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A ironia faz parte do jogo político e está sempre presente na disputa pelos votos dos eleitores. | /Gazeta do Povo
A ironia faz parte do jogo político e está sempre presente na disputa pelos votos dos eleitores.| Foto: /Gazeta do Povo

A política é um terreno fértil para o uso da ironia, com ela os locutores conseguem criticar uma ideologia em oposição à outra ao trazer o discurso do oponente na construção da sua frase. É como usar argumentos para sustentar até o que é insustentável.

“O discurso político se caracteriza justamente pela dinâmica entre a defesa das ideias, da imagem positiva e pública de uma pessoa, e o ataque à reputação ou imagem do adversário”, explica a professora da pós-graduação em comunicação da UFPR Luciana Panke. Segundo ela, é comum que numa campanha eleitoral uma candidatura eleja outra como ‘inimiga’ ou que um grupo de candidatos escolha um oponente como alvo do grupo, o que varia na dinâmica de cada eleição. É como jogar War e se unir a outros conquistadores para que o outro jogador não consiga cumprir a sua missão.

Entre os quatro principais candidatos ao governo do Paraná: Ratinho Junior (PSD) , Cida Borghetti (PP) , João Arruda (MDB) e Dr. Rosinha (PT) , o petista é o que mais faz uso da ironia nos debates e também nas suas redes sociais. E não há um senso comum sobre uma linha de pensamento e o uso do recurso. Sendo da esquerda, da direita ou do centro, todas as frentes ideológicas se valem da ironia.

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Ele tem usado a dinâmica para fazer críticas entendíveis apenas para aqueles que compreendem a pauta pública e o contexto. É uma alfinetada velada. No debate da Band, realizado no dia 16 de agosto, chamou Ratinho Junior de Beto Richa. No dia seguinte, twittou: “#PilulasdoRosinha: no humor e na ironia há verdade! Desculpem pelo ato falho de ter confundido o candidato Ratinho Junior com Beto Richa agora no #DebateBandPR. É que na minha cabeça é tudo tão parecido”.

Ele também foi irônico com relação à PEC dos gastos. “E tem candidato por aí que votou a favor do congelamento dos gastos (cof...Arruda) ou de partidos que votaram a favor (cof...Cida...cof...Ratinho) e agora estão prometendo investir em saúde, educação e segurança”. E ao 29 de abril: “Ratinho Jr acaba de dizer, no debate da @gazetadopovo, que houve exageros de ambas as partes em massacre dos professores e que tragédia foi “fatalidade” 😥 “como faz pra desouvir?””

Ele também usa recursos gráficos, como montagens e vídeos.

A professora ainda lembra que a ironia é protegida, é um discurso velado justamente por poder estar recoberta com sarcasmo, humor e riso. É uma maneira mais leve e sempre se pode dizer “eu não te ataquei, foi você quem entendeu assim”, diz. A vantagem também é o maior risco da ironia: gerar um entendimento equivocado. “O eleitor pode achar que o locutor tem um discurso agressivo ou, ainda, veiculado com uma linguagem pouco clara”.

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O filósofo francês Michel Foucault ainda apostaria que todas as frases têm mais do que uma interpretação. “Não há enunciado que não suponha outros; não há nenhum que não tenha, em torno de si, um campo de coexistências”, mas a ironia confunde aqueles que não entendem sátira. O eleitor é levado pelas próprias preferências na hora de receber a mensagem: ele tem a predisposição partidária.

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