Entidades de municípios do Litoral do Paraná estão se mobilizando para expor o que classificam como “abandono” da região na baixa temporada. No começo desta semana, moradores de Matinhos fizeram uma manifestação para cobrar políticas públicas do governo estadual, principalmente no que diz respeito à segurança pública. Instituição das outras cidades também reivindicam ações perenes, que potencializem o desenvolvimento da região além do período do verão.
“Chega a Quarta-feira de Cinzas, o governo apaga a luz, vai embora [do Litoral] e só volta em dezembro, na temporada seguinte. Para o governo, nós simplesmente não existimos durante nove meses”, disse o presidente do Conselho de Segurança (Conseg) de Matinhos, Edmilson Ribas.
Algumas das reivindicações são coletivas às cidades de Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná e dizem respeito a serviços públicos. Entre elas, está a construção de um hospital regional que atenda casos de grande complexidade e a implantação de uma companhia da Polícia Militar (PM), que atenda exclusivamente os três municípios. A comunidade cobra ações efetivas no combate ao tráfico de drogas, a que estariam vinculados furtos e roubos.
Comunidade cobra ponte Guaratuba-Matinhos
Moradores do Litoral do Paraná cobram que o governo do Paraná atenda a uma reivindicação da comunidade que remonta à década de 1970: a construção de uma ponte, ligando Guaratuba a Matinhos. A obra chegou a ser incluída na Constituição Estadual em 1989, mas nunca chegou a sair do papel. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) lançou editais para executar o projeto - o mais recente deles previa que a ponte seria concluída em 2015. Com o “sonho da ponte” sempre postergado, a população planeja ampliar as reivindicações.
Hoje, a travessia entre as duas cidades é feita via ferry-boat. Segundo os moradores, a pont reduziria o tempo gasto no trajeto e essa facilidade no deslocamento poderia ser decisiva para aumentar a integração entre os municípios. “É uma obra que poderia nos retirar do isolamento”, definiu o presidente da Associação Comercial e Industrial de Guaratuba, Luiz Antonio Michaliszyn Filho.
“A manifestação vai ser uma última tentativa de chamar a atenção, porque a gente perdeu a paciência mesmo”, disse o cabeleireiro Eli Martins, um dos organizadores da manifestação realizada em Matinhos. “Por falta de efetivo, quando a gente chama a polícia, a viatura só consegue chegar duas horas depois. O nosso hospital é praticamente um posto de saúde. Estamos às moscas”, definiu.
Além das questões estruturais, a comunidade reclama da falta de uma política pública que explore a vocação turística da região. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Guaratuba (ACIG), Luiz Antonio Michaliszyn Filho, diz que mesmo os eventos que são realizados fora da temporada são de iniciativa da própria comunidade, como a Festa do Divino do município, organizada pela Igreja Católica. Na avaliação dele, faltam incentivos para que ocorram mais ações como essa, que dariam “um respiro” para o comércio local.
“Não se fez sequer um diagnóstico econômico da região, para o período fora da temporada. E a baixa temporada é justamente o período em que mais precisamos de ações para manter a cidade girando”, apontou Michaliszyn Filho.
As entidades do Litoral defendem também a instituição de um calendário e roteiro turístico que integre as três cidades, como forma de fomentar visitas à região fora do verão. “Nós temos, aqui, uma séria de locais e de pontos que poderiam ser explorados, mas precisaríamos desse apoio, que se olhasse pra cá”, disse o presidente da ACIG.
“Oportunismo”
O prefeito de Guaratuba, Roberto Justus (DEM), classificou a mobilização das entidades como “oportunismo” e disse que a prefeitura não deve participar da série de manifestações. Ele afirma que as entidades foram tomadas por partidos políticos e avalia que o governo do estado, do qual é aliado, não teria responsabilidade pela estagnação da região. De acordo com a análise do prefeito, a saída seria o “empreendedorismo”.
“A gente precisa em Guaratuba é de empreendedores, pra fazer deslanchar essa indústria fantástica, que é o turismo. Até que ponto o governo pode ser responsável por não termos empreendedores aqui? Se não temos [empreendedores], temos que atraí-los”, disse.
Justus apontou ainda que as entidades deveriam optar pelo diálogo, antes de partir para a manifestação. “Precisamos é trabalhar a autoestima desses empresários que estão dispostos a bater panela, para que a gente possa receber pessoas”, afirmou o prefeito.
A Gazeta do Povo enviou um pedido de entrevista ao prefeito de Matinhos, Ruy Hauer (PR), mas não houve retorno.
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