Uma das principais apostas do governo Beto Richa (PSDB), as Unidades Paraná Seguro (UPS) – programa inspirado nas UPPs do Rio de Janeiro – não são consenso entre os candidatos ao Palácio das Araucárias com maior representatividade. Apenas a atual governadora, Cida Borghetti (PP) – que era vice de Richa – deve manter o programa nos moldes em que se encontram. Os demais candidatos ou ainda vão avaliar se mantêm as UPS, ou vão modificar a proposta inicial.
Das 40 unidades previstas, 14 foram efetivamente instaladas em todo o estado: 10 na região de Curitiba e quatro no interior (Londrina e Cascavel). No projeto, cada UPS seria um elo com a comunidade, trabalhando no conceito de polícia cidadã. Na prática, no entanto, o projeto se resumiu a um contêiner, em que permanecia um único policial por turno – o que limitava o atendimento à população.
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Veja o que disse cada candidato:
Cida adiantou que, caso seja eleita, deve manter as UPS, por entender que é uma política de segurança focada nas pessoas e que aproxima a polícia dos cidadãos, estabelecendo uma relação de confiança entre moradores e os agentes públicos. “O objetivo é oxigenar o projeto para poder avançar ainda mais [...]. Vamos continuar com este modelo, que reflete o nosso propósito em fortalecer e aproximar verdadeiramente o governo dos cidadãos”, disse a governadora.
Segundo a candidata à reeleição, já houve uma determinação à Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) para avançar a uma segunda fase do programa, que seria voltada à cidadania e reinserção social nas áreas onde as UPS estão instaladas.
“Desde sua instalação foram necessárias algumas adaptações para manter o projeto, mas as UPS são um importante instrumento para reduzir a criminalidade. Temos resultados positivos como o menor índice de homicídios em uma década, registrado no primeiro trimestre deste ano”, afirmou Cida.
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Ratinho Junior (PSD) informou que ainda não tem uma posição definida em relação às UPPs do Paraná. Se ele for eleito, deve promover uma avaliação dos resultados do programa, para decidir se incorpora a iniciativa ao seu programa de segurança pública. “É preciso ter em mente que o combate à violência e a redução da criminalidade não se resolvem focando apenas em segurança pública. É necessário o atendimento integrado de assistência social, saúde, educação e proteção”, destacou.
O candidato do PSD menciona, entre suas ações de segurança, o investimento em Bases Móveis de Policiamento Ostensivo “com tecnologia de ponta” e a integração de sistemas de segurança dos municípios, do governo do estado e do governo federal. Ele acrescenta que deve investir, também, na potencialização do policiamento comunitário e em programas de capacitação para jovens e adolescentes, voltados à cidadania e ao civismo.
“Estes programas e ações citados acima fazem parte do nosso Programa de Governo que foi desenvolvido ao longo dos últimos 18 meses, em 30 encontros regionais e discussões de grupos por segmento que formaram a base do nosso planejamento”, disse Ratinho Junior.
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Na avaliação de Doutor Rosinha (PT), as UPS foram criadas pelo governo Richa “única e exclusivamente como peça de propaganda” e que o projeto foi explorado de forma “espetaculosa” apenas “para sair no jornal”.
“No fim, as UPS foram instaladas em apenas cinco cidades, só duas no interior. Bem ao estilo de Richa, de investir na visibilidade da capital e esquecer o resto do estado. E mesmo essas unidades, é como se elas não existissem. Colocam na comunidade um contêiner e abandonam lá um ou dois policiais, que acabam trabalhando mais como despachantes do que qualquer outra coisa. Não existe efetivo, não existem viaturas”, destacou o candidato do PT.
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Apesar disso, Rosinha disse que pretende aproveitar o conceito do projeto, mas que deve alterá-lo consideravelmente em seu eventual governo. “O conceito das UPS é bom, mas precisa ser pensado para além da publicidade pura e simples. No meu governo, o programa deve ser mantido, talvez não com esse nome, e com certeza não nesses moldes precários. Vamos instituir o policiamento de proximidade, que aproxima a polícia da população, familiariza os agentes da corporação com os moradores da região e humaniza a relação da polícia com a sociedade”, disse.
O candidato do MDB também avaliou que o projeto foi implantado por Richa com um vés eleitoreiro e que as UPS nunca chegaram a funcionar de acordo com a previsão. Por isso, o candidato entende ser difícil fazer uma análise sobre a eficiência da iniciativa. “O programa foi feito à medida em que Richa tinha interesse de eleger o seu candidato a prefeito em 2012. Fizeram um terço do que era previsto e não concluíram. É impossível fazer análise de algo que não foi cumprido”, disse.
A proposta de João Arruda (MDB) é, ao longo do primeiro ano de um eventual governo, “consertar” o básico, dentro de uma perspectiva que ele chama de realista. Após o equilíbrio e a manutenção desses insumos, é que o candidato pretende definir as políticas de segurança mais elaboradas.
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“Hoje, a polícia não tem o básico. Não tem gasolina, não tem viatura. Precisamos reestruturar as forças de segurança, para que a polícia tenha condições de enfrentar os problemas. Precisamos comprar coletes, armamento adequado e depois investir em treinamento, qualificação e, principalmente, no policiamento comunitário”, disse Arruda.