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João Arruda em campanha pelo centro de Curitiba. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
João Arruda em campanha pelo centro de Curitiba.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Se distanciar de nomes ligados ao governo de Beto Richa para convencer o eleitor de que João Arruda (MDB) é diferente de Ratinho Junior (PSD) e Cida Borghetti (PP) . É com essa estratégia que o grupo responsável pelo plano de governo e coordenação política da campanha do emedebista tenta chegar ao segundo turno das eleições. Para isso, os principais nomes ficaram restritos a “requianistas”. Mesmo os pedetistas da coordenação, em algum momento no passado recente estiveram com o senador e ex-governador Roberto Requião .

“O nosso grupo é o mesmo desde sempre. Não mudamos de lado a cada ano e a cada eleição. E não traímos quem esteve com a gente. Do outro lado existe muitos traidores, negando o histórico de companheirismo, como ocorre entre Ratinho e Cida. Os dois foram companheiros de Beto Richa, um foi supersecretário e a outra, vice-governadora. Agora negam que sempre estiveram junto com o ex-governador e deram apoio a tudo que ele fez. Isso me parece muito claro que é traição”, dispara Luiz Fernando Delazari, um dos coordenadores da base de sustentação da candidatura de Arruda.

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Os nomes de destaque no grupo evidenciam a predominância de personagens ligados a Requião, que é tio de João Arruda. Delazari é um exemplo claro desse quadro. Ex-promotor, deixou o Ministério Público para atuar no governo de Requião, de quem foi secretário de Justiça.

O prefeito de Castro, Moacyr Fadel (MDB), que se licenciou do cargo para atuar na coordenação política, é outro exemplo. Fadel integra o que Requião costuma classificar de “MDB velho de guerra”, agrupamento político que defende uma linha de governo popular.

A outra coluna que sustenta o plano de João Arruda, o PDT, também traz nomes que em vários momentos estiveram com Requião. Nelton Friedrich tem origens no MDB, partido pelo qual foi eleito deputado estadual, deputado federal e constituinte. Apesar de ter estado com Rafael Greca na prefeitura de Curitiba, em 1998 foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Requião.

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Outro nome pedetista com ligações históricas ao grupo requianista é Gustavo Fruet, que saiu do PMDB em 2004 depois de ter sido preterido por Requião na disputa para a prefeitura da capital.

“Nossa equipe é totalmente diferente do pessoal que está com a Cida e com o Ratinho, que eram todos do governo Beto Richa. Vamos fazer tudo diferente do que eles fizeram. Não vai ter governador preso, não vamos deixar ninguém roubar”, ataca Delazari.

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Mas esse “diferencial” alardeado pelos coordenadores de João Arruda deve perder força caso o candidato passe para o segundo turno. A necessidade de aglutinar forças poderá abrir portas para o outro lado.

“Segundo turno é uma nova eleição, serão aglutinadas novas forças, começam conversações. Quem quiser nos apoiar no segundo turno estamos abertos. Não está descartado atrair gente que hoje apoia outros candidatos, desde que não haja troca. O que não vamos aceitar é negociação por cargo. O João não aceita troca. Tem que ser um acordo de programa de governo”, diz Fadel.

O programa de governo ao qual Fadel se refere foi elaborado a partir de propostas das cabeças do PDT e do MDB. “Foram organizadas duas equipes, uma no PDT e outra no MDB, para trabalhar projetos em comum. Fizemos um trabalho de longo tempo, com mais de um ano de conversas. Da parte do PDT, o principal coordenador foi o Nelton; da parte do MDB, eu e o João Arruda fizemos a coordenação”, explica Delazari.

O resultado final desse trabalho deixa evidente que um eventual governo João Arruda terá muito do que foi os governos anteriores de Requião. “Vai ser um governo que terá muito dos governos do Requião, com políticas sociais, atendimento aos necessitados, mas terá também melhorias. Será um governo com duro combate à corrupção”, destaca Delazari.

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“Em Brasília, o João tem divergido do Requião em muitos pontos. Mas a base governamental em ações para o povo não tem diferença da montada nos governos do Requião. É a linha do MDB histórico, a linha popular. O João é um municipalista, ele tem pregado que vai governar com os prefeitos”, complementa Fadel.

A equipe

Alguns dos principais nomes do grupo que apoia João Arruda são do chamado “MDB histórico” e aliados de Requião

Roberto Requião

Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

É o nome de maior peso político do grupo. O apoio a João Arruda tem, além de afinidades político-partidárias, um laço familiar: ele é tio do candidato. Governador do Paraná por três vezes, foi também prefeito de Curitiba (1986-1989), deputado estadual (1983-1986) e está em seu segundo mandato de senador. Nos anos 1980 esteve ao lado do senador e ex-governador Alvaro Dias, de quem foi Secretário de Desenvolvimento Urbano do Paraná e hoje é adversário. Fiel ao principal partido que lutou contra a ditadura militar, que ele comumente chama de “MDB velho de guerra”, se diferencia de muitos emedebistas paranaenses por sua proximidade cada vez maior com líderes de esquerda. Quando governador, teve a proeza de atrair o PT para o governo, nomeando petistas para cargos o secretariado e diretorias na Sanepar. Durante o governo Lula, fez jogo duplo, de aliado e crítico ao mesmo tempo. Foi um dos principais nomes no Senado que combateram o impeachment da ex-presidente Dilma, processo o qual ele classifica de golpe contra a democracia brasileira. Tem acusado a Operação Lava Jato de atuar de forma parcial e direcionada e se destacou no Senado como relato do projeto da chamada Lei de Abuso de Autoridade, que abrange atos que podem ser cometidos por servidores públicos e membros dos três poderes da República, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas e das Forças Armadas. No auge crise do impeachment, defendeu eleições diretas para todos os cargos, fim do foro privilegiado para todos. Após a posse de Michel Temer, propôs referendo revogatório de medidas do novo governo, como o teto de gastos. No governo do Paraná ficou marcado por medidas polêmicas. Enfrentou os plantadores de soja transgênica, proibindo o embarque do produto pelo porto de Paranaguá, trocou o monopólio do Itaú na movimentação das contas do Estado pelo Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal e travou uma luta judicial de anos contra as empresas concessionárias de pedágio, sem obter sucesso.

Luiz Fernando Delazari

Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Conhecido no início dos anos 2000 por liderar um movimento de integrantes do Ministério Público para combater os jogos de azar no país, especialmente bingos e caça-níqueis, o ex-promotor é aliado do governador Roberto Requião de longa data. Em 2003, quando ainda era promotor, foi o responsável pela denúncia criminal contra os envolvidos na operação da compra de R$ 106 milhões de créditos irregulares de ICMS da empresa Olvepar pela Companhia Paranaense de Energia (Copel). Após ter exercido o cargo de secretário de Segurança Pública no governo de Requião, tentou voltar à função de promotor mas foi impedido pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Exerceu também o cargo de procurador de Justiça do Paraná. É um dos principais coordenadores da campanha de João Arruda.

Nelton Friedrich

Albari Rosa/Gazeta do Povo

Embora hoje no PDT de Leonel Brizola, tem origens no MDB que lutou contra a ditadura militar. Foi deputado estadual e duas vezes deputado federal. Em 1986 se elegeu deputado constituinte com apoio de pequenos agricultores, cooperativas, pequenos empresários e movimento sem-terra. Jurista, foi relator da Subcomissão de Garantia da Constituição, Reformas e Emendas, da Comissão da Organização Eleitoral, Partidária e Garantia das Instituições. No executivo paranaense, foi secretário de Interior do governo de José Richa (1983-1986). Entre 1993 e 1996, foi secretário especial de articulação política da Prefeitura de Curitiba, durante a gestão de Rafael Greca e, em 1998, foi candidato a vice-governador do estado, na chapa encabeçada por Roberto Requião, do PMDB, que saiu derrotado pelo candidato à reeleição Jaime Lerner, do Partido da Frente Liberal (PFL). É um dos fundadores do PSDB, partido do qual foi líder na Câmara dois Deputados, mas pouco tempo depois migrou para o PDT. No governo Lula, assumiu a direção de Coordenação e Meio Ambiente da Usina Hidrelétrica Itaipu. Defensor das estatais, liderou o movimento que impediu a privatização da Copel durante o governo de Jaime Lerner. Apontado como provável vice de Osmar Dias na disputa ao governo do Paraná nestas eleições de 2018, acabou registrando candidatura ao Senado após a desistência de Dias de com concorrer. Contribuiu com o plano de governo de João Arruda especialmente nas áreas de Energia, Meio Ambiente, Controle a Erosão, Saneamento e Habitação Popular.

Heron Arzua

Hedeson Alves/Gazeta do Povo

É o principal nome das finanças do grupo de apoio a João Arruda. Embora ligado a Roberto Requião – ele foi secretário da Fazenda nos governos de Requião –, começou a atuar em cargos públicos ainda nos anos 1960. Foi assessor tributário da Secretaria da Fazenda do Paraná em 1967, quando era governador Paulo Pimentel e procurador-geral do município de Curitiba (1972-78), nas gestões de Jaime Lerner e Saul Raiz. É atribuída a ele a implantação de um dos programas de maior sucesso dos governos Requião: a política fiscal que reduziu a carga tributária ao micro e pequeno empresário e alavancou a geração de empregos no estado. Crítico do estado mínimo, é um entusiasta do corte de impostos para criar mais empregos e aumentar a produção.

Gustavo Fruet

Antonio More/Gazeta do Povo

Filho do ex-prefeito Mauricio Fruet, ex-vereador de Curitiba e três vezes deputado federal, deixou o PMDB de Requião em 2004, quando a cúpula do pemedebista deixou ele de lado para apoiar Ângelo Vanhoni, candidato do PT, à prefeitura da capital. Se filiou ao PSDB e apoio Beto Richa na disputa com Vanhoni. Em 2007 foi candidato à presidência da Câmara dos Deputados com apoio da ala pró-moralização do Legislativo. Em 2010 foi derrotado por Gleisi Hoffmann (PT) e Requião (MDB) para o Senado e parecia ter enterrado a carreira política. Mas dois anos depois, em 2012, depois de ter rompido com o PSDB e se filiado ao PDT, voltou à cena e conquistou a prefeitura de Curitiba numa aliança com o PT. Com a crise do governo petista de Dilma, perdeu a reeleição no primeiro turno para Rafael Greca (PMN) em 2016. Concorre agora a uma vaga de deputado federal.

Moacyr Fadel

Arquivo/Gazeta do Povo

Em seu terceiro mandato como prefeito de Castro, se licenciou do cargo para trabalhar na coordenação da campanha de João Arruda. Fadel tem facilidade em compor com políticos de outros campos, como o deputado federal Osmar Serraglio (PP) e o deputado estadual Alexandre Curi (PSB). Por ter sido presidente da Associação dos Municípios do Paraná, é aposta de Arruda para angariar apoio de prefeitos do interior. Mesmo envolvido em investigações do Ministério Público sobre supostas irregularidades na merenda escolar e no transporte coletivo em suas gestões anteriores, Fadel conseguiu se reeleger em 2016.

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