municipais terão que trabalhar com pressões e cobranças múltiplas, em contexto de forte escassez de recursos e acentuadas restrições burocráticas e legais.
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