Naquela que pode ter sido sua primeira e única participação na campanha ao governo do Paraná, Ogier Buchi (PSL) não conseguiu esconder um dos principais objetivos em ter entrado na disputa: servir de escada à governadora Cida Borghetti (PP). Os dois trocaram perguntas em todos os cinco blocos do debate realizado pela TV Band em tom ameno e cordial, no estilo “levantando a bola para o outro cortar”. Em dois momentos, Ogier chegou até a parabenizar a adversária: primeiro, pela escolha do vice, o Coronel Malucelli (PMN); depois, pelo posicionamento em relação ao pedágio.
A proximidade entre Cida e Ogier não deixa dúvidas sobre a “candidatura laranja” do político do PSL. Ao completar um mês no cargo, em maio, a governadora foi entrevistada na emissora oficial do estado. Na bancada de questionadores, Ogier disse que Cida parecia “ser uma pessoa feliz” e pediu que ela não perdesse “esse entusiasmo, essa capacidade de inovar e sonhar”. Uma semana depois, a filha dele ganhou um cargo comissionado de R$ 9 mil na própria Rede Paraná Educativa – outro dos três filhos trabalha no Paraná Cidade, com remuneração de R$ 22,3 mil.
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Já no início deste mês, Ogier chegou a ser indicado por Cida ao cargo de Diretor de Operações no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul(BRDE), mas não chegou a tomar posse.
Antes do debate da última quinta-feira (16), a Gazeta do Povo questionou o candidato do PSL se esses fatos não dificultariam o enfrentamento dele com Cida durante o programa. “Isso não deve dificultar o seu comportamento profissional. Pelo contrário, deve ser um balizador. Da mesma forma, os meus filhos trabalham no governo do Paraná, não no governo da Cida Borghetti. Eles trabalham para o povo do Paraná, ninguém trabalha para o ocupante do governo”, afirmou, visivelmente irritado.
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Durante o debate, porém, a dobradinha entre eles ficou escancarada. Logo na primeira pergunta, Cida escolheu Ogier para tratar de corrupção e poder dizer que criou a Divisão de Combate à Corrupção. Mais tarde, questionou o adversário sobre pedágio, para afirmar que notificou as concessionárias de que não renovará os atuais contratos, que vencem em 2021 – medida inócua, já que a decisão estará nas mãos do presidente da República e do governador eleitos em outubro. Depois, foi a vez de Ogier levantar o tema municipalismo, talvez a maior bandeira da curta gestão da atual governadora à frente do Palácio Iguaçu.
Em 2014, Ogier esteve em situação praticamente idêntica. Lançou-se candidato pelo PRP e, numa clara ajuda à candidatura de reeleição de Beto Richa (PSDB), atacou duramente Roberto Requião (MDB) e Gleisi Hoffmann (PT). O tucano venceu no primeiro turno e, logo no início da nova gestão, nomeou Ogier conselheiro do BRDE. “O governador considerou todas as colocações que fiz durante a campanha, isso motivou o convite. Não entendo como um emprego no governo, mas um serviço que presto ao Paraná”, disse à época.
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Candidatura em risco
Fora o debate da Band, Ogier não está participando de nenhum outro evento como candidato. Isso porque o PSL não registrou a candidatura dele, que havia sido aprovada em convenção, após decidir apoiar o nome de Ratinho Junior (PSD). À revelia da legenda, Ogier registrou sua campanha individualmente no Tribunal Regional Eleitoral, que tem até este sábado (18) para decidir sobre o caso.
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