Começa nesta sexta-feira (23), às 13h30, a distribuição de senhas aos interessados em acompanhar o júri do ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho, acusado por duplo homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar) após se envolver em um acidente de trânsito em 2009 e que resultou na mortes de Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos. Serão 200 vagas. O julgamento ainda está envolvo em incertezas, pois há um recurso da defesa, ao Supremo Tribunal Federal (STF), pendente de julgamento.
Carli Filho será julgado na 2ª Vara Privativa do Tribunal do Júri, localizada no Centro Cívico, em Curitiba, e o júri começa na próxima terça-feira (27), com previsão de se estender pelo dia seguinte. A distribuição de senhas será feita na própria vara e o critério para seleção, segundo o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), é por ordem de chegada. Anteriormente, o TJ-PR explicou que a distribuição de senhas se deve à “limitação de lugares dentro da sala de sessões” e acrescenta que “a sessão de julgamento é pública, portanto qualquer pessoa está apta a assistir ao júri”.
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Apesar de aberta a qualquer pessoa, há regras para acompanhar o julgamento. Não será possível ingressar no local com materiais que possam vir a influenciar a decisão dos jurados – como camisetas, faixas, adesivos ou adereços com quaisquer mensagens ou imagens relacionadas ao caso julgado. “Quem comparecer com este tipo de material será proibido de acompanhar o julgamento”, ressaltou o TJ-PR.
Entenda o caso
Após perder na primeira e segunda instâncias, Carli Filho recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar tirar seu júri de Curitiba e, por consequência, adiá-lo. Após nova derrota, ele recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, desta vez, tem o destino de seu pedido nas mãos do ministro Gilmar Mendes. Os advogados alegam que a “comoção social” existente na sociedade curitibana poderia macular a isenção dos jurados.
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Carli Filho será julgado por duplo homicídio com dolo eventual. Em 7 de maio de 2009, ele dirigia um carro que Passat contra a lateral de um Honda Fit, em que trafegavam Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida. Os dois jovens morreram no instante da colisão. O ex-deputado chegou a ficar hospitalizado, em estado grave.
Um exame feito a partir de material colhido no hospital em que ele foi atendido apontou que o então deputado estava embriagado – tinha 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue: quatro vezes mais que o permitido. O resultado, no entanto, foi desconsiderado como prova pela Justiça porque Carli Filho estava desacordado no instante em que o exame foi feito.
Além disso, laudos do Instituto de Criminalística comprovaram que, no instante da colisão, o Passat dirigido por Carli Filho estava a uma velocidade entre 161 km/h e 173 km/h. O ex-deputado também estava com a carteira de habilitação vencida e sequer poderia estar dirigindo.
O QUE DIRÃO: as testemunhas convocadas para o júri de Carli Filho
A defesa do réu tem apostado na tese de que a culpa pela colisão é dos jovens mortos. Segundo os advogados de Carli, o Honda Fit não respeitou a preferencial – que era a via por onde o carro do ex-deputado trafegava. No instante da colisão, o semáforo estava desligado.
Em fevereiro de 2014, a 1.ª Câmara Criminal do TJ-PR entendeu que havia indícios de que Carli Filho assumiu o risco de matar ao dirigir em alta velocidade e depois de ingerir bebida alcoólica.
Em maio de 2016, em mais um capítulo polêmico dessa história, Carli Filho divulgou um vídeo pedindo perdão às mães dos jovens mortos. Em resposta, Chistiane Yared reagiu imediatamente, dizendo que o ex-deputado estava “sete anos atrasado para o enterro” do filho dela e que não percebeu sinceridade no pedido de perdão.
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