O deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) foi acusado de receber uma mesada de R$ 20 mil do esquema descoberto pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga uma rede de corrupção que envolvia empresas do ramo de proteína animal e funcionários no Paraná do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A menção a Sérgio Souza foi feita pelo veterinário Flávio Cassou, que trabalhou para o frigorífico Seara (grupo JBS), em depoimento à Justiça Federal na última sexta-feira (1º).
Cassou, que está preso, disse que o ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho, considerado o pivô do esquema, repassava todo mês R$ 20 mil de propina a Souza e que outros deputados da bancada do PMDB do Paraná na Câmara dos Deputados também recebiam suborno. Cassou não nomeou os outros deputados nem disse quanto cada um teria levado.
O veterinário disse que os pagamentos de suborno eram corriqueiros e mensais e que vários fiscais também negociavam propina. Souza é presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. A bancada do PMDB paranaense foi quem apadrinhou Gonçalves Filho para a direção da superintendência do Paraná.
O deputado aparece em interceptação telefônica, segundo a PF, falando com um advogado sobre as estratégias jurídicas para reverter uma suspensão de 90 dias aplicada contra Gonçalves Filho por irregularidades no ministério.
Souza teve ainda seu nome citado em grampos da Operação Carne Fraca como tendo recebido “muito dinheiro” de Gonçalves Filho.
O diálogo é de abril de 2016 entre Gil Bueno de Magalhães, ex-superintendente que estava lotado no Serviço de Vigilância Agropecuária no porto de Paranaguá, e uma pessoa identificada como Francisco, representante da Castrolanda Cooperativa Agroindustrial, em Castro (PR).
Francisco quer informações sobre o deputado. “Gil, aquele Sérgio Souza, pelo que me falaram, ele tá a favor do PT nessa história do impeachment?” A resposta de Gil é positiva. “Tá ele recebe, ele recebeu muito dinheiro do suspenso aí [Daniel Filho].” Francisco conclui: “Ah, ele tá com o rabo preso”.
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Outro lado
A assessoria de Sérgio Souza diz, em nota, que “as informações passadas por este cidadão [Flávio Cassou] são totalmente falsas”. “Nunca mantive contato com nenhum executivo da JBS. Também nunca recebi nenhum valor desse senhor nem mesmo doação da empresa JBS.”
A defesa de Gonçalves Filho não respondeu os pedidos de informação da reportagem.
A assessoria da bancada do PMDB na Câmara afirmou que não poderia responder pelos quatro deputados paranaenses que compõem a bancada de 63 deputados da legenda.
Dos outros três deputados paranaenses do PMDB na Câmara, Osmar Serraglio e João Arruda disseram não conhecer Cassol e afirmam nunca ter recebido do esquema. Hermes Parcianello não respondeu os contatos da reportagem.
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