O lucro (ajustado) de R$ 1.012 bilhão da Copel em 2016 rendeu R$ 150,046 milhões ao caixa do governo do Paraná este ano. Uma parte desse valor (R$ 66,26 milhões) será depositada no dia 28 de dezembro e a outra (R$ 83,786 milhões) havia sido repassada no final do primeiro semestre.
O repasse maior aos acionistas este ano se deve a uma manobra do governo Beto Richa (PSDB). Em março, no Conselho de Administração, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, viu derrotado um pedido para aumento no porcentual do resultado positivo a ser distribuído aos donos de papéis da empresa na bolsa. No entanto, na Assembleia Geral de abril e contra a recomendação da diretoria da estatal, a iniciativa prosperou. Assim, a empresa subiu de 25% para 50% a parcela do lucro que distribuiu em 2017. No total, foram desembolsados R$ 506,212 milhões - R$ 282,947 milhões a título de “juros sobre o capital próprio” e R$ 223,265 milhões de “dividendos”.
À época, a administração estadual justificou a medida. “O governo, dono de 31% das ações da companhia, entende que a Copel possui disponibilidade financeira adequada para suportar o pagamento de 50% de dividendos aos acionistas”, justificou, destacando que distribuição no mesmo porcentual ocorreu também nos anos de 2013 e 2014.
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A divergência da diretoria da estatal com o governo culminou com a saída de Luiz Eduardo Sebastiani, então diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Copel. Apesar de o Palácio Iguaçu negar que houve relação da demissão dele com a oposição que fez ao aumento do repasse de lucro, a substituição foi alvo de debates entre conselheiros e o secretário da Fazenda no Conselho de Administração. “Nos últimos seis meses, pudemos testemunhar, como membros do Conselho da Copel, o excelente trabalho de Luiz Eduardo Sebastiani na diretoria financeira da companhia. Por isso, foi com desalento e perplexidade que tomamos conhecimento da sua iminente demissão”, registraram em ata os conselheiros Sandra Guerra e Sergio Weguelin.
Estatal reduz plano de investimentos em R$ 545,3 milhões
Embora não seja possível estabelecer uma relação de causa e consequência, a Copel anunciou, junto com os resultados do terceiro trimestre, uma redução de R$ 545,3 milhões em seu plano de investimentos do ano. Conforme noticiado pelo Livre.jor, a decisão da estatal foi tomada em reunião do Conselho de Administração, com objetivo de “readequar o cronograma físico-financeiro para 2017”. Houve corte de R$ 14 milhões nos investimentos em telecomunicação, de R$ 90 milhões em distribuição e de R$ 441 milhões no parque eólico no Rio Grande do Norte.
Especialista de mercado critica a ingerência política na estatal
Segundo Adeodato Volpi Netto, estrategista-chefe da Eleven Financial, o aumento do porcentual do lucro repassado aos acionistas representa “o governo pondo a mão no caixa da companhia”. O especialista em mercado de capitais já havia criticado, neste mês, a venda das ações da Sanepar em poder da Copel todas de uma vez, o que, segundo ele, representou em uma arrecadação menor para os cofres da estatal de energia. “Quanto menos gerência do governo sobre a companhia, melhor para a companhia. Mas a Copel é muito exposta aos interesses do governo”, critica Netto.
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A venda das ações da Sanepar feita toda de uma vez rendeu R$ 489,1 milhões ao caixa da companhia de energia. Este valor será registrado no balanço da Copel de 2017, que terá efeitos na distribuição de lucros a ser feita no ano que vem, ainda na gestão Beto Richa (PSDB) e, talvez, da vice Cida Borghetti (PP), caso o tucano resolva se candidatar ao Senado e precise deixar o cargo de governador.
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