Fábio Dallazem, ex-assessor do governador Beto Richa (PSDB) e atual diretor da Copel, prestou depoimento na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, em desdobramento da Operação Quadro Negro – que apura um desvio de mais de R$ 20 milhões de recursos que seriam destinados a obras em escolas estaduais.
Dallazem compareceu à PF às 9h08 – com um ligeiro atraso, já que o início da tomada de declaração estava marcado para às 9h. O ex-assessor do gabinete do governador chegou à Polícia Federal sozinho, sem o advogado - que já o esperava do lado de dentro do prédio. Questionado pela imprensa sobre os motivos pelos quais havia sido convocado, ele apenas disse: “eu não tenho nada a dizer pra vocês”. Dallazem deixou a sede da PF por volta das 9h50 e, confirme tinha indicado, saiu sem falar com a reportagem.
Dallazem havia sido citado na delação premiada de Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor. As revelações do delator causaram impacto direto na cúpula do governo: Lopes de Souza afirmou que o esquema de desvios abasteceu a campanha de reeleição do governador Beto Richa. A delação envolveu ainda o atual secretário da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB), o atual presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB), e o deputado Plauto Miró (DEM). Todos os políticos citados negam relação com o caso.
Nesta sexta-feira (2) à tarde o ex-secretário Luiz Eduardo Sebastiani presta depoimento na PF.
Depoimentos anteriores
Outros assessores e secretários próximos ao governador prestaram depoimento à PF na quinta-feira (1). Pela manhã de quinta, foram ouvidos o secretário Especial de Cerimonial e Relações Internacionais, Ezequias Moreira, e assessores de Valdir Rossoni (PSDB), secretário-chefe da Casa Civil do governo Richa.
À tarde, o secretário Deonilson Roldo, o secretário da Saúde, Michele Caputo Neto, e o assessor da governadoria Ricardo Rached prestaram depoimento.
A operação
Deflagrada em 2015, a Operação Quadro Negro apura um esquema de desvio de dinheiro público de obras de reforma e construção de escolas estaduais do Paraná. As investigações do Ministério Público (MP-PR) estimam que o núcleo de corrupção tenha causado um prejuízo superior a R$ 20 milhões aos cofres públicos.
O rombo seria ainda maior: segundo a delação de Eduardo Lopes de Souza, o objetivo seria arrecadar R$ 32 milhões à campanha de reeleição do governador Beto Richa, que nega irregularidades.