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Wanderlei Silva e Ratinho Junior juntos em campanha eleitoral. | Facebook/Divulgação
Wanderlei Silva e Ratinho Junior juntos em campanha eleitoral.| Foto: Facebook/Divulgação

Ficar sem votos suficientes para se eleger vereador de Curitiba em 2016 não foi decisivo para tirar do ex-BBB Cezar Lima a vontade de ingressar na vida pública. Este ano, o campeão da edição 2015 do programa voltou a se projetar como candidato, agora a deputado federal pelo Paraná. E ele não está sozinho. Como Cezar Lima, várias outras celebridades apostam em suas imagens criadas nas telinhas para conseguir uma cadeira no Legislativo.

Na lista, nomes reconhecidos em qualquer canto do país, como o do lutador Wanderlei Silva. Dos ringues, o “Cachorro Louco” do MMA quer partir agora para representar o Paraná na Câmara Federal. Entusiasta de Jair Bolsonaro , o atleta chegou a receber um convite do próprio presidenciável para que se juntasse ao PSL, mas declinou e acabou se filiando ao PSD de Ratinho Jr .

Pelas redes sociais, Wanderlei Silva mantém uma campanha modesta, na maior parte com o uso de vídeos de outros colegas famosos que defendem sua candidatura. Faz questão de ressaltar suas produções simples e a ausência esquemas mais robustos de divulgação como uma escolha política. “Eu sou contra esse dinheiro de fundo partidário”, diz em um dos vídeos. Ainda que a página não tenha um espaço para discussão de propostas, promete ser um defensor de atletas nos plenários de Brasília. “Realmente é o apoio de vocês que me faz acreditar que vamos poder ter um representante da arte marcial dentro do Congresso”, enfatiza.

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Em entrevista à G azeta do Povo, o ex-BBB Cezar Lima também afirmou ter uma causa principal. Além de prometer engajamento no combate a benefícios e privilégios dos três poderes, diz defender uma legislação em prol dos hospitais que tratam pacientes com câncer no estado. “Estou fazendo uma campanha justamente para combater esses privilégios. Pelos cálculos que fiz, vou conseguir economizar R$ 4 milhões nos quatro anos de mandato cortando mordomias. É um dinheiro com os quais os hospitais vão poder contar. Minha luta é por eles”, conta.

Na urna, quem confiar o voto ao ex-BBB irá se deparar com o nome “Cezar Lima do Big Brother”. A decisão, conta o paranaense de Guarapauva, é mesmo uma estratégia para fazer com que os eleitores liguem o agora candidato ao participante vencedor do programa global. “Essa decisão vai ajudar sim, sem sobra de dúvida. Continua muito vivo para os eleitores quem eu fui no programa. Fiquei com uma imagem boa, otimista, bem diferente do que é a tradição do Big Brother. O que me fez ganhar lá foram essas minhas características típicas do interior do Paraná, mais familiar, que eu cultivo agora com candidato também”, analisa.

Além de Cezar Lima e Wanderlei Silva, outras caras conhecidas repercutem nas campanhas. Para deputado federal, completa o quadro o apresentador Alysom Brasil, que comanda o programa Modão do Brasil, transmitido pelo canal público E-Paraná aos sábados e domingos.

Já na disputa para a Assembleia Legislativa, a concorrência é forte entre nomes da mídia.

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Gilberto Ribeiro, que esteve à frente do programa Balanço Geral local de Curitiba, da RIC TV, tenta renovar o mandato na Casa pelo PP, partido da candidata ao governo Cida Borghetti . Galo, que também é conhecido por comandar programas policialescos na hora do almoço, concorre a uma das cadeiras da Alep pelo Podemos, enquanto o jornalista Herivelto Oliveira entrou na disputa pelo PPS, mesmo partido pelo qual tentou se eleger vereador de Curitiba em 2016.

Responsável por vídeos que chegam a milhares de visualizações no Youtube, o humorista de Guarapuava Rodrigo Tlustik Venek, mais conhecido como Estacho, também é outro perfil famoso de candidato a deputado estadual.

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Estratégia

O cientista político e professor da Uninter Luiz Domingos Costa avalia que é difícil estabelecer uma única explicação para o engajamento de celebridades e ex-celebridades na vida pública. Conforme ele, existem três fatores que geralmente motivam esse envolvimento, mas que cada um deles depende muito do perfil de cada candidato.

O primeiro ponto diz respeito ao real interesse de defender pautas específicas. Nesse caso, ele relembra a eleição do também ex-BBB Jean Wyllys como candidato federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, em 2010, militante real de um movimento social. Outra motivação, acrescenta, é a caracterizada pelo embarque nas campanhas como forma na tentativa de desfrutar dos benefícios que a carreira política dispõe no país. E em terceiro lugar, a mais comum de todas: a que se conforma diante de uma estratégia partidária.

“Essa á a que tenta aumentar a bancada do partido. Mesmo que a pessoa não se eleja, ela agrega votos e infla a bancada. A experiência do Tiririca e Enéas mostra isso. E os partidos procuram esses indivíduos para ver se conseguem repetir o sucesso desses nomes mais consagrados dentro do processo eleitoral”.

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Para o professor, a maior visibilidade de nomes de celebridades atende menos à vontade do eleitor de ver os quadros políticos renovados e mais ao personalismo que o sistema político passou a prevalecer. Por isso, defende, votar em personagens que não têm carreira política não significa renovação. “O sistema eleitoral favorece as características do candidato, o que a gente chama de personalismo. Se a gente vota nas características desses candidatos e não no partido, é comum cada vez mais vermos esses puxadores de votos. Mas isso não quer dizer renovação. Essas pessoas, com certeza, por mais forte que sejam, não vão substituir os nomes importantes dos partidos”, finaliza.

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