O vermelho e azul das óticas Visomax ganhou também tons de verde e amarelo desde a quarta-feira (24), quando funcionários passaram a usar camisetas encomendadas pela direção da empresa. A parte da frente da roupa é uma réplica da que Jair Bolsonaro (PSL) usava em Juiz de Fora (MG), quando foi esfaqueado, em 6 de setembro. Na parte de trás, o número 17, o mesmo do presidenciável, como no uniforme de jogadores de futebol.
Procurada pela Gazeta do Povo, Adriana Dias, dona da rede, informou que a iniciativa partiu de funcionários, que perguntaram sobre a possibilidade de a empresa comprar as camisetas. Segundo ela, 120 foram encomendadas, mas cada interessado precisava buscar a roupa na área administrativa de cada uma das 12 lojas.
Adriana garante que nenhum empregado foi coagido a adotar o traje. No momento em que a reportagem esteve na loja do Calçadão da XV de Novembro, a maioria dos atendentes estava com a vestimenta. Os que preferiram não usar a camiseta, ao serem questionados por Adriana, responderam que optaram por não participar da ação e que não foram obrigados a nada. Pessoas de lojas vizinhas e clientes teriam reagido bem, inclusive pedindo camisetas.
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Adriana avalia que não cometeu nenhuma irregularidade, afirmando que apenas atendeu a um pedido dos funcionários. “A maioria vai votar no Bolsonaro”. Ela comenta que soube de problemas em outras empresas, mas diz não acreditar que terá consequências negativas, alegando que nada foi impositivo. Ela inclusive destacou que agiu da mesma maneira na campanha municipal, há dois anos, distribuindo para os funcionários camisetas com a expressão “Visomax ama Greca”, em referência ao então candidato à prefeitura de Curitiba, Rafael Greca (PMN) .
O Ministério Público do Trabalho informou, via assessoria de imprensa, que recebeu denúncia sobre o caso e que abriu uma investigação. A procuradora Adriane Perini Artifon declarou que irá tomar medidas para averiguar a situação. No Paraná, empresários que declararam formalmente a funcionários a preferência por candidatos acabaram sendo alvos de investigação. Foi o caso Pedro Joanir Zonta, dono da rede de Supermercados Condor, que acabou assinando um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) depois de ter divulgado carta aos empregados declarando voto em Bolsonaro.
Já a Promotoria de Justiça Eleitoral de Cianorte, no Noroeste do Paraná, instaurou procedimento para investigar nove empresas que estariam tentando induzir seus empregados a votarem em Bolsonaro. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) recebeu documentos e imagens que indicam que essas empresas prometeram dispensa do expediente e comemoração com churrasco e chope grátis, caso o candidato indicado pelos patrões fosse eleito no primeiro turno.
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Naquela situação, o MP emitiu uma recomendação administrativa alertando que “é vedado ao empregador praticar qualquer ato que obrigue ou sugestione o empregado a manifestar-se sobre suas crenças ou convicções políticas ou filosóficas”, o que pode caracterizar “assédio ou coação moral, inadmissível nos locais de trabalho, e discriminação por orientação política”.
“Nas relações de trabalho existe o que, no direito, é chamado de ‘temor reverencial’, que consiste no receio de desagradar a certa pessoa de quem se é psicológica, social ou economicamente dependente”, havia explicado ainda a procuradora do Ministério Público Eleitoral Eloisa Helena Machado, no início do mês, ao instaurar procedimento contra o grupo Condor.
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