Desvios em obras de escolas, investigados pela Operação Quadro Negro, estão entre os escândalos que devem influenciar nas eleições.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Com a classe política do país mergulhada num mar de corrupção e no mais completo descrédito junto à população, a eleição do ano que vem no Paraná tem tudo para ser uma das mais quentes dos últimos anos. Ao menos no quesito ataque entre os concorrentes. Se no pleito de 2014 as discussões mais acaloradas giraram em torno de supostos gastos milionários da PM com cavalos de Roberto Requião (PMDB), de atitudes tomadas por Gleisi Hoffmann (PT) que prejudicariam pleitos do Paraná em Brasília, de críticas à primeira gestão de Beto Richa (PSDB), daqui a exatamente um ano a corrupção certamente será um dos temas centrais do debate.

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Em maior ou menor proporção, os principais políticos na disputa ao governo do estado verão denúncias envolvendo seu nome serem trazidas à tona. A começar pelo próprio Richa, que, apesar de não poder disputar a reeleição, será o principal cabo eleitoral do pleito. O tucano já é alvo de três inquéritos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Dois deles dizem respeito ao suposto repasse de caixa 2 para a campanha dele em 2014, no âmbito das operações Publicano e Lava Jato. O terceiro investiga a suspeita de que concessões ambientais concedidas no litoral do estado seguiriam interesses pessoais do governador. Há ainda o risco de ele ter de responder a uma quarta investigação, desta vez devido à Operação Quadro Negro.

Aquele que é considerado o virtual ungido por Richa na eleição do ano que vem também verá esqueletos saírem do armário, além de ter de carregar o peso do apoio do atual governador caso a aliança se concretize. O deputado estadual Ratinho Jr. (PSD) é acusado pelo ex-secretário de Tecnologia da Informação de Foz do Iguaçu Melquizedeque Souza, no âmbito da Operação Pecúlio, de cobrar 10% de propina sobre uma emenda de R$ 4 milhões para a compra e implantação de câmeras de videomonitoramento na cidade em 2013, quando era deputado federal.

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Até mesmo o pai do parlamentar poderá ser usado contra ele na campanha ao Executivo estadual. O apresentador Ratinho é um dos nomes presentes na lista de 8.667 brasileiros que, em 2006 e 2007, tinham contas numeradas no HSBC da Suíça – escândalo que ficou conhecido como SwissLeaks. O saldo depositado à época era de US$ 12,5 milhões.

Mais escândalos

Já sobre os ombros da vice-governadora Cida Borghetti (PP) pesará um suposto envolvimento na Quadro Negro. Em delação premiada, o dono da Construtora Valor afirmou que, no início de 2015, negociou diretamente com o hoje ministro da Saúde e marido dela, Ricardo Barros (PP), a compra de um cargo no governo do Paraná. Pelo acordo, a empreiteira teria mantido um pagamento mensal de R$ 15 mil ao ex-vereador de Curitiba Juliano Borghetti, que é irmão de Cida, por pelo menos três meses.

Em relação ao ex-senador Osmar Dias (PDT), há a menção do nome dele na lista de citados nas delações de executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht à Lava Jato. Segundo delatores, o pedetista teria recebido R$ 500 mil via caixa 2, para financiar sua disputa ao governo do Paraná, em 2010. Os depoimentos apontam que o dinheiro foi pedido pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, mas dão conta de que os detalhes do repasse teriam sido combinados com o próprio Osmar, que teria indicado uma pessoa para operacionalizar o recebimento dos recursos.

Todos os citados nesta reportagem negam as irregularidades.