Carro em que estava Beto Richa na entrada do Gaeco.| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

O ex-governador do Paraná e candidato ao Senado Beto Richa (PSDB) foi preso na manhã desta terça-feira (11), em sua casa, no bairro Mossunguê, em Curitiba, no âmbito da Operação Rádio Patrulha, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná (MP-PR) . A esposa dele, Fernanda Richa (PSDB), também foi presa. Ambos foram alvo de mandados de prisão temporária, de cinco dias. Veja aqui a lista completa de quem foi preso.

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A prisão está relacionada a supostas fraudes no programa Patrulha do Campo.  Segundo o Gaeco, a operação apura direcionamento de licitação para beneficiar empresários e o pagamento de propina a agentes públicos, além de lavagem de dinheiro, entre 2012 e 2014.

No começo da tarde, Richa e os demais presos pelo Gaeco participaram de uma audiência de custódia. As prisões foram mantidas e os investigados presos em Curitiba seguiram direto para o Complexo Médico Penal, em Pinhais, onde cumprem penas os condenados da Operação Lava Jato e de escândalos estaduais como a Quadro Negro e Diários Secretos.

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O Gaeco também pediu a prisão temporária de outros quatro ex-secretários de Beto Richa: Pepe Richa, ex-secretário de Infraestrutura e Logística e irmão de Beto Richa; Deonilson Roldo, ex-secretário de Comunicação Social; Ezequias Moreira, ex-secretário de Cerimonial e Relações Exteriores; e Edson Casagrande, ex-secretário de Assuntos Estratégicos.

Também foram alvos de mandados de prisão Luiz Abi, primo de Beto Richa e pivô da Operação Publicano; o empresário Joel Malucelli; e o advogado Túlio Bandeira, que chegou a ser candidato a governador do Paraná nas eleições de 2014 pelo PTC. Os demais nomes são: Aldair Petry, Dirceu Pupo, Celso Frare, Emerson Cavanhago, Robinson Cavanhago e André Felipe Bandeira.

O Gaeco foi autorizado pelo juiz Fernando Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, a cumprir 15 mandados de prisão e 26 de busca e apreensão nas cidades de Curitiba, Londrina, Santo Antônio do Sudoeste e Nova Prata do Iguaçu. Doze mandados de prisão já foram cumpridos.

Operação Lava Jato

Simultaneamente, a residência do ex-governador também foi alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal (PF), na deflagração da 53ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Piloto”. Este era o codinome atribuído a Richa na planilha de propinas do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira Odebrecht. Segundo os órgãos, as operações correlatas, com alvos semelhantes e na mesma data, foram apenas coincidência.

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Policiais federais e agentes do Gaeco chegaram no apartamento de Beto e Fernanda Richa às 6h. Ele mora na cobertura do Edifício Lumière, na rápida do Campo Comprido. Os policiais também inspecionaram os carros do casa. Três advogados da família Richa entraram no prédio pouco depois do início das buscas. 

Movimentação na frente da casa de Beto Richa. 

Beto e Fernanda foram levados para o Gaeco, no bairro Ahú, onde chegaram por volta das 9h25. Os policiais também levaram malotes de documentos. Pelo menos cinco carros do Gaeco, MPF e PF estiveram na ação.

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Policiais federais ainda fizeram buscas no Palácio Iguaçu, na esteira da investigação da Lava Jato. O juiz Sério Moro escreveu no despacho que a busca teve “exclusivo fim de obter cópia dos registros de entrada no edifício e nos gabinetes dos investigados Deonilson Roldo, Carlos Alberto Richa, José Richa Filho e Ezequias Moreira Rodrigues no período dos fatos entre 01/01/2014 a 31/12/2014”. Segundo o governo, as buscas no Palácio ocorreram devido a “agendas de entrada e saída de 2014”.

Policiais com documentos na chegada do Gaeco. 

Um dos mandados de busca da 53º fase da Lava Jato também foi cumprido no DER-PR. Policiais federais fizeram um levantamento no sistema de acesso de pessoal do órgão, para averiguar o passo a passo de Nelson Leal Jr., ex-diretor do órgão e colaborador da Justiça, e Pepe Richa, ex-secretário de Infraestrutura. Agentes do Gaeco também estiveram no órgão mais cedo.

Policiais federais estiveram no DER. 

A Celepar, no Bom Retiro, também foi alvo da Lava Jato. No local, os policiais coletaram registros de e-mails de Beto Richa, Pepe Richa, Ezequias Moreira e Deonilson Roldo enquanto exerciam os cargos no Executivo.

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Fase da Lava Jato investiga corrupção no governo do Paraná

Deonilson Roldo também está entre os presos da 53.ª fase da Lava Jato.  Outro nome próximo de Beto Richa, também alvo da prisão, é o empresário Jorge Atherino. Eles devem ficar na Superintendência da PF na capital do Paraná. Veja aqui a lista completa dos presos.

Nesta fase da Lava Jato a Polícia Federal cumpriu no total 36 ordens judiciais em Salvador, São Paulo, Lupianópolis (PR), Colombo (PR) e Curitiba. 

Força-tarefa da Lava Jato concedeu entrevista e deu detalhes sobre a operação, 

O objetivo da investigação é a apuração de suposto pagamento milionário de vantagem indevida no ano de 2014, pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, em favor de agentes públicos e privados no Paraná, em contrapartida ao possível direcionamento do processo licitatório para investimento na duplicação, manutenção e operação da rodovia estadual PR-323 na modalidade parceria público-privada. 

Segundo o Ministério Público Federal, a corrupção foi ajustada em três reuniões entre Roldo e representantes da empreiteira. As evidências mostraram que, no final de janeiro de 2014, executivos da Odebrecht procuraram o então chefe de gabinete do governador e solicitaram apoio para afastar eventuais concorrentes interessados na licitação da parceria público-privada (PPP) para exploração e duplicação da PR-323.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Outro lado

A defesa do ex-governador Beto Richa informa que não há razão para o procedimento desta terça (11), especialmente em período eleitoral, segundo a advogada Antônia Lélia Neves Sanches. Ela completa que Richa está sereno e sempre esteve à disposição para esclarecimentos. De acordo com a advogada, não há vedação de prisão por conta do período eleitoral, “mas há oportunismo”. A defesa diz que irá ingressar com habeas corpus ainda nesta terça (11).

O DER, responsável pelas obras do Patrulha do Campo, comunicou que o programa foi criado em março de 2013 e encerrado em julho de 2015. A nota trouxe ainda que “por determinação da governadora Cida Borghetti”, o DER está colaborando com as operações do Gaeco e Lava Jato.

Vice-governadora na última gestão de Richa, Cida Borghetti se defendeu. Também por meio de nota, disse que “não participou de qualquer dos fatos que estão sendo alvos de operação policial nesta terça-feira”. No texto, ressaltou ainda a demissão de Deonilson Roldo logo após um áudio revelar a ligação dele com um esquema de fraude na licitação da BR-323 que beneficiou a Odebrecht, bem como a extinção da secretaria especial que era ocupada por Ezequeias Moreira. E termina: “Confio que a Justiça será feita”, afirma.

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Sobre a operação Lava Jato, a defesa de Deonilson Roldo disse que ainda não teve acesso aos detalhes da investigação encabeçada pelo Gaeco no âmbito da Paraná Patrulha do Campo, mas que sabe que o segundo mandado – da Lava Jato, sobre as irregularidades da licitação para a BR-323 – pediu prisão preventiva do ex-secretário de Richa.

O advogado Roberto Brzezinski Neto falou que Roldo “está abalado” e que a prisão foi desnecessária, uma vez que Roldo já tinha se colocado à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. “O que me chama a atenção é que logo depois que a imprensa divulgou um pretenso áudio entre ele e um empresário, nós fizemos uma petição ao juiz se colocando a disposição para prestar esclarecimentos. Ele jamais foi intimado para qualquer manifestação. Me parece que a prisão dele, nesse momento, não se fazia necessária”, disse. 

A defesa de Luiz Abi Antoun disse que não irá se manifestar.

A reportagem ligou para o escritório do advogado de Ezequias Moreira, mas não conseguiu contato direto com o profissional. Uma pessoa da equipe do escritório avisou que entraria em contato com o advogado, mas a reportagem ainda não teve retorno.

Já o advogado Gustavo Alberine Pereira disse que ainda não conversou o suficiente com seu cliente, o contador Dirceu Pupo, e que também não teve acesso aos detalhes das investigações .

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A reportagem não conseguiu localizar os demais advogados.