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Briga entre correligionários do PMDB e do PDT na Boca Maldita de Curitiba às vésperas do primeiro turno de 2006. | Arquivo/Gazeta do Povo
Briga entre correligionários do PMDB e do PDT na Boca Maldita de Curitiba às vésperas do primeiro turno de 2006.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

As eleições mais recentes pelo governo do Paraná têm um histórico de muitas polêmicas na reta final da campanha antes do primeiro turno. Enquanto o pleito de 2018 está sendo marcado pelas operações deflagradas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) e pela força-tarefa da Lava Jato, nos anos anteriores houve casos de censura a pesquisas, ameaça de denúncias eleitoralmente fatais, grampos telefônicos ilegais e invasão a comitê eleitoral de adversário.

Em 2018, as investigações sobre casos de corrupção estão centradas no ex-governador e candidato ao Senado Beto Richa (PSDB) e no seu grupo político mais próximo – o impacto eleitoral não recaiu diretamente aos candidatos ao governo. Nos anos anteriores, os postulantes ao Palácio Iguaçu é que protagonizaram as polêmicas da disputa.

Em 2014, a última semana antes do primeiro turno começou com a ameaça do então candidato Roberto Requião (PMDB) em apresentar uma denúncia contra Richa, que buscava a reeleição. Seria uma “bala de prata” com potencial para afetar o tucano, o qual liderava as pesquisas. O que veio à tona, porém, não impressionou o eleitorado nem os atores políticos: canais de vídeos no Youtube com ataques a Requião teriam sido criados a partir de computadores do governo estadual.

O curioso é que a campanha de Richa, antes de saber o conteúdo da denúncia de Requião, com medo do que iria perceber, convocou o ex-governador Orlando Pessuti, então no PMDB, para acusar o correligionário. Pessuti não podia aparecer no programa eleitoral do PSDB, por estar filiado a um partido de um concorrente, mas mesmo assim atestou que “eleição com Requião sempre tem armação”.

Na sexta-feira anterior à eleição de 2014, outra polêmica: a Polícia Militar apreendeu materiais de campanha em um comitê eleitoral de Richa, após o local ser invadido por Maurício Requião, irmão e ex-secretário de Educação de Roberto Requião, e pelo deputado federal Dr. Rosinha (PT). Os dois haviam dito que foram ao local para denunciar a existência de panfletos apócrifos contra Requião e Gleisi Hoffmann. A imprensa não teve acesso ao material, mas a Secretaria de Segurança afirmou que a denúncia era infundada.

Quatro anos antes, a eleição no Paraná ocorreu “no escuro”. No mês de setembro, a campanha de Beto Richa impugnou a publicação de várias pesquisas eleitorais. O fato ganhou ares de censura, com protestos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), organizações de imprensa e cientistas políticos. O principal oponente do tucano era o então senador Osmar Dias (PDT). Uma pesquisa divulgada pelo Ibope em agosto mostrava Richa com vantagem de 16 pontos porcentuais à frente de Osmar. Na noite de sábado véspera da eleição, após idas e vindas na Justiça, o Ibope conseguiu divulgar outro levantamento, que indicava empate entre os dois: 45% das intenções de voto para cada um. O pleito foi decidido no primeiro turno, com 52,4% dos votos válidos para Richa e 45,6% para Osmar.

Em 2006, a última semana de campanha foi marcada por investigações sobre as escutas telefônicas ilegais feitas pelo policial civil Délcio Rasera, que atuava na assessoria especial de governo, na Casa Civil, com mesa no Palácio Iguaçu. A campanha de Requião negou qualquer uso eleitoral e pediu a quebra de sigilo de jornalistas que noticiaram o caso, criticando a cobertura jornalística – o que foi negado pela Justiça. Na quarta-feira antes do pleito, a Procuradoria Regional Eleitoral recebeu material apreendido na casa de Rasera, para investigar possibilidade de escuta telefônica dos candidatos. No dia seguinte, a Gazeta do Povo mostrou que as escutas atingiam integrantes do primeiro escalão do governo estadual. Dois dias antes do primeiro turno, o MP-PR apresentou denúncia à Justiça, decretando sigilo no caso.

Material apreendido no escritório de Rasera em 2006.Arquivo

A disputa foi para o segundo turno, com Requião e Osmar. A campanha de Requião bateu pesado no candidato a vice do oponente, Derli Donin (PP), que respondia a vários processos judiciais. Requião conseguiu a reeleição, com uma vantagem de apenas 10,4 mil votos: 2.668.611 contra 2.658.132.

Caso Ferreirinha

A “bala de prata” mais famosa da política paranaense apareceu na disputa pelo governo de 1990, mas somente no segundo turno. A campanha de Requião, que no primeiro turno ficou em segundo lugar, contratou um ator que se passou como um pistoleiro profissional, afirmando em vídeo que fora contratado pelo oponente, José Carlos Martinez (PRN), para matar agricultores. Requião conseguiu a virada sobre Martinez, vencendo-o no segundo turno. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná concluiu que houve crime eleitoral e cassou mandato de Requião, que recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e manteve o cargo. Em 1994, o caso foi arquivado pelo TSE, por erros técnicos processuais.

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