O ex-governador Beto Richa (PSDB), pré-candidato ao Senado pelo Paraná, falou no dia 16 de maio com exclusividade para a Gazeta do Povo, sobre as mais recentes denúncias envolvendo seu nome, que surgiram após ele ter deixado o Palácio Iguaçu, no início do mês passado. O tucano negou quaisquer irregularidades e se disse vítima de uma onda de “denuncismo”.
Entre as denúncias mencionadas estão o suposto direcionamento de licitação da rodovia PR-323, financiamentos de campanhas supostamente via caixa 2 (citados na operação Lava Jato) e desvios de recursos de escolas (apurados na operação Quadro Negro).
“É denuncismo em todo o Brasil e eu acabo sendo vítima disso”, disse Richa. “Estão querendo colocar todos os políticos em uma vala comum. É um desestímulo aos políticos de bem. Fico indignado de ver o meu nome comparado ao de um criminoso”, acrescentou, ao comentar as declarações do construtor Eduardo Lopes de Souza, dono da Valor Construtora Valor e principal delator da Quadro Negro. As declarações de Richa foram dadas em sabatina realizada na tarde do dia 16 de maio, ao vivo, no estúdio da Gazeta do Povo.
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Sobre a delação de Lopes de Souza – que disse que dinheiro desviado da construção de escolas estaduais abasteceu campanhas de Richa, familiares e de seu grupo político –, o ex-governador disse que jamais ficaria impassível diante de um esquema de corrupção relacionado à educação. O ex-governador também classificou o empreiteiro como “um criminoso (...). Ele é um criminoso e criminoso não pode ter fé pública”.
“Eu jamais compactuaria com dinheiro desviado de obras, ainda mais de escolas. Eu não sou louco”, afirmou. “Ele [Lopes de Souza] diz que ouviu dizer. Eu não conheço esse cidadão nem quero conhecer. É um criminoso”, acrescentou.
Richa também afirma que foi seu governo que descobriu as fraudes e que determinou a investigação, que culminou com a deflagração da operação Quadro Negro. Ele destaca que ingressou com ações civis por improbidade administrativa, com vistas a que os autores dos desvios venham a ressarcir os cofres públicos. “Quem montou essa operação foi o meu governo. (...) Eu nunca varri nada pra debaixo do tapete. Aqui não tem pra baixo do tapete, não. Nós que investigamos”, afirmou.
Um dos alvos da Quadro Negro, o ex-diretor da Secretaria de Estado da Educação (Seed) Maurício Fanini era amigo pessoal de Richa. A delação aponta que Fanini recebia dinheiro desviado em nome do então governador – R$ 12 milhões, segundo Lopes de Souza . Fanini está preso desde setembro do ano passado e negocia para se tornar delator. O tucano assegura que não sabia do esquema de corrupção e que se sentiu traído pelo então diretor da Seed.
“Ele [Fanini] traiu a minha confiança. Eu nunca tinha ouvido nada que desabonasse a sua conduta. Ele traiu a minha confiança”, disse Richa.
PR-323
O tucano também comentou o recente áudio divulgado em que mostra seu ex-chefe de gabinete, Deonsilson Roldo, em conversa com um empreiteiro ligado ao Grupo Bertin. No diálogo, Roldo dá a entender que a licitação da rodovia PR-323 estaria “comprometida” com a Odebretch.
O ex-governador disse que Deonilson ainda não se explicou sobre a gravação. “Estive com ele [Deonilson], ele pediu um tempo para me explicar aquela conversa, as circunstâncias, porque houve...”, disse Richa. “Evidente que não gostei da gravação que ouvi”, acrescentou.
Apesar disso, Richa rechaçou qualquer suspeita sobre a obra ter sido direcionada ao grupo Odebrecht, mencionando que a licitação dizia respeito a uma Parceria Público-Privada (PPP). O ex-governador complementou que foi ele quem determinou o distrato do contrato e a consequente suspensão da contratação da empresa.
“Quero deixar claro que não houve nenhum centavo de dinheiro público nesta obra. Pelo contrário. O consórcio vencedor [o grupo Odebrecht] é que investiu neste projeto”, apontou o tucano.
Lava Jato
Richa também comentou a menção ao seu nome na Operação Lava Jato. Assim que deixou o governo – e perdeu a prerrogativa de foro – os inquéritos que envolvem o tucano foram encaminhadas à Justiça Federal do Paraná – o inquérito foi distribuído ao juiz Sergio Moro – e à Justiça Eleitoral do estado.
Segundo delatores, R$ 2,5 milhões foram destinados a financiar campanhas de Richa, via caixa 2. “Eu nunca captei dinheiro em qualquer campanha. É o partido que faz. É o comitê que faz essa captação e sempre orientados por mim para que só haja captação de recursos declarados, contabilizados”, afirmou. “Até a menor doação sempre está lá, contabilizado.”
O ex-governador disse que, pessoalmente, cobrou respostas de seus coordenadores de campanhas – de 2008, 2010 e 2014 –, que de acordo com os delatores, teriam recebido recursos da Odebrecht, via caixa 2. “Sobre esses casos, eu perguntei e todos me reafirmaram que não tinha a entrada deste dinheiro”, disse.
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