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Políticos do Paraná têm sido alvos de golpes pelo celular. Em março, foi a vez da então vice-governadora Cida Borghetti (PP) e do deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PSB). Na segunda-feira (11), quatro deputados federais entraram para a lista dos criminosos virtuais e tiveram os aparelhos bloqueados: Aliel Machado (PSB), Sandro Alex (PSD), Luciano Ducci (PSB) e Christiane Yared (PR). Há indícios de que a lista é maior e de que há correlação entre os casos.

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Para buscar entender o que está acontecendo, a Gazeta do Povo entrevistou o delegado Edward Figueira Ferraz, que trabalhou na investigação para rastrear o golpe aplicado usando o celular de Cida Borghetti. Para lembrar o caso: alguém se passando por ela escreveu para os contatos da agenda dizendo que havia excedido o valor máximo diário de transferência bancária e que precisava fazer um depósito de R$ 2 mil. Segundo o delegado, duas pessoas atenderam ao chamado e fizeram depósito.

Ao ser alertada sobre os pedidos, Cida comunicou que um golpe estava sendo aplicado usando o número dela e pediu para desconsiderar as mensagens. No mesmo dia, os criminosos também bloquearam o celular de Romanelli, mas aí muitas pessoas já teriam sido comunicadas sobre o problema e ninguém teria depositado dinheiro na conta bancária indicada. Para Ferraz, quem consegue se apropriar das informações do aparelho aproveita para capturar os números da agenda para espalhar o golpe na mesma rede de contatos.

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O delegado comenta que a investigação foi assumida pela polícia do Maranhão, atendendo à súmula 48 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determina que em casos de estelionato, a apuração fique concentrada no local de depósito do dinheiro. Duas pessoas foram presas: a dona da conta, que chegou a alegar ter sido também vítima de golpe, mas não teve o álibi confirmado e um vendedor ambulante, que usou a máquina de cartão para “sacar” os valores depositados.

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Ferraz explicou como o golpe é aplicado. Segundo ele, somente com a participação de funcionários da operadora é possível acessar o sistema, que permite que um chip “virgem” receba o número de telefone da vítima. No caso de Cida e Romanelli, os policiais foram até a empresa e descobriram que um mesmo código de acesso e senha era usado por vários funcionários, dificultando a identificação dos fraudadores.

O delegado conta ainda que um deputado federal do Maranhão também teve o celular clonado e de que tudo indica que uma mesma quadrilha esteja atuando em vários estados. No final de março, foi a vez de três ministros do governo Michel Temer (PMDB) – Eliseu Padilha, Carlos Marun e Osmar Terra – terem os números os dados roubados.

Novos casos

Outra série de ataques a celulares de políticos do Paraná foi registrada na segunda-feira (11). O deputado federal Aliel Machado conta que estava na estrada, no início da tarde, quando o aparelho que usava ficou sem sinal por um tempo. Um dos assessores que estava no carro perguntou porque o parlamentar queria saber quem tinha aplicativo do Banco do Brasil. Aliel estranhou a dúvida e descobriu que o funcionário havia recebido uma mensagem de WhatsApp em seu nome. O deputado acionou a empresa e avisou os contatos por Facebook, para alertar sobre pedidos suspeitos.

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A recomendação é de que, ao receber uma mensagem incomum, o destinatário entre em contato por um telefone fixo ou por um terceiro, sem ligar ou responder para o mesmo número

Duas horas mais tarde, foi a vez da deputada federal Christiane Yared. Ela estava trocando mensagens com um assessor quando o celular travou. Ao ir até uma loja da operadora, descobriu que o número estava sendo clonado. No caso da parlamentar, a fraude foi descoberta antes que o processo de transferência do número fosse concluído. Outros dois deputados federais – Sandro Alex e Luciano Ducci – usaram as redes sociais nas últimas horas para comunicar que tiveram os celulares clonados.

Aliel conta que ouviu falar sobre deputados de outros estados que teriam passado pela mesma situação. Para ele, a exposição dos políticos é um fator que facilita esse tipo de golpe. “Eu tenho o compromisso de ter apenas um telefone e divulgo para todo mundo”, comenta. Além disso, os criminosos se aproveitam, segundo ele, de algumas informações, como saber quanto ganham os políticos.

O parlamentar relata que recentemente foi vítima de uma outra tentativa de golpe. Alguém ligou no gabinete se passando por um deputado de outro estado e a ligação foi redirecionada. Depois de alguns instantes de conversa, desconfiou dos pedidos de ajuda e depósito e perguntou qual era o número de gabinete do suposto deputado. Foi aí que a pessoa desconversou e Aliel concluiu que era um farsante. Soube que outros parlamentares receberam a mesma ligação.

Além de questões envolvendo segurança, os casos causam preocupação sobre privacidade e apropriação de dados às vésperas da campanha eleitoral. Para a assessoria de Yared, pode ser uma tentativa de acessar as conversas de WhatsApp. Para o delegado Edward Figueira Ferraz, há indícios que os políticos têm sido alvos preferenciais dos criminosos, mas ainda não é possível precisar qual é a motivação.

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Esse tipo de crime se aproveita da confiança. Ou seja, a partir de uma fragilidade do sistema, os golpistas se passam por alguém conhecido e ao receber uma mensagem de um nome da rede de contatos, a chance de não desconfiar é grande. A recomendação do delegado é de que, ao receber uma mensagem incomum, o destinatário entre em contato por um telefone fixo ou por um terceiro, sem ligar ou responder para o mesmo número. Ele também sugere que seja acionada a verificação em duas etapas, recurso disponível no WhatsApp para aumentar a segurança do aplicativo.