O secretário de Segurança Pública do Paraná, general Luiz Felipe Carbonell, se reuniu na quarta-feira (13) com os deputados estaduais. O encontro, que ocorreu no Palácio Iguaçu, teve como objetivo apresentar aos parlamentares o que a pasta tem desenvolvido nesses primeiros meses de gestão e as metas para o mandato, além de colher sugestões para a política de segurança estadual.
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Antes da reunião, o secretário falou rapidamente à Gazeta do Povo sobre alguns dos principais problemas relacionados à segurança pública paranaense. Leia a entrevista:
Gazeta do Povo: Quais são as principais ações já realizadas e as metas que o senhor irá apresentar aos deputados?
General Carbonell: Eu não gosto de me ater a números. São apenas dois meses, um prazo muito curto para fazermos estatísticas sólidas. Sobre resultados práticos, sabemos que a Operação Verão, que se encerra na quinta-feira, resultou em diminuição expressiva do índice de homicídios e teve apoio importante da sociedade.
Sobre as metas, o grande projeto que temos de longo prazo é a Cidade da Polícia [estrutura que unificaria áreas de planejamento e inteligência do estado]. É uma determinação do governador, e já estamos trabalhando no projeto. Acredito que em duas semanas começamos a materializar essa proposta. Em termos de pessoal, o grande objetivo da secretaria é a recuperação do efetivo das nossas polícias, que estão realmente muito depreciadas.
Sabemos que um dos pontos mais críticos no que diz respeito à segurança pública no estado é o sistema penitenciário. Em novembro, o governo falava em 11.200 presos em carceragens de delegacias. Para enfrentar a questão, a gestão de Beto Richa (PSDB) e Cida Borghetti (PP) prometeu 14 novas unidades prisionais, mas elas não foram entregues. Há previsão para construção dessas unidades? Como a secretaria irá enfrentar o problema da superlotação?
O problema penitenciário é realmente muito grave. Todos nós sabemos que é algo crítico no estado, mas é um problema de difícil solução. Não existe mágica. Estamos trabalhando todos os dias para que possamos, inicialmente, distensionar o sistema. Nós não temos como arranjar um maior número de vagas de um dia para o outro. Por isso, vamos fazer um manejo para ir desafogando aos poucos. É um trabalho diário para darmos melhor condições às pessoas que estão no nosso sistema penitenciário e nas delegacias – lugares que nem deveriam ter presos.
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Sobre os novos presídios, eu não prometo nada. Nós estamos trabalhando nisso, mas também em opções que sejam de médio prazo, porque a construção de um presídio leva mais ou menos um ano e meio. Não tem como fazer em menos tempo porque existe toda uma burocracia que tem que ser cumprida. Estamos buscando alternativas para que possamos abrir vagas no sistema penitenciário em aproximadamente oito ou nove meses.
Quais são essas alternativas de médio prazo?
São instalações baseadas em shelters, que são celas modulares e, por isso, levam menos tempo para serem construídas. A questão é que elas têm que ser montadas dentro do sistema penitenciário. Não posso colocá-las em um terreno isolado. Isso já foi acertado dentro do sistema, definindo quais são os complexos que podem receber esse tipo de estrutura. Estamos, agora, na burocracia para podermos fazer as licitações.
Ainda falando de heranças da gestão anterior, uma das políticas implementadas pelo governo Richa foi o Programa Paraná Seguro, que incluiu estruturas inspiradas nas Unidades de Polícia Pacificadora do Rio de Janeiro. O governo pretende recuperar essas unidades ou investir em novas?
Nós trabalhamos olhando para frente, não pelo espelho retrovisor. Obviamente, vamos aproveitar tudo aquilo que já está sendo desenvolvido e que tem bom resultado. Como tivemos só dois meses de gestão, ainda estamos executando um diagnóstico, ponto por ponto. O sistema de unidades Paraná Seguro já está sendo avaliado para que possamos aproveitar aquilo que deu certo e reestruturar o que é necessário.
E no caso da fronteira, já há um plano de segurança pública definido?
Precisamos ter cuidado no tratamento da segurança na fronteira, porque temos que ter bem claro o que é de responsabilidade das polícias e das forças de segurança do Paraná e o que é atribuição das outras polícias e das Forças Armadas. Não podemos entrar em uma responsabilidade constitucional que não é nossa. Nesta quinta-feira (14) haverá uma reunião para tratarmos desse tema. Vamos definir como estruturar a Polícia Militar para atender aos crimes de contrabando e até mesmo auxiliar nos crimes transfronteiriços. Já fizemos uma reunião com o Exército para podermos integrar as ações com as Forças Armadas.
Para terminar, aproveitando a ocasião do Dia Internacional da Mulher, quais serão as estratégias do governo do Paraná para combater os feminicídios e demais tipos de violência contra a mulher?
Nós estamos trabalhando para reestruturar todo o sistema e dar a prioridade que esse tema requer. Temos muitas coisas a melhorar, muito a trabalhar nas delegacias da mulher. Também temos problemas nas estatísticas relacionadas ao feminicídio, que ainda não são plenamente confiáveis, porque há pouco tempo esse tipo de crime ainda era tratado como um homicídio comum.
Uma das estratégias é concentrar em um único ponto tudo aquilo que atinge nossas mulheres, tanto de bom quanto de ruim. Foi o que fizemos levando a delegacia da mulher de Curitiba para dentro da Casa da Mulher Brasileira. Queremos interligar as ações, porque um caso precisa ser atendido de uma forma do ponto de vista policial e de outra na perspectiva social. Com essa experiência poderemos aprender o que precisamos aprimorar.
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