“Estou absolutamente tranquilo”, disse nesta terça-feira (30) o governador Beto Richa (PSDB) sobre a convocação, pela Polícia Federal (PF), de três de seus assessores para que prestem depoimento dentro das investigações da Operação Quadro Negro, que apura desvios estimados em até R$ 20 milhões em obras de escolas no Paraná. Ao todo, 17 pessoas serão ouvidas pela corporação a partir deste semana, segundo informações do Paraná TV 2ª edição, da RPC.
Entre os que foram ou serão intimados a prestar depoimento estão Deonilson Roldo, secretário de Comunicação e chefe de gabinete do governador Beto Richa (PSDB); Ezequias Moreira, secretário especial de Cerimonial e Relações Internacionais, e Ricardo Rached, assessor da governadoria.
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“Conversei com todos eles e estão absolutamente tranquilos”, afirmou o governador. “Não estão sendo investigados, foram convidados para depor para dar alguma contribuição e todos nós estamos à disposição da Justiça”, disse, em entrevista à imprensa no Palácio do Iguaçu, onde distribuiu R$ 122 milhões às prefeituras do estado a partir de arrecadação extra do ICMS. Para Richa, o maior interessado no andamento das investigações é o próprio governo, e lembrou que as primeiras investigações sobre o caso aconteceram na sua gestão.
Os depoimentos serão prestados dentro do inquérito que apura os desvios identificados pela operação no Supremo Tribunal Federal (STF). Essa parte da investigação tramita na Corte por causa do possível envolvimento de políticos com foro privilegiado no esquema.
A Quadro Negro
Deflagrada em julho de 2015, a Quadro Negro começou a partir de investigação deflagrada pela Polícia Civil. Posteriormente, com o aprofundamento das apurações e com indícios de participação de servidores do governo estadual, o caso passou a ser investigado por dois grupos ligados ao MP-PR: o Gepatria e o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Até então, os trabalhos se concentraram nos contratos da Secretaria de Estado da Educação com a Valor Construtora. De acordo com as investigações, mais de R$ 20 milhões foram desviados das obras de escolas estaduais, por meio do esquema. O dono da construtora, Eduardo Lopes de Souza, fechou colaboração premiada, em que apontou que o dinheiro abastecia a campanha de reeleição do governador Beto Richa (PSDB).
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O delator destacou que o então superintendente de Educação, Maurício Fanini, esperava arrecadar R$ 32 milhões com os desvios relacionados à Valor. Além disso, Lopes de Souza apontou envolvimento da cúpula do governo estadual no esquema: o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB) e do deputados Ademar Traiano (PSDB) e Plauto Miró (DEM). Todos negam as acusações e desqualificam a palavra do delator.
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