Sem reposição salarial em 2017 e 2018, os servidores estaduais certamente usarão a eleição para pressionar os candidatos a governador a respeito do tema. Até porque a decisão de Beto Richa (PSDB) em aderir ao Plano de Auxílio aos Estados oferecido pela União no auge da crise teve como um dos possíveis reflexos a não recomposição inflacionária ao funcionalismo por mais um ano, em 2019.
Ao que tudo indicava, a previsão para os servidores não era das melhores. O governo Richa pretendia propor reajuste zero na Lei de Diretrizes Orçamentárias do ano que vem. No entanto, com o comando do Palácio Iguaçu e em busca da reeleição, a governadora Cida Borghetti (PP) passou a cogitar pagar ao menos em parte o reajuste devido ao funcionalismo, no próximo dia 1º de maio.
Em sabatinas à Gazeta do Povo em fevereiro, porém, ela e outros pré-candidatos ao Palácio Iguaçu não arriscaram se comprometer com a categoria em recuperar as perdas salariais e garantir a data-base já no primeiro ano do próximo governo (clique nos nomes para ver a opinião de cada um deles). Cida, Osmar Dias (PDT) e Ratinho Jr. (PSD) defenderam o diálogo para que se encontre uma saída que agrade ambas as partes. Nem mesmo Roberto Requião (PMDB) traçou qualquer prognóstico, preferindo tecer críticas pesadas à gestão de Richa.
Veja abaixo o que disse cada um deles sobre o funcionalismo nas sabatinas realizadas pela Gazeta do Povo :
Cida Borghetti (PP), governadora
“Eu defendo que o funcionário público precisa ser bem remunerado. Nós temos quadros importantíssimos no estado, profissionais superqualificados e comprometidos com a máquina pública. A remuneração justa para o servidor é importante, mas nós estamos seguindo uma determinação federal de que este ano e o ano que vem não se tem o aumento, conforme foi pactuado com todos os estados em decorrência dos problemas que o Brasil vem enfrentando. Eu entendo, sim, que é possível rever os aumentos lá na frente, mas o Paraná está pagando em dia, antecipou o 13.º salário, está pagando as progressões.”
Osmar Dias (PDT), ex-senador
“O salário dos funcionários já está represado há dois anos. Quem sentar aqui e disser que pode [repor essa inflação acumulada] de uma vez vai estar descumprindo depois. Não dá. Tem que ter um diálogo, fazer um cálculo disso. Sentar com franqueza e estabelecer: ‘Dá para fazer x% em x anos’.”
Ratinho Jr. (PSD), deputado estadual
“É uma negociação, temos de achar essa equação. O servidor sempre vai estar pleiteando aumento de salário, novas garantias. É natural isso. Acho até importante que haja essa demanda, mas tem de haver uma conversa clara. O estado não pode só pagar servidor e não fazer investimentos. Até porque nós ainda temos alguns bolsões de pobreza no estado, e eles existem justamente porque a infraestrutura não chegou até lá. E não pode o estado do Paraná, que é o maior produtor de alimentos do planeta por metro quadrado, ter lugares em que o IDH é do Nordeste, onde as pessoas vivem na miséria. Nós temos de preparar o Paraná para que possa ser mais eficiente e, a partir daí, possa arrecadar mais, gerar mais empregos, a economia gira e você pode até melhorar o salário do servidor.”
Roberto Requião (PMDB), senador
“Você já viu quanto estão gastando com publicidade no governo do estado? Eu não gastava. Eu investi em escola e tudo mais. Os professores foram completamente desvalorizados [no atual governo]. Outro dia eu fui na APP e aí me aparece um economista dizendo: ‘Agora que o Beto arrumou as finanças do estado, nós temos que levar nossas reivindicações disso, daquilo’. Eu disse para ele: ‘Por que você não vai trabalhar com o tal do Mauro Ricardo?’. Como é que arrumou as finanças do estado metendo a mão em dinheiro da previdência, vendendo ação da Copel e da Sanepar, com substituição tributária, aumentando impostos?”
Após a realização das sabatinas, a REDE Sustentabilidade, partido de Marina Silva, anunciou o nome de Jorge Bernardi para a disputa ao comando do estado. Veja a opinião do pré-candidato sobre o tema:
Jorge Bernardi (REDE)
“Os funcionários públicos do Paraná estão com uma defasagem salarial de cerca de 12%. Temos que recuperar essas perdas. A ineficiência do Estado não pode ser colocada nas costas dos servidores, que estão prestando um serviço. Agora, como esse reajuste será pago depende das finanças do estado. Talvez em um, dois anos ou até um pouco mais. Vamos retirar despesas supérfluas, como cargos comissionados e propaganda, para poder cobrir o reajuste.”
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