A proposta de construir uma ferrovia, interligando a região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, com o porto de Paranaguá, foi lançada pelo governo do Paraná no ano passado e está nas mãos de quatro grupos nacionais e estrangeiros, que estão elaborando estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental. Mas de nada adiantará se o próximo ocupante do Palácio Iguaçu considerar que o encaminhamento dado ao projeto não foi adequado e decidir engavetar a iniciativa.
Para saber o que pensam os candidatos sobre isso, a Gazeta do Povo questionou os quatro melhores colocados na pesquisa Ibope de agosto*. Atualmente, quatro consórcios avaliam soluções para construir mil quilômetros de linha férrea, dividida em dois trechos: um de Dourados (MS) a Cascavel e outro de Guarapuava a Paranaguá. No meio dos dois trechos há a linha férrea operada pela Ferroeste. Os projetos estão sendo custeados por empresas concorrentes e a vencedora será remunerada pelas despesas, a partir da licitação, prevista para o segundo semestre de 2019, que deve escolher quem fará a obra e terá o direito de administrar a operação da ferrovia.
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O ponto de semelhança em todas as respostas dos candidatos foi a importância de investir no modal ferroviário. Cida Borghetti (PP) assumiu uma posição de governo, defendendo que lançou o projeto da nova Ferroeste, anunciada durante a gestão Beto Richa (PSDB). Ela incluiu na proposta o estudo de um ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu, para permitir o escoamento da safra do Paraguai. O trecho não estava no tronco principal estudado, mas foi incluído. Esse ramal é aventado desde a década de 1990, mas precisam ser analisados aspectos de viabilidade, como a passagem por áreas habitadas e, principalmente, o abastecimento, por meio de um porto seco ou terminal intermodal, já que não ligação ferroviária.
Já as respostas dos candidatos que não estão atualmente no governo não cravam apoio direto ao projeto atual. Dr. Rosinha (PT) admite que o poder público não tem recursos para o projeto e que só a iniciativa privada poderia fazê-lo. João Arruda (MDB) lembra a opção discutida pelo governo federal, que há muito tempo aventa a possibilidade de investir em uma nova linha férrea, partindo de Maracaju (MS) e acrescenta a alternativa de incorporação do trecho atual da Ferroeste à concessionária Rumo. Já Ratinho Jr. (PSD) responde que será necessário elaborar estudos de viabilidade, desconsiderando os que estão sendo feitos pelos consórcios concorrentes.
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Uma consulta aos planos de governos dos candidatos também mostrou como o assunto é tratado. Nas 75 páginas do documento de Dr. Rosinha, há seis menções à infraestrutura ferroviária, sendo uma especificamente sobre a necessidade de implantar um ramal do Mato Grosso do Sul até o Litoral do Paraná. Já o texto de 34 páginas das propostas de João Arruda fala sobre a necessidade de investir no modal ferroviário, mas apenas de forma genérica, sem especificar nenhum projeto.
O plano de 21 páginas de Cida Borghetti descreve o projeto que está em andamento, inclusive adicionando o estudo do ramal Cascavel-Foz. Já o detalhamento de 178 páginas relacionado a Ratinho Jr é o único que inclui uma proposta nova: um projeto intermodal, a hidrorodoferrovia, a partir de Guaíra.
Confira, na íntegra, as respostas enviadas à Gazeta do Povo para a seguinte pergunta: É a favor de uma nova ferrovia, ligando Dourados (MS) ao Porto de Paranaguá (PR), aproveitando um trecho já operado pela Ferroeste?
No nosso governo, tomamos medidas concretas em relação à nova ferrovia. Publicamos a PMI (Proposta de Manifestação de Interesse) para tirar do papel a ideia de uma estrada de ferro ligando o Litoral do Paraná a Dourados (MS), passando por Cascavel e Guaíra. Agora, estamos discutindo um ramal de Cascavel a Foz do Iguaçu. Hoje, estão sendo realizados estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental da obra, que devem ficar prontos ainda neste ano. É um projeto grande, que já atraiu atenção de grupos internacionais neste primeiro momento, e certamente vai trazer para o Paraná investimentos externos quando da realização da obra.
O modal ferroviário é o mais adequado para o transporte de cargas. Ele é barato e funcional. No entanto, não se pode enganar a população: o Estado não tem dinheiro para financiar uma malha ferroviária de porte. É preciso que a iniciativa privada participe disso.
O setor tem discutido duas propostas: O governo precisa decidir se optará por apoiar o projeto do Governo Federal, de construção de uma ferrovia de bitola larga entre Dourados (MS) e Paranaguá, ou investir na incorporação da Ferroeste à Rumo, criando um corredor ferroviário conectado entre o Oeste e o Porto. Ambos os projetos têm suas vantagens e limitações. Para além disso, apoio incondicionalmente a expansão ferroviária do Paraná. Dada nossa matriz econômica e vocação portuária exportadora, trata-se de um investimento fundamental para o desenvolvimento do Estado.
Vamos elaborar o projeto básico e os devidos estudos de Viabilidade para definição de um modelo de concessão da Ferrovia Corredor de Exportação Oeste – Leste que ligará Dourados-MS a Paranaguá, passando por Guaíra, Cascavel, Guarapuava. Após esses estudos iremos tomar a decisão sobre o trecho já operado pela Ferroeste.
Metodologia da pesquisa
Pesquisa realizada pelo Ibope de 16/ago a 22/ago/2018 com 1008 entrevistados (Paraná). Contratada por: REDE PARANAENSE DE COMUNICAÇÃO. Registro no TSE: PR-04869/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%. OBS: A pesquisa está sendo impugnada por duas representações eleitorais, ajuizadas por interessados diversos, segundo os quais a pesquisa não atendeu aos requisitos previstos na Resolução n. 23.459/TSE, especialmente quanto à insuficiente estratificação para o nível econômico dos eleitores respondentes.
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