Uma das incógnitas da corrida ao governo do Paraná é se o ex-senador Osmar Dias, pré-candidato ao Palácio Iguaçu pelo PDT, fará ou não uma aliança com o MDB do senador Roberto Requião para a disputa de 2018, repetindo em parte a configuração da eleição de 2010. Filiado a uma sigla de médio porte, e com a maioria das legendas já abocanhadas por Cida Borghetti (PP) e Ratinho Jr. (PSD), Osmar Dias admite que gostaria da estrutura do MDB na sua campanha eleitoral. A despeito disso, diz ele, a prioridade é “construir uma aliança sem fisiologismo” e “em cima de uma proposta para o Paraná”.
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Ratinho já conta com o apoio, por enquanto extraoficial, de PSD, PSC, PR, PV, PRB, PHS, Avante e PSL. Cida ensaia uma composição que reúne PP, PSDB, DEM, PTB, PSB, Pros e PMN. “A gente tem dificuldade de fechar a aliança quando a aliança é formada em cima de um propósito sério”, alfinetou Osmar, em entrevista à Gazeta do Povo em Brasília, nesta sexta-feira (20), durante a convenção nacional do PDT, para homologação da pré-candidatura de Ciro Gomes ao Palácio do Planalto.
Irmão de outro presidenciável, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), Osmar Dias também confirmou que não estará no palanque do próprio correligionário. “Já deixei claro para o Ciro que o Paraná tem uma situação diferente e pretendo apoiar o Alvaro”, garante ele. Confira a íntegra da entrevista logo abaixo:
Tanto Ratinho quanto Cida já tem, cada um, uns sete ou oito partidos políticos em torno deles. E o senhor? Quais legendas vão apoiar a sua candidatura? Como está a construção da sua aliança?
Não estou fazendo esse trabalho de construir uma aliança negociando cargos no governo, negociando Fundo Partidário, negociando Fundo Eleitoral. Minha aliança é em cima de um projeto de estado. Eu continuo aberto aos partidos que queiram fazer essa nova política de verdade. Tem a nova política do discurso e a nova política de verdade. Essa é a nova política de verdade, propor uma aliança sem fisiologismo. Eu não quero nem citar com quais partidos eu estou conversando porque toda vez que eu cito eu perco o partido. É melhor deixar isso para o dia da convenção.
O senhor fala de fisiologismo, mas, ao mesmo tempo, na prática, a gente sabe que o MDB, por exemplo, é importante para sua candidatura, porque traria dezenas de prefeitos, tempo de televisão, Fundo Eleitoral, coisas que ajudam na campanha eleitoral. Isso também não está sendo avaliado?
Nós não encerramos a conversa com o MDB.
Mas como está a conversa? Por que não se chega a um desfecho?
Toda eleição a gente tem dificuldade de fechar a aliança quando a aliança é formada em cima de um propósito sério, de um projeto do governo. Se fosse para chegar no MDB e dizer “olha, vou dar a [vaga] de vice, cargos no governo”, eu não iria querer, nem o MDB. A gente está conversando em cima de um projeto de governo. Se chegarmos a um entendimento, haverá a aliança, e ela será proclamada no próximo dia 4 [data da convenção do PDT no Paraná]. Se a gente vai ter uma aliança grande ou pequena, vamos saber no dia 4.
Mas eles assimilam o projeto de governo que o senhor propõe? Eles sugerem algo diferente? O que está faltando exatamente?
São detalhes, mas é uma conversa muita interna dos partidos. Não tenho como tornar público o que estamos conversando neste momento. Seria uma falta de ética minha. Mas tanto eu quanto o MDB temos este propósito, de fazer uma aliança em cima de um projeto de governo, neste ponto nós nos entendemos. E temos quase 15 dias ainda [até a data da convenção do PDT].
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O senhor gostaria de ter o MDB junto [na campanha eleitoral]?
Quem não gostaria de ter a estrutura do MDB na campanha? Inúmeros prefeitos, deputados, militantes, um partido histórico. Agora, isso tem que passar por todo esse entendimento, que é normal. Eu não fecho aliança com facilidade mesmo. As pessoas dizem que eu sou sistemático, que eu sou turrão. Ora, se conversar com seriedade é ser turrão, então eu sou. E eu tenho a coragem de dizer para as pessoas com quem eu converso que eu não tenho nenhuma intenção de ter partido no meu palanque que queira, desde já, saber qual cargo vai ocupar no governo. Esse loteamento do estado é tudo que eu luto contra. Se eu fizer isso na formação da aliança, como ontem o PSDB fez nacionalmente, aquela velha política, aí eu vou desmentir tudo que eu estou falando. E eu não quero ser desmentido nem pelos meus adversários, nem pelos meus companheiros. Por isso bato nessa tecla, aliança tem que ser formada em cima de um projeto de governo.
Assim como o PSDB, o Ciro também foi atrás da estrutura que o “Centrão” [DEM, PP, PRB e outros] poderia oferecer à candidatura dele, e ontem ele acabou perdendo o apoio do grupo para o Geraldo Alckmin (PSDB). Também não está tendo fisiologismo na composição da chapa do PDT nacional?
Eu não acompanhei a conversa do Ciro com os partidos [do “Centrão”]. Eu não posso opinar a respeito. O que eu vi pela imprensa é que, na aliança do PSDB com os partidos, se discutiu já a presidência do Senado, a presidência da Câmara, divisão de ministérios, divisão de estatais. Tudo que desgraçou o país. Essa política foi responsável pela tragédia que estamos vivendo, no Brasil e no Paraná. Não concordo com isso, mas não sei quais foram os termos das conversas do Ciro, até porque o meu candidato [a presidente da República] é o Alvaro.
Como será isso? O senhor não vai subir no palanque do Ciro no Paraná?
Eu já conversei com o Ciro, deixei claro para ele, deixei claro para o Carlos Lupi [presidente nacional do PDT]. Nós temos uma situação no Paraná que é diferente de todas as outras do país. Eu pretendo apoiar o Alvaro. E tenho apoiado o Alvaro sem nenhuma restrição feita pelo partido nacionalmente.
Mas o Podemos vai se aliar ao senhor lá, no Paraná?
A reposta não é minha, é deles. Eu quero a aliança. Mas do meu jeito. Dias atrás eu vi uma crítica, de que com a “pureza do Osmar” parece que estamos “fazendo política na Finlândia”. Mas, se não for deste jeito, eu prefiro ir para a casa.