Quando se fala da relação agronegócio e infraestrutura, o que logo vêm à mente são grandes rodovias e portos bem equipados. Mas, até chegar ao seu destino, a produção tem de passar pelas empoeiradas – algumas vezes enlameadas -- estradas rurais. Essenciais para a atividade agropecuária do estado, quase a totalidade dessas vias não é pavimentada, o que torna a trafegabilidade mais dependente das condições meteorológicas e a manutenção constante algo essencial. Embora essas rodovias estejam sob responsabilidade dos municípios, a ajuda do estado para a conservação delas acaba sendo essencial. Ao próximo governador caberá decidir como fazer isso.
A principal ajuda do estado à manutenção das rodovias municipais hoje está na aquisição de equipamentos. As chamadas patrulhas são um kit de máquinas destinadas à melhoria e readequação dessas vias. Cada um deles é composto por cinco caminhões, uma escavadeira hidráulica, uma motoniveladora, um rolo compactador, uma retroescavadeira e um trator de esteira.
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Entre 2017 e 2018, o estado comprou 16 patrulhas -- desse total, 15 já foram distribuídas a consórcios intermunicipais e uma ainda aguarda o fechamento de convênio. Sete delas foram compradas com recursos próprios e custaram R$ 15,3 milhões aos cofres do estado. As outras nove patrulhas custaram R$ 23,1 milhões e foram adquiridas por meio de financiamento do Banco Mundial, dentro do Pró-Rural. Nos dois casos, os municípios consorciados recebem as patrulhas e ficam responsáveis pelo combustível e pela contratação do pessoal que irá operar o maquinário.
Outras duas ações do estado para auxiliar as cidades a manter as estradas rurais em boas condições é a disponibilização de recursos para compra de óleo diesel e pavimentação das estradas com pedras irregulares. A Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento estima que cerca de 7,9 mil quilômetros de estradas rurais tenham passado por manutenção ou melhorias graças a esses programas nos últimos anos.
O número impressiona, mas ainda é pequeno diante do desafio. O estado possui quase 100 mil quilômetros de estradas rurais. Desse total, segundo dados do governo publicados em dezembro de 2017, apenas 7 mil quilômetros correspondiam a via pavimentadas – que não são necessariamente asfaltadas.
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“Coronel Vivida tem 3,2 mil quilômetros de estradas rurais. Em Mangueirinha são 3,8 mil quilômetros. Prudentópolis tem uns 6 mil quilômetros de estradas rurais. É pesado para o município manter isso sozinho e, se as estradas não estão boas, prejudica o município de forma geral”, comenta o presidente da Associação dos Municípios do Paraná, Frank Schiavini (MDB), prefeito de Coronel Vivida.
São diversas as áreas que acabam perdendo por causa das más condições de estradas rurais. Para a educação, a rodovia em mau estado impede que os estudantes cheguem até a escola. No caso da segurança, o problema é a dificuldade em encontrar funcionários que queiram morar na propriedade e garantir o mínimo de vigilância no local. Para a economia, pesam o valor do frete – que tende a ficar mais caro quanto pior a estrada – e o risco constante de perder perecíveis como leite, carne e ovos.
Rodovias estaduais e pedágio
“Do pequeno ao grande produtor, todos saem prejudicados quando a estrada está ruim”, diz o agricultor Márcio Bonesi, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Paraná (Aprosoja-PR). “Sofremos com as más condições das estradas rurais e das rodovias estaduais. Essas são mal executadas, muitas sem acostamento e com manutenção falha. Quando caímos nas estradas principais, o pedágio é muito caro. Tudo isso pesa no valor do frete e é o produtor quem perde.”
A reforma de rodovias estaduais está no documento Políticas Estratégicas em Apoio ao Desenvolvimento do Paraná elaborado pelo G7 – do qual faz parte a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). O material traz sugestões e reivindicações de diversos setores do estado para o próximo governo.
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Em relação às rodovias estaduais, o grupo pede, entre outras coisas, a duplicação das PRs 092 (entre Jaguariaíva e Santo Antônio da Platina), 466 (na região de Guarapuava) e 323/BR 272 (entre Maringá e Guaíra). Também estão na lista a pavimentação as PRs 339 (entre Pitanga e Mato Rico), 912 (entre Coronel Domingos Soares e Palmas), 364 (entre São Mateus do Sul e Irati) e 691 (entre Porto Rico e Porto São José).
Sobre o pedágio, a preocupação é que o próximo governador aproveite a licitação das novas concessões de rodovias para reduzir em 50% o valor da tarifa e garantir a duplicação completa do Anel de Integração. A duplicação de trechos-tronco, como Mauá – Londrina, Jaguaraiva – Jacarezinho e Paranavaí – Nova Londrina também está na lista.
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