Um dos projetos mais propalados na propaganda eleitoral pela governadora e candidata a reeleição, Cida Borghetti (PP) , a Divisão de Combate à Corrupção (DCCO) corresponde, na verdade, a uma delegacia que já existia, mas com um novo nome. A divisão se vale do que era o Núcleo de Repressão aos Crimes Econômicos (Nurce), que tinha sede em Curitiba. Em quatro meses com o selo da DCCO, a estrutura de segurança teve participação em quatro operações: três deflagradas pela própria DCCO e uma em apoio à Polícia Militar (PM).
A DCCO foi criada por Cida em maio, a partir de decreto. O documento deixa claro que a divisão se valeria da estrutura do Nurce e que se responsabilizaria por investigar crimes que eram de atribuição do núcleo que, então, mudava de nome. Posteriormente, o governo criou outros dois núcleos – em Foz do Iguaçu e em Maringá –, atrelados à divisão.
“Ele [o antigo Nurce] só mudou de nome. A gente [a DCCO] abrange os mesmos crimes”, resumiu um policial da Divisão, à Gazeta do Povo.
Apesar do novo nome, não houve alteração no efetivo destacado a Curitiba. O Nurce contava com quatro delegados, quatro escrivães, dez investigadores e dois estagiários. O ex-delegado-chefe, Renato Bastos Figueroa, foi alçado ao posto de delegado divisional (responsável pela DCCO) e os outros três delegados permanecem no “núcleo de Curitiba” da Divisão. Juntos, os núcleos de Foz e Maringá têm dois delegados e 14 policiais (entre investigadores e escrivães). A Polícia Civil contesta os dados.
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“Não teve contratação. O que a Sesp [Secretaria de Segurança Pública] fez foi remanejar o efetivo dentro do que já tinha. A diferença é que está tendo uma integração maior com a PM”, afirmou um investigador. Além dessa mudança, a DCCO ganhou sede nova, na rua Deputado Mário de Barros, no Centro Cívico.
Ações
Segundo a Polícia Civil, desde sua criação, a Divisão instaurou 26 inquéritos. As três ações policiais deflagradas pela própria DCCO correspondem a investigações ligadas ao núcleo de Curitiba. Uma delas – a primeira – diz respeito a uma operação em que foram presos seis servidores públicos do governo estadual que já tinham mandado de prisão em aberto e que, apesar disso, continuavam trabalhando.
Em outro caso, a Divisão prendeu um suspeito acusado de estelionato. Na terceira operação, oito gerentes ou executivos ligados a distribuidoras de combustíveis, acusados de interferir no preço final que o consumidor pagava nas bombas. As investigações haviam começado há mais de um ano, quando a unidade ainda se chamava Nurce. Além disso, a DCCO prestou apoio a uma operação deflagrada pela PM de Colombo, na região metropolitana de Curitiba.
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Campanha
Em matéria divulgado pelo governo do Paraná em maio, quando a Divisão foi criada, Cida pregava tolerância zero à corrupção. A governadora disse que a intenção era “dar um basta” nos desvios. “Não vamos tolerar desvio de conduta de forma alguma. A população está cansada de tantos desvios e não tenho dúvida de que vai colaborar muito com a equipe desta nova Divisão”, disse.
A Divisão vem sendo amplamente citada pela candidata na campanha eleitoral, seja em debates, seja nas propagandas em rádio e tevê, seja em postagens em redes sociais. Na quarta-feira (4), por exemplo, a DCCO foi tema de uma publicação na página oficial da campanha de Cida no Facebook.
“Quando assumi o governo do Paraná em abril, uma das minhas prioridades foi criar a divisão de combate a corrupção, pois não tolero nenhum tipo de desvio de conduta. A equipe tem total autonomia para averiguar qualquer pessoa, independente do cargo que ocupa. Este é um trabalho que já tem dado bons resultados, um exemplo é a operação que descobriu um esquema de corrupção com as principais redes de postos de gasolina. Desde que a criamos, o número de denúncias aumentou em 150%, isso demonstra que estamos no caminho certo e vamos intensificar as ações para empoderar cada vez mais nossas polícias no combate a corrupção”, diz o texto.
Polícia Civil contesta os dados
A direção da Polícia Cvil contestou os dados apresentados pela reportagem. Por meio de nota, a corporação disse que, com a criação da DCCO, o número de delegados dobrou - de três para seis -, que o efetivo de investigadores saltou de oito para 22 e o de escrivães, de quatro para seis. “A Divisão ainda recebeu um reforço de 12 viaturas. Este efetivo deve ser aumentado ainda”, diz a nota.
Além disso, a Polícia Civil afirma que a criação da Divisão “permitiu uma maior integração entre outros órgãos de segurança em todas as esferas – municipal, estadual e federal. Como exemplo é preciso citar convênios já assinados com a Controladoria Geral do Estado e Junta Comercial do Paraná, e com o Tribunal de Contas do Estado que está em trâmite”.
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