Em depoimento, empresário amigo de Richa admite “ajuda em dinheiro” a Fanini

Um encontro na igreja do Perpétuo Socorro, em Curitiba, e um pedido de R$ 40 mil para pagar despesas pessoais. Assim teria sido a conversa do empresário Jorge Atherino, amigo pessoal do ex-governador Beto Richa (PSDB), e do ex-diretor da Secretária Estadual de Educação Maurício Fanini, já investigado à época na Operação Quadro Negro, sobre desvios em obras em escolas.

As informações já tinham vindo a público parcialmente, quando vazaram detalhes da proposta de delação premiada de Fanini, mas agora há uma confirmação de que o depoimento era, pelo menos nesta parte, verídico. O jornalista Guilherme Voitch, da Veja, teve acesso a vídeos do depoimento do empresário ao Ministério Público Estadual.

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Na tentativa de delação à espera de homologação, Fanini, que está preso desde setembro, declarou que recebeu do então governador Beto Richa a recomendação para que procurasse Jorge Atherino em busca de ajuda. O tucano nega que tenha dado qualquer orientação nesse sentido. Já Fanini disse que os pagamentos, de até R$ 12 mil mensais, eram uma forma de “tê-lo na mão”, para que ele tivesse “calma” e não fizesse alguma besteira. Atherino, contudo, contesta e fala que a única “contrapartida” teria sido o compromisso de procurar um padre amigo dele, para buscar fortalecimento espiritual.

Atherino afirma que decidiu ajudar financeiramente Fanini apenas porque ele tocou num “ponto fraco”, ao citar que estava com as mensalidades da escola dos filhos atrasadas. O empresário disse que se lembrou de quando enfrentou problemas financeiros e o filho perdeu um ano de faculdade, então resolveu ajudar. Atherino disse ainda que chegou a comentar com Ezequias Moreira, então secretário do Cerimonial, e também com Beto Richa, e que ambos o repreenderam pela ajuda a Fanini.

O empresário declarou que fez até seis pagamentos de R$ 4 mil a R$ 5 mil, sempre em dinheiro – o que chegaria, no mínimo a R$ 24 mil. Atherino reconhece que o genro dele também teria repassado recursos ao ex-diretor por três ou quatro vezes, exatamente como foi mencionado por Fanini na tentativa de delação premiada.

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Atherino já apareceu em outras denúncias envolvendo Beto Richa, como a delação da Odebrecht e nos desdobramentos da Operação Superagui, envolvendo licenciamentos ambientais suspeitos no Litoral do Paraná.

Outro lado

À Veja, Richa disse que a divulgação da proposta de delação de Fanini é “uma manobra arquitetada às vésperas do período eleitoral, na tentativa de nivelar todos os políticos por baixo”. Declarando que nunca recebeu dinheiro ilícito, afirmou esperar “que a Justiça apure e esclareça rapidamente essa questão, para que os culpados sejam punidos de forma exemplar”.

Já a defesa de Atherino disse que não faria comentários, pois o caso está em segredo de Justiça. Os advogados de Fanini não foram encontrados pela revista.