Autor do requerimento para colocar em regime de urgência a votação do projeto de lei que amplia a adoção da bilhetagem eletrônica no transporte coletivo de Curitiba, o vereador Rogério Campos (PSC) pediu, em plenário, o adiamento da medida por cinco sessões.
A mudança de rumos foi motivada por críticas de bastidores sobre a proximidade com a eleição do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região (Sindimoc), marcada para o dia 29.
O vereador é ligado ao Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região - que apelidou a proposta enviada pelo Executivo de Lei do Desemprego, por causa do risco de fechamento de postos de trabalho com a medida. Segundo o Sindimoc, seis mil cobradores iriam para a rua se a utilização dos validadores for adotada de modo exclusivo na cidade.
De acordo com Rogério Campos, o pedido de regime de urgência foi protocolado pois há confiança de que conseguiria votos suficientes para rejeitar a proposta e fazê-lo o quanto antes: “o trabalhador não pode passar Natal e ano novo com a faca no pescoço”, pontuou.
Considerando a tese, dezenas de trabalhadores e representantes do sindicato fizeram manifestação diante do Palácio Rio Branco. Não foi a primeira vez. Com carro de som ocuparam a calçada diante da sede do plenário. Diversos vereadores sairam por alguns minutos da sessão para se dizerem contrários ao projeto. Fizeram essa manifestação, entre outros, Goura (PDT), Kátia Dittrich (SD), Ezequias Barros (PRP), Ozias Morais (PRB), Mestre Pop (PSC), Professor Euler (PSD), Beto Moraes (PSDB), Professor Silberto (MDB), Marcos Vieira (PDT), Professora Josete (PT).
Esta última avaliou que “não há como absorver todos os seis mil em setores administrativos. Precisamos de uma alternativa concreta para não demitir”, mas se disse contrária ao regime de urgência, pelo risco de o tiro sair pela culatra, com aprovação da medida sem debate.
Segundo Campos, autor do pedido de urgência, Urbs e sindicato patronal afinaram discurso para dar a entender que a Convenção Coletiva resolve a questão, mas a Convenção versa apenas sobre garantir estabilidade por 12 meses e abrir possibilidade de qualificação, mas a cobrança é pela adoção de um cronograma adequado à alteração nos quadros de pessoal. A defesa do vereador ligado à classe é por fazer a mudança de modo gradual, a partir do remanejamento de trabalhadores e a aposentadoria dos demais, sem substituição.
Depois de toda uma manhã de mobilização dos trabalhadores, os vereadores começaram a apreciar o requerimento por volta das 11h30 e na tribuna, o vereador Thiago Ferro (PSDB) reclamou. Classificou o regime de urgência como um “erro grave” que, segundo ele, vai contra a importância do projeto e a necessidade de discussões mais aprofundadas, com passagem do texto pelas discussões, com tempo, em 2019. Sua manifestação foi seguida pela de Campos, que falou por dez minutos antes de afirmar que pediria para empurrar para frente o pedido de urgência
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Provocado pelo autor do pedido, Paulo Rink (PR) também usou a tribuna. Destacou os riscos de influência em um “momento eleitoreiro de sindicato” e destacou que passou a manhã defendendo a necessidade de retirada da urgência para que não ocorra interferência.
Em meio ao tensionamento dos ânimos, com manifestações de trabalhadores e sindicalistas que ocuparam a antessala do plenário e - em menor número - as galerias, Rogério Campos fez encaminhamento verbal, solicitando o adiamento da discussão pelo prazo de cinco sessões, pedido aprovado pela maioria do plenário, com apenas seis votos contrários. A pauta volta a ser discutida no início de dezembro.
A propósito da manifestação do Sindimoc nesta terça-feira (20), na Câmara Municipal, o Setransp se manifestou por meio de nota.
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Nota oficial
A propósito da manifestação do Sindimoc nesta terça-feira (20), na Câmara Municipal, o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) informa que está cumprindo rigorosamente o que foi acordado na Convenção Coletiva 2018/2019, informando os cobradores, garantindo sua estabilidade por 12 meses e dando-lhes a oportunidade de requalificação em mais de 50 cursos, em parceria com o Senat.
A modernização da bilhetagem eletrônica é um passo importante no sentido da evolução do transporte coletivo. O pagamento da tarifa com cartão agiliza o embarque, dá mais confiabilidade ao sistema e aumenta a segurança, pois diminui o dinheiro em circulação no interior dos ônibus.
Diante disso, o Setransp vê, com cada vez mais clareza, a natureza política do ato do Sindimoc. A poucos dias de nova eleição da categoria, é inadmissível que o Sindimoc faça da cidade sua refém, ameaçando paralisá-la.
O Setransp continuará sua luta em prol de um transporte coletivo mais moderno e seguro - a despeito das manifestações do Sindimoc -, pois essa evolução vem ao encontro dos anseios da sociedade.
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