Os 5 motivos que levaram Osmar Dias a desistir da eleição

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O ex-senador Osmar Dias (PDT) desistiu oficialmente de concorrer ao governo do Paraná. A notícia foi antecipada pela Gazeta do Povo, no blog Caixa Zero, e confirmada por ele em uma carta aos paranaenses, em que afirma que política “não pode ser um jogo dominado por sentimentos e paixões negativas como vaidade, inveja, pensamento medíocre”.

A desistência do pedetista leva a uma polarização da disputa entre os pré-candidatos ao governo Ratinho Jr. (PSD), ex-secretário de Beto Richa (PSDB), e a governadora Cida Borghetti (PP), que foi vice do tucano.

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Osmar desiste da campanha um dia antes da convenção estadual do seu partido, o PDT, marcada para este sábado (4), e pouco depois de recusar o apoio do MDB, do senador Roberto Requião, e ver sua coligação minguar com apoio solitário do Solidariedade. O movimento dissonante do irmão de Osmar, o presidenciável Alvaro Dias (Podemos), de se aliar com Ratinho Jr. (PSD), também influenciou na desistência. Alvaro jamais declarou apoio formal ao irmão.

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Na carta, Osmar diz que não disputará as eleições em 2018, nem mesmo ao Senado. Ele era cotejado pelas duas principais coligações para compor chapa. “Durante meses a fio lutei incansavelmente para construir uma frente política que não me deixasse só numa batalha desejada por toda a sociedade. Encontrei muita gente, nas ruas e nas estradas, sintonizadas com essas ideias, exigindo que as mudanças sejam feitas para não permitirmos que o Paraná e o Brasil sejam empurrados para uma crise ainda mais profunda. Mas percebi que o sistema político sem reformas não aceita na prática o discurso de mudança que todos os políticos pregam em época de eleição. Por ingenuidade ou excesso de confiança acreditei que como eu os políticos de todos os partidos haviam compreendido o momento grave que estamos vivendo”.

Veja a seguir os 5 motivos que levaram Osmar Dias à desistência:

1 - Longe do MDB e PSB

Osmar Dias e Roberto Requião romperam oficialmente na terça-feira (31), quando o pedetista lançou um vídeo explicando as razões da incompatibilidade ideológica. O apreço de Requião pelo PT pesou na decisão. Já em um depoimento que mandou para as rádios do interior , o senador chamou Osmar de “Ratinho Barbudo”.

Durante as negociações, Requião disse que tinha interesse na coligação porque Osmar era melhor do que Cida Borghetti (PP) e Ratinho Jr. (PSD). O senador chegou a dizer que haveria “conversão programática” com Osmar.

Enquanto o PDT tem cerca de 100 mil filiados no Paraná, o MDB contabiliza mais de 240 mil pessoas, segundo os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Já o PSB se tornou o último partido médio a refutar a então coligação de Osmar, em convenção estadual realizada nesta segunda-feira (30). A diretoria do PSB aponta para uma aliança em torno da reeleição da governadora Cida Borghetti (PP) e apoia a candidatura de Beto Richa (PSDB) ao Senado.

2 - Alvaro Dias

A “adaga” de Alvaro Dias ajudou a enfraquecer as alianças de Osmar. Alvaro definiu nesta semana que Paulo Rabello de Castro (PSC) irá compor a sua chapa como vice. Após o anúncio, Alvaro se disse “alegre” pela união e chamou Rabello de “economista do ano”.

O PSC é o antigo partido de Ratinho Jr. (PSD) e apoia o deputado estadual em nível local. Os dois participaram da mesma convenção estadual, há duas semanas. Ao aderir ao PSC, Alvaro deixou claro que seus interesses nacionais são maiores do que o apoio ao irmão. Alvaro, inclusive, deve subir nos palanques do estado ao lado de Ratinho. O senador havia proibido o Podemos de se coligar com Osmar no Paraná.

3 - Tempo de TV

Osmar Dias (PDT) teria cerca de um minuto de tempo de TV, muito reduzido em função da ausência de uma conjuntura partidária forte. As coligações de Ratinho Jr. (PSD) e Cida Borghetti (PP) terão muito mais exposição em horário nobre. Isso dificultaria sua campanha, principalmente pela plataforma que vendia, de oposição ao governo estadual.

Na carta, Osmar cita as dificuldades sobre o tempo de TV. “Não cedo jamais em valores e princípios. Aceito discutir e construir alianças políticas que sejam para atender o interesse público. Mas não negocio com o interesse público, não faço acertos perniciosos à sociedade para contemplar pessoas ou grupos políticos que não medem consequências nem custos para ter o poder e repartir suas benesses com amigos e parentes. Não agrido minha consciência em troca de tempo de TV, ou de apoio com base em barganhas escusas ou apoios hipócritas”.

4 - Dinheiro

Dinheiro também foi fator fundamental na desistência. As demais coligações (PP/ PSB/ DEM/ PROS/ PTB/ PROS/ PMB/ PMN/ PTC - de Cida Borghetti) e (PSD/PSC/PRB/PR/PV/PHS/Avante - de Ratinho Júnior) tem muito mais estrutura financeira, acesso aos fundos eleitorais e capacidade para atrair apoio de doações.

O PDT é 11º partido com mais recursos do Fundo Eleitoral: R$ 61,5 milhões, ou 3,582% do volume total. O PP, da governadora, receberá o equivalente a R$ 131 milhões – ela terá cerca de R$ 4,5 milhões à disposição.

As duas coligações que restaram também terão muito mais espaço no interior. Para se ter ideia, Cida arrastaria com ela 148 prefeitos eleitos em 2016. Ratinho teria o apoio de 101 prefeitos e o PDT, sozinho, contaria com o palanque de apenas 31 prefeitos.

5 - PDT nacional

A candidatura nacional do PDT se concentra na figura de Ciro Gomes, com uma plataforma à esquerda. As negociações mais recentes do partido apontam para uma chapa com o Avante e o PMN depois de ser recusado pelo PSB e pelos 12 partidos do chamado centrão (PP, PR, PSD, PTB, PROS, PSC, SD, PRB, PEN, PTN, PHS e PSL), que optaram pelo ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB).

O partido é presidido por Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho. Nos últimos dias ele chegou a se aproximar de João Arruda (MDB), candidato ao governo do Paraná. Lupi deve propor a coligação já neste sábado (4), mesmo depois dos desencontros de Osmar Dias e Roberto Requião.