Fechada no sábado (7), a chamada “janela da infidelidade partidária” foi utilizada por 12 deputados estaduais e cinco deputados federais do Paraná. Ela ficou aberta durante 30 dias. No período, previsto pela Lei 13.165/2015, os parlamentares podem mudar de sigla sem risco de perder o mandato.
No texto de 2015, ficou estabelecido que a mudança de legenda “sem justa causa” é permitida “durante o período de 30 dias que antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição (no mínimo seis meses), ao término do mandato vigente”. O primeiro turno das eleições está marcado para o dia 7 de outubro.
A Câmara dos Deputados divulgou nesta segunda-feira (9) que ao menos 60 deputados federais, entre 513, participaram do “troca-troca”. Trata-se, entretanto, de um levantamento parcial, já que os parlamentares não são obrigados a comunicar de imediato a mudança partidária ao Legislativo.
O TROCA-TROCA: confira todas as mudanças de partido
Entre os 30 deputados federais do Paraná, por exemplo, três já comunicaram oficialmente a nova filiação: Aliel Machado, Delegado Francischini e Diego Garcia. Outros dois – Alfredo Kaefer e Osmar Serraglio – ainda não. Todos os cinco paranaenses são candidatos em outubro e as urnas certamente têm influência na desfiliação e filiação a uma nova legenda.
Aliel Machado foi o primeiro da bancada a anunciar mudança: eleito em 2014 pelo PCdoB, já esteve filiado à Rede Sustentabilidade (Rede) e, agora, pertence ao PSB. A mesma mudança, da Rede para o PSB, foi feita pelo deputado federal do Rio de Janeiro Alessandro Molon, que era um dos principais nomes da legenda da presidenciável Marina Silva, agora quase sem representantes na Câmara dos Deputados.
Já o Delegado Francischini migrou para o PSL. Ele resolveu sair do Solidariedade (SD), uma das legendas que encabeçou o núcleo pró-impeachment de Dilma Rousseff (PT), para seguir o presidenciável Jair Bolsonaro (RJ), antes deputado federal pelo PSC.
Francischini chegou a cogitar sair candidato a deputado estadual em outubro, mas, agora, estaria mais propenso a disputar uma das vagas ao Senado, na esteira da popularidade do seu correligionário, cuja bandeira também se concentra no ataque ao PT e ao ex-presidente Lula.
PODCAST: os bastidores das mudanças partidárias para as eleições no Paraná
Integrante da bancada religiosa, Diego Garcia abandonou o PHS para entrar no Podemos (Pode), sigla capitaneada pelo presidenciável Alvaro Dias, senador pelo Paraná. O Pode também fez convites a outros parlamentares, como Christiane Yared, a mais votada da bancada do Paraná em 2014. Mas, ela acabou preferindo permanecer no PR para disputar o Senado, embora já tenha declarado apoio à candidatura de Alvaro Dias.
Alfredo Kaefer também informou ter sido convidado a ingressar no Pode, mas acabou optando pelo PP, que já detém uma das maiores bancadas do Congresso Nacional. Eleito em 2014, pelo PSDB, Kaefer depois migrou para o PSL, mas desistiu da legenda após a entrada tumultuada de Bolsonaro. Osmar Serraglio também registrou problemas internos para sair do PMDB e migrar para o PP. Hoje o PMDB é controlado no Paraná pelo senador Roberto Requião, desafeto de Serraglio.
Tanto Kaefer quanto Serraglio surgem no PP também para reforçar os planos da governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP), disposta a tentar mais quatro anos no Palácio Iguaçu.
Na Assembleia Legislativa, 12 mudanças
Controlado pelo deputado federal pelo Paraná e ex-ministro da Saúde Ricardo Barros, marido de Cida, o PP também obteve novas cadeiras na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep), a partir da filiação de dois importantes comunicadores da região de Curitiba − Gilberto Ribeiro (ex-PRB) e Luiz Carlos Martins (ex-PSD). A ideia é que a dupla possa ajudar a colocá-la na vitrine até outubro.
O “troca-troca” foi significativo na Assembleia Legislativa. Quase 25% dos 54 deputados da Casa mudaram de legenda até a última sexta-feira (6). No total, foram 12 mudanças.
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O maior beneficiado foi o deputado estadual Ratinho Jr., pré-candidato ao governo do Paraná pelo PSD. Os parlamentares Ademir Bier (ex-PMDB), Francisco Bührer (ex-PSDB) e Mauro Moraes (ex-PSDB) foram para o PSD. Do ninho tucano, ele ainda tirou a deputada estadual Cantora Mara Lima, agora filiada ao PSC, e que já declarou apoio ao parlamentar para outubro. Já Adelino Ribeiro (ex-PSL) filiou-se ao PRP, outra legenda que estará ao lado de Ratinho.
O próprio PSL ganhou dois deputados estaduais − Felipe Francischini (ex-SD) e Missionário Ricardo Arruda (ex-PEN) −, o que também pode favorecer o pré-candidato do PSD. Isso porque Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL, disse em recente passagem pelo Paraná que tem “simpatia” por Ratinho.
O ex-senador Osmar Dias (PDT), por sua vez, conseguiu garantir o apoio do Podemos para a eleição, o que pode dar a ele votos importantes ligados a Alvaro Dias. Presidenciável pelo Pode, o senador paranaense deve ser um dos nomes mais votados no estado e, com isso, favorecer o irmão.
Para a legenda, migraram Fernando Scanavaca (ex-PDT) e Rasca Rodrigues (ex-PV). Osmar ainda fechou uma aliança com o SD, que será presidido no Paraná pelo deputado estadual Marcio Pauliki (ex-PDT).
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