Está nas mãos da juíza Daniana Schneider, da Vara Criminal de Antonina, o processo encaminhado pelo Ministério Público acusando boa parte dos políticos da cidade de fazerem parte de um esquema de corrupção. O Judiciário precisa decidir se aceita a acusação, que envolve o ex-prefeito João Ubirajara, conhecido como João Domero, quatro ex-vereadores e dois ex-secretários municipais, além de um ex-dirigente portuário, Luis Carlos de Souza, conhecido como Luiz Polaco.
A denúncia foi veiculada em rede nacional, pelo programa Fantástico, na noite de domingo (2). Com a exibição de vídeos em que políticos apareciam negociando e recebendo dinheiro – um deles inclusive beijou a propina –, a reportagem da Rede Globo, produzida em parceria com a afiliada RPC, avançou em relação ao que já vinha sendo divulgado pela imprensa local, especialmente pela TVCI.
“Está claro que o candidato do Beto Richa é outro”, diz Osmar Dias sobre alianças para 2018
Alguns acusados chegaram a ser presos em março, na operação Tangentopoli, expressão em latim que significa “cidade da propina”. A denúncia foi assinada pela promotora Nicole Mader Gonçalves, que atua em parceria com a promotora Mariana Andreola Silva. As gravações teriam acontecido nos anos de 2014 e 2015, feitas pelo próprio então prefeito. Ele teria procurado o Ministério Público para pedir ajuda, alegando que estava sendo achacado e que não mais estava conseguindo suprir com dinheiro quem o cobrava.
O ex-prefeito estava sendo, à época, alvo de um processo de cassação na Câmara Municipal. Contudo, a investigação do MP indicou que Domero estava mais envolvido no esquema. Na reportagem do Fantástico, ele chega a assumir que recebeu dinheiro de propina.
A promotoria apontou que os pagamentos mensais variavam de R$ 500 a R$ 10 mil. Sempre que estava em debate um projeto de lei de interesse do Porto, como discussão sobre alíquota de Imposto Sobre Serviços ou questões urbanísticas, como restrições a tráfego de caminhões, havia a pressão para a liberação do mensalinho aos vereadores, acusa o MP. O dinheiro viria de Luis Carlos de Souza, que foi exonerado em maio.
Outro lado
O advogado Giordano Sadday Vilarinho Reinert, que defende o denunciado Luis Carlos de Souza, afirmou, em nota, que há “uma verdadeira injustiça patrocinada por alguns corréus, que se valeram de uma pseudo ‘colaboração’, altamente suspeita e questionável sob todos os prismas, transformando pessoas de bem em inimigos públicos”. Ele acrescentou ainda que o cliente não está ocupando qualquer cargo público no momento e que, como funcionário que foi, não teria qualquer vantagem com as decisões tomadas pela prefeitura ou pela Câmara de Antonina. O defensor disse ainda que durante o processo, caso seja aceito pela Justiça, será possível contestar o que chama de “frágil lastro probatório que escora a denúncia”. Reinert declarou que seu cliente “nunca compactuou com qualquer tipo de irregularidade ou ato ilícito, durante toda a sua vida pública”.
A reportagem tentou contato com o ex-prefeito João Ubirajara, mas ele não atendeu a ligação.
Deixe sua opinião