Requião ao governo: blefe, mais poder no jogo político ou candidatura para valer?

Nesta quarta-feira (17), o senador Roberto Requião (PMDB) confirmou a intenção de disputar o cargo de governador do estado, que já ocupou por três vezes. No entanto, a mudança repentina de postura - de uma reeleição considerada relativamente tranquila ao Senado para a dura disputa pelo governo - é vista com reservas no cenário político local.

Uns enxergam blefe, numa tentativa de pressionar o ex-senador Osmar Dias (PDT) a assumir de vez uma candidatura de oposição a Beto Richa (PSDB), pavimentando a reeleição do peemedebista. Outros veem uma forma de se colocar como participante mais ativo do processo eleitoral no estado, que costuma ser comandado pelos postulantes ao governo, cargo mais importante em disputa. Há ainda quem considere a candidatura para valer, diante da possibilidade de concentrar os votos dos muitos insatisfeitos com a atual gestão tucana, sobretudo os milhares de servidores estaduais.

Um deputado estadual de vários mandatos avalia que, na verdade, Requião busca emparedar Osmar para que ele se coloque em definitivo como nome contrário aos candidatos alinhados a Richa na briga pelo Palácio Iguaçu. Por ora, o pedetista, apesar de criticar o atual governo em alguns discursos de pré-campanha, tem se mantido aberto a alianças com vários partidos, alguns da base aliada do tucano. Já se optar por permanecer no PDT e firmar posição contra Richa, Osmar fortaleceria o nome de Requião ao Senado na esteira da ala oposicionista.

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Corrobora essa tese o fato de o peemedebista ter externado recentemente a integrantes do PT, aliado natural do senador numa eventual candidatura ao governo, que disputaria a reeleição.

Por meio da assessoria, Osmar disse que é um direito de Requião se colocar como candidato e que isso é bom para o debate de ideias em prol do Paraná.

É para valer?

Já um experiente parlamentar federal acredita que Requião busca ter mais força no xadrez eleitoral - independentemente do cargo que vier a disputar -, sob pena de ficar excluído das principais decisões que ditarão os rumos da política local pelos próximos quatro anos. “O estilo do Requião é conduzir, e não ser conduzido. E a eleição é comandada pelos candidatos a governador. Numa eleição como essa, na qual as candidaturas estão mornas, um esperando o movimento do outro, ele deu um passo mais firme. Sabe que, por ora, trata-se mais de um jogo psicológico do que de candidaturas.”

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Por fim, tem quem considere que, apesar de carregar altas taxas de rejeição, Requião é um candidato altamente competitivo e carregará os votos de esquerda e anti-Richa. Soma-se isso o fato de o PMDB ter o maior tempo de televisão no horário eleitoral, um fundo partidário considerável numa eleição sem doações privadas e ainda carregar mais partidos para a aliança, como PT e PCdoB.

Portanto, a candidatura dele pode, sim, ser para valer. “É evidente que pode ser um blefe do Requião, porque o cenário está todo em aberto. Mas ele é o nome que se viabiliza mais facilmente. Sem negociar com ninguém, ele já tem o maior tempo de TV”, afirma Murilo Hidalgo, diretor do instituto Paraná Pesquisas.