A votação que reelegeu Hermes Leão da Silva para a presidência da APP-Sindicato seria resultado, na visão do eleito, de que os professores reconhecem no comando da entidade uma força capaz de fazer frente às decisões do governo Beto Richa que contrariam os interesses da categoria. Em entrevista à Gazeta do Povo depois de confirmada a vitória da chapa 1, ele destacou que o trabalho feito até agora foi aprovado pelos sindicalizados e que seguirá tentando barrar ações que prejudiquem o funcionalismo da rede estadual de ensino.
A APP-Sindicato representa oposição ao ocupante do Palácio Iguaçu há décadas, mas particularmente depois de 2015, com a manifestação contra mudanças na Previdência que terminou com dezenas de feridos no Centro Cívico no dia 29 de abril, o papel da entidade ganhou ainda mais visibilidade – principalmente diante de uma bancada governista na Assembleia Legislativa que consegue aprovar todos os projetos do Executivo. Quinto maior sindicato do país, com 73 mil associados, a APP conquistou espaço. “É uma visibilidade para além da categoria, num cenário muito presente talvez por causa das greves recentes”, admite Hermes, destacando que o processo eleitoral reforçou esse entendimento.
A eleição de 2017 foi uma das mais disputadas da história recente da entidade. Primeiro pelo número expressivo de chapas concorrentes: foram quatro. Em algumas oportunidades no passado, a APP teve chapa única e os filiados iam às urnas apenas para referendar a eleição. Em outras situações houve bate-chapa, mas sem grupos com opiniões diametralmente opostas. Na mais recente disputa, contudo, uma chapa com posições divergentes às majoritariamente defendidas pela APP se apresentou, mas não conseguiu apoio substancial. “Foi uma das eleições mais disputadas”, reconhece Hermes, e complementa que é primeira vez que mais do que três chapas concorrem.
Mesmo com derrotas nas disputas com o governo estadual – como os problemas na distribuição de aulas no início do ano e o cálculo da hora-atividade –, Hermes acredita que a categoria reconheceu a luta intensa da direção da APP para reverter as decisões desfavoráveis. Ele também avalia que a posição da entidade impediu a perda de mais direitos. O presidente ainda destaca que o período foi marcado por reações a uma busca, por parte do governo, por partidarizar o debate.
Hermes afirma que vai concentrar esforços nos próximos quatro anos de mandato – com posse a ser marcada para os próximos 30 dias – para mostrar o quanto as decisões tomadas pelo governo estadual estão afetando o aprendizado dos estudantes e as condições de trabalho dos professores, especialmente com relação ao adoecimento. “Vamos mostrar que uma injustiça está em curso”, diz.
Além do debate com a sociedade e de buscar o apoio do Ministério Público, a APP pretende reunir as assinaturas que precisa para apresentar, em breve, projetos de lei de iniciativa popular propondo mudanças na organização da rede estadual de ensino.
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