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Estrutura é considerada antiquada no trecho de Serra do Mar. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Estrutura é considerada antiquada no trecho de Serra do Mar.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

O tom dos textos evidencia um acirramento de ânimos: em notas enviadas à Gazeta do Povo, Ferroeste e Rumo Logística apresentam acusações e divergem sobre a necessidade de um novo ramal ferroviário entre Guarapuava e Paranaguá – projeto que será apresentado na manhã desta terça-feira (28) a empresários em São Paulo. Para tentar aumentar a quantidade de cargas levadas até o Porto de Paranaguá por trem – que atualmente está em 18% do volume transportando – o governo estadual pretende convencer a iniciativa privada a investir em um estudo de viabilidade para a construção de uma ferrovia paralela à BR-277.

A Ferroeste – empresa estatal que atua entre Cascavel e Guarapuava – argumenta que está impedida de transportar mais por causa da existência de dois grandes gargalos no trecho administrado pela Rumo: entre Guarapuava e Ponta Grossa, que estaria com 100% de sua capacidade operacional utilizada, e a descida da Serra do Mar, com 91% da capacidade tomada. A empresa estatal alega que nem mesmo o contrato de operações mútuas, firmado entre as duas empresas, estaria sendo cumprido. Menos da metade do volume combinado teria efetivamente sido transportado.

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A Rumo reconhece apenas a restrição de capacidade no trecho Guarapuava-Ponta Grossa. Além disso, diz que o projeto da construção de uma ferrovia ao lado de uma já existente se mostra inviável. A empresa afirma que tem um plano de expansão da malha, que permitirá atender toda a demanda do Paraná com prazo e custos menores. A Rumo alega que modernizou a operação e que mais investimentos bilionários estão previstos e que houve crescimento de 60% no volume de grãos transportado até o Porto de Paranaguá nos três primeiros trimestres de 2017 em comparação com o mesmo período de 2016. A concessionária ainda diz que os problemas estão concentrados entre Cascavel e Guarapuava, no trecho da Ferroeste, que mantém uma frota de locomotivas e vagões obsoleta, inviabilizando o atendimento da demanda da região. Em resposta, a empresa estatal admitiu que o maquinário é realmente mais velho que o usado pela Rumo, mas que é suficiente para a operação e que os problemas não estão relacionados à idade da frota.

O presidente da Ferroeste, João Araújo, nega que uma guerra esteja sendo travada pelas duas empresas. Ele conta que a Rumo foi chamada para participar de duas reuniões sobre o projeto de uma nova ferrovia e sempre apresentou dados contestando a obra. Contudo, o entendimento do governo estadual é de que a deficiência no atendimento ferroviário está prejudicando a economia do estado. Até a publicação desta reportagem, a Rumo não havia comentado a afirmação.

O projeto

Com o objetivo de diminuir o trânsito de caminhões nas rodovias e também o valor do frete no transporte de cargas, o governo do Paraná busca empresas interessadas em fazer o estudo técnico, econômico e ambiental para fazer dois ramais ferroviários: um de Dourados (MS) a Cascavel e outro de Guarapuava a Paranaguá. No meio dos dois trechos há a linha férrea operada pela Ferroeste. A construção de mil quilômetros de linha férrea é estimada em de R$ 10 bilhões. De Guarapuava a Paranaguá, a nova ferrovia seria uma concorrência para a concessionária Rumo, que tem direito de operar o trecho até 2027.

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