| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Logo que o texto da votação do pacote de ajuste fiscal do prefeito Rafael Greca (PMN) começou a ser lido em plenário na manhã desta terça-feira (20), os servidores iniciaram as primeiras ações para passar pelas barreiras policiais militares que cercavam as entradas da Câmara de Vereadores de Curitiba. Eram 10h15 e os ânimos dos manifestantes também estavam agitados por uma suposta declaração do líder da bancada do prefeito, Pier Petruzziello (PTB), de que os participantes do ato seriam “bandidos”.

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A combinação do início da votação e da declaração polêmica foi suficiente para que cerca de 50 servidores conseguissem furar o forte bloqueio da PM e entrar nos corredores do prédio. Com a confusão armada, o confronto entre policiais e servidores se desenrolou por cerca de 15 minutos, quando finalmente a invasão foi contida. Durante a ação foram usados sprays de pimenta e cassetetes. O mesmo ocorreu por volta do meio-dia, quando um novo grupo de manifestantes tentou entrar no plenário da Câmara. Pelo menos um servidor ficou ferido com maior gravidade e foi levado para o hospital, mas outros também sentiram os efeitos do embate, sobretudo do spray de pimenta.

TEMPO REAL: Acompanhe como foi o tumultuado dia na Câmara de Curitiba minuto a minuto.

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Em nota, PM diz que agiu para preservar a ordem pública

GALERIA DE FOTOS: Veja imagens da segunda invasão ao prédio do Legislativo municipal.

Depois da confusão, os vereadores ficaram “refugiados” no anexo 2 da Câmara, manifestantes ocuparam o plenário, onde ocorreria a sessão, e a votação foi suspensa. Nas horas que se seguiram, os ânimos dentro e fora do prédio se acalmaram, restando apenas a expectativa se a votação seria ou não retomada.

Durante as mais de seis horas de protesto depois da invasão da Câmara e da suspensão da sessão, poucos momentos de tensão foram registrados. Hora ou outra uma possível retomada da votação no anexo 2 agitava os participantes, que logo viam se tratar de um alarme falso. O carro de som tentava animar os presentes, sempre com palavras de ordem e discursos inflamados dos líderes e participantes do movimento. Mesmo com um aumento da presença policial no entorno da manifestação, nenhum novo indício de confusão ou de nova invasão surgiu.

Dentro da Câmara a movimentação também era tranquila. Vereadores se reuniam com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Ministério Público para tratar do acordo que, no fim do dia, suspenderia a votação até a próxima segunda-feira (26). Já os invasores conversavam e improvisavam banheiros em latas de lixo, já que haviam sido proibidos pela PM de deixar o local onde deveria ter ocorrido a votação, que não tem banheiros.

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Os maiores impasses durante a tarde ocorreram na chegada do ex-candidato a prefeito Ney Leprevost (PSD), que dividiu a opinião dos presentes, e no momento de desocupar o prédio. Durante a passagem do deputado estadual, muitos dos servidores gritavam as palavras “oportunista” enquanto outros tantos aplaudiam a presença do ex-candidato, que acabou discursando no carro de som.

Eram 17h quando o dia parecia definido: a votação do pacotaço e a greve dos servidores tinham sido suspensas até segunda-feira. Faltava apenas o cumprimento da ordem judicial que previa a reintegração de posse da Câmara. Os 50 servidores queriam sair pela porta da frente, “de cabeça erguida”, como pediam os líderes do movimento. A PM, com medo de uma nova invasão, hesitava em liberar a passagem principal.

Os vereadores Goura (PDT), Professora Josete (PT) e Mestre Pop (PSC), opositores do pacote de ajustes, precisaram intervir e garantir que a polícia abrisse passagem. Minutos depois, os primeiros manifestantes desciam as escadas da casa, encerrando o ato sem maiores conflitos.

No final, a ação dos servidores nos mesmos moldes que já havim ocorrido na semana passada conseguiu, mais uma vez, barrar temporariamente a votação. No discurso geral, mais um round havia sido vencido pelos servidores.

Já o prefeito Rafael Greca, que se manteve em silêncio durante todo o dia, subiu o tom em entrevista à Rádio CBN no fim da tarde e se disse vítima de “avareza”. Tanto ele quanto os vereadores apoiadores do pacote de ajustes voltaram a repetir que, caso as propostas não sejam aprovadas, não existirá dinheiro para pagar o salário dos servidores. A promessa, por enquanto, é a mesma feita na semana passada: nos próximos dias as partes irão se encontrar para debater as medidas antes de ser iniciada a votação.

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PM diz que agiu para preservar a ordem pública; leia nota

“A Polícia Militar do Paraná atuou na preservação da ordem pública, garantindo o direito constitucional de manifestação pública do cidadão, coletiva e pacífica. Sendo assim, a Polícia Militar adotou todas as providências necessárias com vistas a preservar a ordem pública, em conjunto com o Poder Judiciário e Ministério Público. Neste contexto e dentro do processo democrático, uma negociação mediada pela PM, em parceria com a Câmara Municipal, resultou na liberação do plenário às 17h desta terça-feira (20/06) pacificamente.

A PM iniciou os trabalhos no final da madrugada desta terça-feira (20/06). No entanto, por volta das 10h, houve a invasão da Câmara Municipal, quando um grupo derrubou as grades e adentrou o plenário. Neste momento, vários policiais militares, na tentativa de conter a invasão, foram agredidos de diversas formas.

Um Guarda Municipal à paisana foi detido e encaminhado ao 1º Distrito Policial (1º DP), onde assinou um Termo Circunstanciado (TC). Ainda durante a confusão, outro Guarda Municipal e mais três manifestantes ficaram feridos e foram atendidos pelos bombeiros militares.

A Polícia Militar atuou cumprindo o seu papel de preservação da ordem pública e garantia do exercício dos poderes constituídos, no caso o Legislativo municipal, de modo absolutamente equilibrado com razoabilidade, preservando vidas e respeitando a dignidade da pessoa humana.

A Polícia Militar do Paraná reforça que respeita o direito do cidadão à manifestação pacífica, no entanto salienta que não são toleradas condutas de desordem, agressão, depredação do patrimônio público e privado, dentre outras situações correlatas.”

O prédio da Câmara Municipal foi cercado ainda na terça-feira. De manhã cedo, policiais reforçaram a segurança.
Veículos com força policial do interior estavam presentes, mas o comando da Polícia Militar não confirmou se houve reforços de outras cidades.
As entradas laterais, como a da Visconde de Guarapuava, também estavam protegidas pelos policiais.
Mesmo com chuva e frio, servidores se posicionaram para protestar.
A entrada da Câmara, na Visconde do Rio Branco, foi tomada pelos manifestantes.
Com o passar das horas, o protesto se acirrou e os policiais usaram spray de pimenta para tentar impedir o acesso de manifestantes.
Ruas foram bloqueadas, causando congestionamentos no entorno da Avenida Visconde de Guarapuava.
Os manifestantes furaram o bloqueio.
Servidores tentam forçar a entrada no prédio da Câmara entre policiais militares.
Com o confronto iniciado, pessoas se feriram, mas ainda não há confirmação do que ocorreu.
Este servidor ferido foi identificado como integrante da Guarda Municipal, categoria também contrária ao pacotaço de Greca.
Alguns servidores conseguiram invadir o plenário da Câmara, interrompendo a sessão. Vereadores da base do prefeito fugiram para outra sala.
Manifestantes que estão dentro do plenário se recusam a sair do local.
Manifestante no plenário da Câmara.
Em entrevista, o presidente da Câmara, Serginho do Posto (PSDB), disse que ainda não há definição sobre a continuidade da sessão.
Clima fora do prédio era de tranquilidade após a invasão, que ocorreu por volta das 10h15.
Já dentro do plenário, onde não há banheiros, servidores improvisaram. Um deles chegou a urinar dentro de uma lixeira.
Após muito debate, ficou definido que a votação do pacotaço seria suspensa pelo menos até a próxima segunda-feira (26).
Derrotado por Greca na eleição para prefeito, o deputado estadual Ney Leprevost foi à manifestação, sendo aplaudido por alguns servidores e chamado de oportunista por outros.
Com a suspensão da votação, os cerca de 50 servidores que ocupavam o plenário da Câmara deixaram pacificamente o local por volta das 17 horas.