João Arruda (MDB), candidato ao governo do Paraná, em momento com a família .| Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

A voz do deputado federal João José de Arruda Júnior (MDB), de 42 anos, chega a hesitar quando a figura do radialista e advogado João José de Arruda, o JJ, vem à mente. Pai e filho combinavam muita coisa, do nome aos gestos firmes e centralizadores, mas discordavam no tema mais mundano da casa: a política. Segundo a mãe do candidato ao governo do Paraná, dona Lúcia Requião Arruda, JJ nunca gostou das questões partidárias, bandeira que o filho aprendeu a defender no agito da casa do vizinho, o senador Roberto Requião (MDB), seu tio.

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O pai, radialista e superintendente de uma emissora de TV por mais de dez anos, faleceu aos 58 anos em 2001, vítima de um câncer no pâncreas.

Arruda tem um quê de intranquilidade nos seus gestos, sensação que só diminui na presença de Paola Malucelli, com quem está casado há 14 anos, e dos filhos. Cecília, a gêmea mais nova do casal por um minuto, tem gênio próprio de pimentinha e é grudada no pai; JJ, o mais velho, é tranquilo e luta jiu-jitsu; Helena é uma ginasta de mão cheia; e Felipe tem ciúmes danado da irmã-igual.

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Arruda com a esposa e filhos. 

O casal se conheceu em Florianópolis (SC) durante um Carnaval e em pouco tempo subiu ao altar. Eles inauguraram a fase festiva do Castelo do Batel, mansão que pertenceu ao ex-governador Moisés Lupion.

Arruda também é muito próximo a Joana, irmã que é empresária (dona de uma loja de roupas) e nunca enfileirou nas cadeiras do MDB, igual ao pai.

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Os programas da família se resumem a domingos de churrasco e passeios a pé ou de bicicleta por Morretes, no litoral, onde a família do sogro tem uma casa de veraneio. Arruda também lembra com carinho da chácara da avó paterna no Norte do Paraná, onde tinha seu próprio cavalo. “Minha avó era uma pessoa com personalidade muito forte. Isso me marcou muito. Teve uma vez que a ameaçaram e ela disse: ‘vamos resolver na minha casa, o revólver já está piscando’”, conta Arruda.

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Com o primo Requião Filho (MDB), deputado estadual, ele divide uma pequena polêmica familiar: quem faz o melhor churrasco. “Ele tem essa ilusão, de que o dele é melhor do que o meu. Todo mundo sabe que eu levo essa disputa com facilidade”, conta Requião Filho, que enxerga Arruda como “determinado” nas esferas pessoal e política.

O candidato brinca que não conhece nenhum hobby que não seja política, apesar de ter sido um jovem dedicado aos esportes. “Eu até pergunto para a Paola: o que podemos fazer? Tem algum parque novo, algo assim? Minha vida se resume basicamente às rotinas políticas”, conta. João Arruda costuma ficar pelo menos cinco dias e meio da semana longe de casa, em Brasília e no interior do Paraná. Quando retorna é tomado pelos filhos e, vez ou outra, consegue escapar para um cinema.

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Entrada na política

Arruda nasceu na política, mas demorou a engrenar na vida pública. Chegou até a cogitar outro caminho nesse ínterim, mas, depois de 2001, encontrou meio que por osmose o caminho criado pelo tio no Paraná.

As primeiras lembranças políticas de João Arruda são antigas. Dona Lúcia conta que ele falou pela primeira vez ao vivo em uma rádio aos 5 anos, quando os jornalistas se enfileiraram na rua das casas da família no Bigorrilho para ouvir Requião falar de política. “O que você quer ser quando crescer, menino?”, lhe perguntaram. “O Requião”, disse, segundo a mãe, mas não o próprio Requião e sim aquela figura que ele representava na sociedade, o político como herói.

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Nessa época (fim dos anos 1970 e começo dos 1980), Arruda já percorria os bairros de Curitiba ao lado do primo, Requião Filho. “Tem foto nossa com 6 ou 7 ou 9 anos na Vila Torres quando meu pai discutia questões de regularização fundiária. Nós começamos na política muito antes de aprender outra coisa”, conta o deputado estadual.

João Arruda, no entanto, demorou a assumir a herança política. Ele estudou em colégios tradicionais de Curitiba (Jean Piaget e Internacional) e concluiu o Ensino Médio na Flórida, nos Estados Unidos, onde engatou uma faculdade de Ciências da Saúde na Universidade de Stetson. Morou oito anos fora do país e manteve contato diário com o pai nesse período. JJ e dona Lúcia também visitavam o filho todos os anos em DeLand, cidade de pouco mais de 20 mil habitantes próxima da costa do Atlântico.

Nos meses finais do visto de estudante, ele tinha conseguido um trabalho em um centro de reabilitação para pacientes que passaram por intervenções cirúrgicas no coração e planejava solicitar um green card, mas os problemas de saúde do pai pioraram nessa época.

JJ chegou a ser operado na Flórida (EUA) e os médicos lhe deram apenas 15 dias de vida. A família voltou para o Brasil depois da cirurgia. O pai continuou fazendo tratamento quimioterápico em casa e não suportou muito mais. Quando João Arruda voltou a morar no país o pai já não estava presente.

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Em Brasília

Só depois disso Arruda ingressou de vez na vida política, no segundo mandato de Requião à frente do Palácio Iguaçu. Ele começou a carreira no programa Paraná Mais Esporte e depois migrou para a direção da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). Em 2010 foi eleito deputado federal com 126.092 votos e repetiu o feito em 2014, com 176.370 votos.

Em Brasília, seu melhor amigo é o deputado federal Aliel Machado (Rede), a quem chama de irmão mais novo. Eles se conheceram na época em que Arruda trabalhava no Paraná Mais Esporte. “Não sou de família política, sou ex-engraxate. Nessa época eu era monitor, montava algumas barracas como voluntário. Quando eu era menino ele já me tratava bem. É uma pessoa com muita sensibilidade”, conta Aliel.

“Me chama a atenção o histórico de mediação da vida dele. Ele tem um sogro de direita [o empresário Joel Malucelli, dono de um conglomerado de comunicação e engenharia] e uma mãe de esquerda. Consegue ouvir os dois lados, apesar de divergir em vários temas”, complementa.

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No Congresso Nacional, Arruda atuou nas comissões de Desenvolvimento Urbano e de Minas e Energia, foi líder da bancada do Paraná e presidente das comissões especiais que estudaram os projetos que deram origem à Lei Anticorrupção e ao Marco Civil da Internet. Também foi relator da proposta que elevou o teto do regime tributário especial do Supersimples e da Lei Maria da Penha virtual.

Aliel o define como determinado, centralizador e organizado. O tio Requião diz que ele não é um defensor de grandes teses políticas, mas “de causas justas para os municípios”. “Ele submeteu as suas divergências ao comando do partido e em algumas o MDB fechou questão. Ou ele votava de acordo ou perdia o mandato. Não teve saída. Político sem mandato o vento leva”, comenta Requião. “É um sujeito ousado, dedicado e muito estudioso.”