O último debate entre os candidatos ao governo do Paraná, promovido pela RPC TV nesta terça-feira (2), não teve grandes confrontos. Mas, ao longo do programa, os concorrentes citaram alguns dados importantes sobre o estado. Eles estavam falando a verdade? A Gazeta do Povo checou:
1. Portal da Transparência
Já no finalzinho do debate, Cida Borghetti (PP) afirmou que o cidadão paranaense pode acompanhar os gastos do governo pelo Portal da Transparência. A plataforma está lá mas, em 2018, o Executivo não tem alimentado os dados como deveria. A situação foi exposta pelo blogueiro João Frey em abril.
Segundo o governo, as informações não estavam no ar por conta da troca do sistema de administração financeira. Em agosto, após uma cobrança por parte do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), o governo passou a ter prazos para disponibilizar os dados, de acordo com o tipo de informação.
A primeira data, em que deveriam estar disponibilizadas as receitas do Executivo, foi cumprida. Mas, no segundo prazo, que venceu em setembro, o governo passou a descumprir o cronograma. Até agora não é possível acessar os dados sobre os pagamentos a credores, conforme o prometido. Os próximos prazos – para publicação das despesas, dos pagamentos efetuados e dos restos a pagar – vencem em outubro e novembro.
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2. Previdência em dificuldade
A reforma da Paranaprevidência, feita pela gestão Beto Richa (PSDB) em 2015, entrou em pauta durante uma das falas de João Arruda (MDB). O atual deputado federal afirmou que o sistema previdenciário do estado está deficitário – e, de fato, segundo o TCE-PR e o Ministério Público de Contas (MPC), a situação não é boa. Em parecer prévio sobre as contas do governo em 2017, o MPC afirmou que a previdência do Paraná está “à beira do colapso”. O motivo é a falta do repasse de R$ 729,3 milhões por parte do Executivo para os fundos previdenciários.
Na sessão que avaliou as contas do governo em 2017, os próprios conselheiros do TCE-PR criticaram a situação, mesmo aprovando, com ressalvas, o balanço do Executivo. Um deles, o conselheiro Artagão de Mattos Leão, afirmou que a previdência “está em agonia” e “clama por socorro”.
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3. Ogier é o candidato de Bolsonaro?
Ogier Buchi (PSL) quase ficou de fora do debate desta terça-feira (2), mas afirmou mais de uma vez que é o candidato de Jair Bolsonaro (PSL) ao governo do estado. Na legenda da qual ele faz parte a atitude é outra: na metade de setembro, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) indeferiu a candidatura de Ogier, a pedido do partido. O próprio Bolsonaro afirmou, em um áudio divulgado pelo blog Caixa Zero, que apoiava Ratinho Junior (PSD), e não Ogier, na corrida pelo Executivo estadual.
Mesmo assim, Ogier recorreu da decisão e segue em campanha. Na semana passada, ele foi impedido de participar de um debate na RIC TV por conta de uma liminar concedida ao PSL, determinando que o candidato não integrasse mais eventos de campanha ou o horário eleitoral gratuito. Mas, na segunda-feira (1), a defesa de Ogier conseguiu reverter a decisão e, com isso, ele acabou dentro do programa na RPC TV.
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4. Paranaenses endividados
Falando de economia, João Arruda (MDB) se utilizou de mais um dado. Ele afirmou que 90% das famílias paranaenses estão endividadas, índice acima da média brasileira. A informação é verdadeira: em 2017, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CMC), 87,9% das famílias do estado estavam endividadas, contra 60,7% na média nacional.
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O endividamento, entretanto, não é necessariamente ruim. “A compra de um imóvel, por exemplo, vira uma dívida, mas indica um poder de consumo”, disse Rodrigo Rosalem, diretor de planejamento e gestão da Fecomércio PR, em junho. “A capacidade de compra e a possibilidade de parcelamento só existe para o consumidor adimplente”, completou.
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