Os deputados federais pelo Paraná utilizaram cerca de R$ 11,5 milhões ao longo do ano de 2017 da chamada “cota parlamentar”, que é uma verba reservada dentro dos cofres do Legislativo para que os parlamentares sejam ressarcidos por suas despesas relacionadas ao exercício do mandato, a partir da apresentação da respectiva nota fiscal do gasto, documento que depois é divulgado pela Câmara dos Deputados na internet.
Do total do gasto dos 30 paranaenses - exatamente R$ 11.505.042,21 -, a maior parte foi com emissão de passagens aéreas (cerca de R$ 2,7 milhões), como era esperado: a grande maioria dos 513 deputados federais viaja semanalmente para suas bases eleitorais, permanecendo em Brasília geralmente apenas entre terça-feira e quinta-feira, quando a Câmara dos Deputados costuma abrigar sessões deliberativas, ou seja, com votações de proposições no plenário da Casa.
INFOGRÁFICO: veja o detalhamento dos gastos por deputado e por tipo
O paranaense Fernando Giacobo (PR), que também é primeiro-secretário da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, gastou ainda um total de R$ 211 mil com “locação ou fretamento de aeronaves”. Os serviços, prestados pela empresa Helisul Táxi Aéreo Ltda, incluíram voos entre cidades como Curitiba, Umuarama, Cascavel, Londrina, Francisco Beltrão, Pato Branco, Navegantes, Foz do Iguaçu.
O segundo maior gasto está classificado como “divulgação da atividade parlamentar”. Os paranaenses gastaram mais de R$ 2 milhões com tal rubrica, de janeiro a dezembro do ano passado (leia mais aqui).
Outros quatro gastos feitos pela bancada do Paraná durante todo o ano passado ultrapassaram a marca de R$ 1 milhão: com “locação ou fretamento de veículos automotores” (R$ 1.335.498,90); “manutenção de escritório de apoio à atividade parlamentar” (R$ 1.250.672,48); “combustíveis e lubrificantes” (R$ 1.187.142,13); e “consultorias, pesquisas e trabalhos técnicos” (R$ 1.154.543,45).
Valores individuais
O valor da cota parlamentar disponibilizada pela Câmara dos Deputados varia de acordo com o estado que o político representa. No caso da bancada do Paraná, cada um dos 30 parlamentares pode gastar até R$ 38.573,86 por mês, ou seja, um total de R$ 462.886,32 por ano.
Em 2017, o “teto” foi quase atingido pelo paranaense Edmar Arruda (PSD), por exemplo, que gastou R$ 460.613,92 de janeiro a dezembro. Dentro da bancada do Paraná, o parlamentar do PSD foi o campeão de gastos no ano, seguido por Ênio Verri (PT), com R$ 459.177,71, e por Christiane Yared (PR), com R$ 457.754,59.
A maior parte dos 30 paranaenses registrou gastos superiores a R$ 400 mil (19 políticos). Outros sete gastaram entre R$ 300 mil e R$ 400 mil. Os quatro políticos restantes, e que figuram no fim da lista, gastaram R$ 243 mil (Osmar Serraglio, do PMDB); R$ 241 mil (Reinhold Stephanes, do PSD); R$ 205 mil (Leopoldo Meyer, do PSB); e R$ 194 mil (Hermes “Frangão” Parcianello, do PMDB).
Propaganda virtual
Na bancada do Paraná, quem mais utilizou a cota parlamentar com “divulgação da atividade parlamentar” foi Sandro Alex (PSD), cuja base eleitoral principal é Ponta Grossa. Ele pediu um ressarcimento de R$ 191.360,00 para dar publicidade ao mandato. Parte do dinheiro comprou, por exemplo, 65 inserções sobre suas “emendas parlamentares” em uma rádio de São Mateus do Sul; também chamou uma equipe para “captação de imagens de obras pagas com recursos de emendas”.
Sandro Alex também está entre os paranaenses que pagaram à empresa “ParlaBrasil”, responsável pelo canal “ParlaTube”, por serviços de “publicação de vídeos nas redes sociais”. Aliel Machado (Rede), Fernando Francischini (SD), Edmar Arruda (PSD), Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Rubens Bueno (PPS) também apresentaram notas fiscais da ParlaBrasil para a Câmara dos Deputados. A empresa recebeu quase R$ 27 mil ao longo de 2017 somente da cota parlamentar dos seis paranaenses.
Prestação de serviços no “mundo virtual” aparece em dezenas de notas fiscais apresentadas pelos políticos a título de gastos com “divulgação da atividade parlamentar”. Há desde “manutenção de sites” até “gerenciamento de redes sociais com patrocínios de postagens”, no caso de Alex Canziani (PTB), e também “manutenção de aplicativo gratuito iOS e Android com informações do parlamentar”, no caso de Francischini.
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