Mais uma reconstituição do acidente do ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, que matou os jovens Gilmar Rafael Souza Yared e Carlos Murilo de Almeida, em 2009, ocorreu na tarde e noite desta quinta-feira (12), no bairro Mossunguê, em Curitiba. Mais uma, porque outras duas já aconteceram desde o acidente. No entanto, as anteriores foram para embasar o processo criminal por homicídio que Carli responde. Esta última embasa o processo cível, em que a família de uma das vítimas pede indenização ao ex-deputado.
A reconstituição foi solicitada pela defesa de Carli Filho, que não falou com a imprensa no local. Quem esclareceu os procedimentos foi o advogado da família Yared, André Portugal Cezar.
“Para nós não ficou claro o motivo pelo qual os advogados de defesa pediram a reconstituição. Entendo que ela é totalmente desnecessária, já que bastaria apenas utilizar a reconstituição que está no processo criminal. E, na verdade, o perito designado pela juíza não está fazendo nada diferente disto aqui. Está apenas pegando o conteúdo do laudo do Instituto de Criminalística, da reconstituição anterior, e confirmando o conteúdo dele. Isso aqui é um gasto de dinheiro público desnecessário. Olhe o tamanho do bloqueio de trânsito, quantos policiais gastos nesta operação”, lamentou o advogado.
A primeira parte da reconstituição iniciou às 15h. Neste momento, foram feitas diversas marcações no asfalto, utilizando-se veículos parecidos e pessoas com peso e altura aproximados dos envolvidos no acidente. Repetiu-se parte da dinâmica do impacto e os bombeiros mostraram como desmontaram os carros e socorreram as vítimas. “Um dos bombeiros mostrou ali que, num primeiro momento, eles não perceberam que tinha uma segunda vítima (Carlos Murilo) no carro, pois ele estava debaixo de destroços”, comentou André.
Noite
Pouco depois das 17h, esta primeira etapa da reconstituição se encerrou e o trânsito foi liberado. Às 20h, o trânsito foi bloqueado novamente, para que a segunda etapa tivesse continuidade. Neste momento, o objetivo era verificar se ambos os motoristas (Carli Filho e Gilmar Yared) tinham visibilidade dos faróis do carro um do outro.
Neste processo cível, não é apenas o ex-deputado que é réu, mas sim várias pessoas de sua família. Isso porque, explica André, a arma do crime (o carro) usada por Carli Filho estava em nome de pessoa jurídica (uma empresa de petróleo de Guarapuava) pertencente à família dele. Por isso, várias pessoas respondem como rés.
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Relembre o caso
O acidente ocorreu no início da madrugada do dia 7 de maio de 2009. Carli Filho teria passado a noite bebendo com amigos em um restaurante e saiu de lá dirigindo embriagado. Ele seguia pela Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi, quando, na esquina da Rua Paulo Gorski, bateu o Passat que conduzia na traseira do Fit de Gilmar Yared, que levava no banco do carona o amigo Carlos Murilo. No momento do impacto, o Passat havia “voado” do asfalto e já estaria a cerca de meio metro do chão. O Fit foi empurrado muitos metros à frente e os jovens que estavam nele morreram na hora.
No hospital, um exame de sangue, necessário para os procedimentos médicos para salvar a vida de Carli Filho, apontou que ele tinha alto índice de álcool no sangue. No entanto, a prova acabou não sendo aceita nos autos. A partir disso, uma enorme briga judicial se formou, com a defesa de Carli Filho tentando adiar o máximo possível seu júri popular. Esta última reconstituição, na visão do advogado André Portugal, pode ser mais uma destas manobras. No entanto, todos os recursos interpostos pela defesa do ex-deputado já foram julgados e o júri deve estar próximo de ser marcado.
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