Num caso de admiração não correspondida, o candidato ao governo estadual Ogier Buchi (PSL) vive a frustração de não ter o apoio do presidenciável do seu próprio partido, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). Em meio à confusão do registro da candidatura de Ogier, na quarta-feira (15), veio a público um áudio em que Bolsonaro declara que a preferência no Paraná é por Ratinho Jr (PSD), ignorando o concorrente da legenda.
Na tarde de sábado (18), quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) aceitou a documentação da candidatura, que passa a ser analisada juntamente com as demais, a Gazeta do Povo entrevistou Buchi sobre o alinhamento das propostas dele com as de Bolsonaro. Declarou que compactua e que, mais que isso, foi a admiração pelo deputado ex-militar que o fez se filiar ao PSL.
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O candidato disse defende o projeto Escola sem Partido e um enfrentamento mais austero nas questões de segurança pública, a favor da militarização da polícia e da ampliação do direito ao armamento. Mas disse que não apoia a ideia de mais escolas militares. “Acho desnecessário e não sou vaquinha de presépio.”
Buchi destaca que a concordância maior é na parte econômica, principalmente com o pensamento de Paulo Guedes, anunciado como ministro em caso de vitória de Bolsonaro. “Sou um homem de direita. A própria Gazeta do Povo, na eleição passada, me classificou como liberal”, disse. E emendou que não tem outras divergências com o presidenciável do PSL. “Eu só não concordo que ele venha apoiar outra pessoa no Paraná.”
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Agora, Ogier Buchi espera reciprocidade. “Respeito muito o Bolsonaro e exijo a exata medida”, diz. O candidato paranaense destaca que o regimento do partido é claro e que ambos serão obrigados a se apoiar. “Ele é militar e tem que cumprir regras se quer ser presidente da República.” Buchi espera que o anúncio de que Ratinho Jr apoia Alvaro Dias (Podemos) também influencie uma reversão de Bolsonaro. “Ele pode até não me apoiar, mas aí não apoia ninguém.”
Histórico
Ogier Buchi já foi candidato ao governo do Paraná na eleição passada e, assim como agora, é acusado de ser “laranja”. Apoiador do governo Beto Richa (PSDB), serviu de suporte para o tucano. Na campanha de agora não foi muito diferente: ele chegou a ser recentemente nomeado no governo Cida Borghetti (PP), mas como não assumiu o cargo, acabou escapando da inelegibilidade. No primeiro debate eleitoral, foi o mais perguntado e serviu de “escada” para a governadora.
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O candidato nega veementemente que seja “laranja” e se diz ofendido. “Eu não sou. Toda hora está escrito laranja. Esse termo é da área criminal, eu sou advogado e não posso aceitar isso”, diz. Sobre a nomeação de parentes no governo, disse que um dos filhos atua desde 2002, segundo ele, sem nenhuma relação com o mandatário de plantão. Buchi afirma que provará sua independência ao longo da campanha.
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