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Sanepar viveu momento de dificuldade sob o governo de Requião, mas se recuperou com apoio da gestão Beto Richa. | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Sanepar viveu momento de dificuldade sob o governo de Requião, mas se recuperou com apoio da gestão Beto Richa.| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Não é tarefa fácil ser um acionista da Sanepar. Isso porque a frivolidade dos governos paranaenses sempre colocou em xeque aquilo a que almejam os investidores (de qualquer empresa, não apenas a paranaense): lucro. Se o governo Roberto Requião (MDB) - 2002 a 2010 - tornou os papéis da companhia uma travessia de penhasco em corda bamba (segurando os preços), o governo Beto Richa (PSDB) - 2010 a 2018 - foi altamente favorável ao mercado, concedendo os aumentos tarifários que ficaram represados por anos.

Para se ter uma ideia, ações da companhia que eram negociadas a cerca de R$ 1,40 em 2008 chegaram a R$ 14,40 no começo de 2017.

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Os papéis da empresa passaram por turbulência no comando do tucano apenas em 2017, durante a revisão tarifária, um procedimento no qual a Agepar, agência que regula o setor no estado, avalia tudo que influencia economicamente na conta para corrigir o preço. Enquanto os acionistas queriam o reajuste escalonado de cerca de 25% em quatro anos, a agência “canetou” oito. “Foi claramente uma estratégia para diminuir o impacto político que teria um aumento elevado em ano eleitoral”, disse em condição de anonimato uma fonte ligada à negociação. Durante o período de indefinição, as ações foram de perto dos R$ 14 a R$ 10 no período de negociação.

Uma baixa veio novamente neste ano, no período eleitoral (ações negociadas a R$ 8,50). Passada a eleição, no entanto, as ações da companhia voltaram a subir (ao patamar de R$ 10,47 na semana passada) , em um sinal de que a conjuntura nacional e, sobretudo, a vitória de Ratinho Junior (PSD), trazem algum otimismo para quem está do comando da empresa. Era do governador eleito a preferência da direção da Sanepar no pleito, aliás.

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Apesar disso, Ratinho Junior enviou um recado dúbio ao mercado. Em junho, ainda como deputado estadual, ele havia protocolado um requerimento que barrava reajuste médio de 15% na tarifa de energia da Copel com justificativa de que “o aumento penaliza a sociedade e dificulta a atividade econômica no estado”. “Como a Copel é regulada por uma agência federal [a Aneel], o estado não tem nenhuma ingerência sobre esse aumento. Claramente pode ter sido uma ação eleitoreira. Mas a Sanepar está na mão do estado. O que significa que pode haver algum atrito entre companhia e governo, caso ele precise suavizar sua imagem em meio a aumentos das tarifas de água”, avalia o consultor financeiro Otávio Peres de Macedo.

A favor da companhia, pesa, porém, uma solidez judicial. Hoje, ao contrário do que houve no governo Requião, por exemplo, a empresa tem estatuto que obriga o repasse aprovado pelo órgão regulador – a Agepar. Além disso, passou a negociar na bolsa ações do tipo unit, que bem a grosso modo são papéis que dão direito de veto aos acionistas, além de um pedaço do bolo dos dividendos. É um mecanismo para que a companhia mostre uma imagem mais sedutora aos investidores.

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Assim, se quiser adotar uma medida dada como populista, o governo Ratinho até poderá, mas dependerá de aprovação dos acionistas minoritários, que certamente preferem o pirão à farinha.

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