Capital ecológica, capital nerd, capital da cerveja artesanal. Ao longo dos seus 325 anos, Curitiba já recebeu rótulos de todos os tipos. O que poucos sabem, porém, é que a cidade das araucárias já foi, em 1969, capital do Brasil. Foram apenas três dias – por motivos não muito lisonjeiros para a cidade –, que tiveram caráter mais simbólico do que prático.
O fato ocorreu entre 24 e 26 de março de 1969. Era o início da fase mais repressora da ditadura, instaurada em 1964 com o golpe militar. Poucos meses antes, em dezembro de 1968, havia sido decretado o AI-5 (Ato Institucional nº 5) , que suspendia garantias individuais.
A esposa do então presidente, o general Costa e Silva, era curitibana – o que contribuiu para a decisão da transferência da capital para Curitiba. O fator determinante foi o apoio paranaense ao regime.
“Curitiba ter se tornado capital do Brasil foi algo mais propagandista. O prefeito daquele período, Omar Sabbag, e o governador do Paraná, Paulo Pimentel, apoiavam a ditadura”, explica Thiago Felipe dos Reis, professor de História do Colégio Positivo.
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Aproximação
Com a medida, o objetivo era fazer com que a ditadura se aproximasse de regiões importantes do país e, além disso, demonstrar poder diante de focos de opositores. “Houve a transferência de todos os ministérios para cá e também das forças armadas, o que fortaleceu a imagem do regime dentro do Paraná”, afirma Gehad Hajar, pesquisador que está escrevendo um livro a respeito da história de Curitiba.
Apesar de relâmpago, a experiência como capital federal trouxe benefícios para a cidade. Com o apoio à ditadura, Curitiba recebeu recursos para a execução de obras de desenvolvimento urbano. “Além do capital simbólico, o episódio foi importante para atrair investimentos para o município, que estava longe de ser o que é hoje”, diz Hajar.
À época, era difícil prever que, quase 50 anos depois, Curitiba ganharia destaque nacional por outro motivo: a operação Lava Jato.
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