A Copel confirmou na manhã desta quinta-feira (8) que avalia uma eventual oferta de ações para fortalecer o caixa da empresa. A informação foi dada em resposta a um ofício da Superintendência de Acompanhamento de Empresas da BM&F Bovespa que questionou a estatal paranaense em relação a uma reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico. Segundo a publicação, a Copel pretende captar cerca de R$ 4 bilhões com a oferta, mas este valor não foi confirmado pela estatal.
Caso a operação se confirme e o governo do Paraná não adquira novas ações da companhia, sua participação acionária diminui. Atualmente, o governo é proprietário de 58,6% das ações com direito a voto, as chamadas ordinárias.
No ano passado, a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou um projeto do Executivo que permite ao estado vender ações ordinárias de todas as empresas estatais, desde que o controle acionário seja mantido. Quando o projeto foi proposto, a estimativa do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, era de que a venda das ações excedentes da Copel poderia render cerca de R$ 700 milhões ao governo.
Se a participação do estado na empresa for diluída, o governo perderá parte dos dividendos anuais que recebe. Em 2017, esse valor chegou R$ 150 milhões, que foram fruto dos lucros obtidos pela companhia em 2016.
O secretário da Fazenda do Paraná foi procurado para comentar a operação, mas preferiu não conceder entrevista. A secretaria não confirma se há interesse do estado em manter sua proporção acionária no aumento de capital da estatal.
Segundo o Valor Econômico, a Copel deve receber até sexta-feira (9) as propostas de bancos e escritórios de advocacias interessados em assessorar o processo de oferta. Essa seria a primeira de uma série de medidas práticas da companha antes de formalizar o pedido de oferta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
No comunicado publicado nesta quinta (8), a Copel afirma que avalia a oferta de ações “como parte de um estudo abrangente de otimização de caixa, com o objetivo de suportar o plano estratégico de crescimento sustentável da Companhia”.
Disputa por dividendos
Em abril, o governo capitaneou uma disputa dentro do Conselho de Administração da estatal para aumentar a distribuição de dividendos em 2017. Inicialmente, o colegiado havia fixado a distribuição em 25%, entretanto, o governo conseguiu virar o jogo e aumentou a fatia para 50%. A medida gerou reações dentro do conselho. A disputa culminou com a demissão Diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Copel, Luiz Eduardo Sebastiani, que foi o porta-voz do comando da Copel na defesa da manutenção do porcentual de 25% dos lucros a ser repassado aos acionistas.
Em uma reunião do Conselho de Administração no fim de abril, outros conselheiros externaram terem recebido com “desalento e perplexidade” a iminente demissão de Sebastiani, diante da dedicação dele ao trabalho e do “comprometimento com a busca por melhores resultados para a empresa”.
O governador Beto Richa (PSDB) negou que tenha demitido Sebastiani da Copel por ele ter ido contra o interesse do governo. Segundo ele, foi uma coincidência que o diretor tenha sido demitido após o episódio.
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