Além de gerar receitas constantes, as empresas controladas pelo governo do Paraná também geram dividendos políticos de valor incalculável. A Sanepar e a Copel são figurinhas carimbadas em anúncio de investimentos feitos pelo governador Beto Richa (PSDB) e sua equipe, principalmente a companhia de saneamento. Ela ainda não está “blindada” pela Lei das Estatais, que tenta barrar as indicações políticas nos cargos de comando e entrou em vigor em julho deste ano. A diretoria atual foi escolhida em 2016, e por isso a Sanepar só aplicará as novas regras em 2018. O presidente da Sanepar, Mounir Chaowiche, teria pretensões de concorrer a deputado federal nas próximas eleições.
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As informações divulgadas pelo governo não mencionam que ambas as empresas praticaram aumento de tarifas acima da inflação – o que vem permitindo a realização de obras e outros projetos. Entre 2011 e 2017, a Sanepar elevou a tarifa de água em 124%. No mesmo período, a inflação acumulada é de 48%. Em 2017, a tarifa cobrada pela Copel subiu 6,09% para clientes residenciais, contra uma inflação de 3,6%. O setor energético tem constantemente elevado os preços. Segundo cálculos do consultor Ivo Pugnaloni, a tarifa residencial subiu em torno de 450% no Brasil desde 2001 (sem os impostos), contra uma inflação de 150%.
Para o deputado estadual Tadeu Veneri (PT), as empresas fazem investimentos, mas direcionadas ao lucro, e não às demandas dos paranaenses. Ele observa que a Copel tem feito grandes investimentos fora do estado, e que o dinheiro obtido com a venda de ações da Sanepar não é bem aplicado. “Qual a grande obra rodoviária que temos?”, questiona. Ele ainda critica o uso das duas empresas como “braços de publicidade” do governo com fins político-eleitorais.
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Luiz Claudio Romanelli (PSB), líder do governo na Assembleia, afirma que a oposição faz declarações “em tom catastrófico”, que não têm se concretizado. Há muitas pessoas que gostariam que o estado estivesse mal, que não estivéssemos conseguindo pagar fornecedores em dia, pagar o salário em dia. Mas estamos, e as companhias estão aí, com absoluta transparência e boa gestão”, afirma. O deputado reiterou que o governo e as companhias fazem investimento em todo o estado e que não se busca, com isso, notícias positivas. “A vantagem de controlarmos as empresas não é de gerar notícia. A vantagem é de termos uma empresa pública, que busca a efetividade na prestação do serviço público”.
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