Condenado a ressarcir os cofres públicos por sua estadia em um hotel cinco estrelas em Paris em 2015, o governador Beto Richa (PSDB) deve fazer uma nova viagem internacional e oficial ainda neste mês. O tucano deve embarcar com destino a Londres, onde será um dos palestrantes do “Global Expansion Summit”, um evento de desenvolvimento, que deve contar com a participação de líderes, políticos e empresários de diversos países.
Na segunda-feira (12), Richa enviou uma mensagem à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) informando que se ausentará do governo por causa da viagem. O ofício do governador, no entanto, diz respeito a um período mais elástico que o da realização do evento. O tucano deve ficar fora do país entre 15 e 21 de junho, enquanto o “Globbal Expansion Summi” acontece entre 18 e 20 de junho.
A comitiva será formada pelo governador Beto Richa; pela mulher dele e secretária, Fernanda Richa; pelo secretário de Estado da Fazenda, Mauro Ricardo Costa; e por uma profissional de relações internacionais, vinculada ao cerimonial do governo (esta última viaja posteriormente, no dia do evento).
Por meio de sua assessoria, o governo disse que a comitiva antecipou o embarque “porque a Central de Viagens do Estado identificou uma passagem mais barata para o trecho”. O governo acrescenta que as despesas adicionais (entre o embarque e o início do evento) serão custeadas por Richa, Fernanda e Mauro Ricardo.
Assim que o ofício do governador foi lido na Alep, a oposição criticou a viagem. O deputado Tadeu Veneri (PT) discursou, atacando a excursão internacional e lembrando a recente condenação, relacionada à parada técnica em Paris. Na ocasião, o parlamentar apresentou um pedido de informações sobre os gastos da viagem, mas a solicitação foi barrada pela base de Richa. “Á época, os aliados do governador acharam que as informações não eram de interesse público e nos acusaram de perseguição”, comentou.
A condenação
Richa e sua mulher, a secretária estadual Fernanda Richa, foram condenados em primeira instância a devolver o valor gasto com duas diárias em Paris, anunciadas como “parada técnica” durante viagem oficial realizada em 2015. Na ocasião, a comitiva do governador viajou à China e à Rússia.
Em Paris, o governador e sua esposa ficaram hospedados no hotel Napoléon, que tem classificação cinco estrelas e fica próximo ao Arco do Triunfo, um dos principais cartões-postais de Paris.
Na sentença, o juiz Roger Vinícius Pires de Camargo Oliveira, da 3.ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba, classificou as despesas como “injustificadas” e apontou que havia alternativas mais baratas de escala, do que a parada em Paris. A ação havia sido movida, entre outros, por advogados vinculados ao coletivo Direito para Todxs e Bentivenha Advocacia Social.
Em nota assinada pelo procurador-geral do Estado, Paulo Rosso, o governo diz que considera a decisão “equivocada, pois tais valores já foram restituídos voluntariamente ao final da missão internacional, que teve por escopo a busca de investimentos e empregos para o Paraná”. Segundo a PGE, os valores que teriam sido ressarcidos teriam sido “ superiores aos utilizados na parada técnica na França”. “Assim sendo, o Estado apresentará recurso contra a decisão de forma a ser restabelecida a justiça ao caso concreto”, finaliza o procurador.
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